Os melhores e piores investimentos de setembro
Sinais de melhora da atividade econômica ajudaram a renda variável no período, enquanto a renda fixa sofreu com a queda da Selic
Anderson Figo
Publicado em 29 de setembro de 2017 às 19h45.
Última atualização em 29 de setembro de 2017 às 19h50.
São Paulo — Sinais de melhora da atividade econômica deram fôlego ao mercado de renda variável em setembro, e o principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa , subiu 4,88% no período. Na esteira desse movimento, os fundos de ações tiveram altas de mais de 3% no mês e encabeçaram o ranking de investimentos de EXAME.com.
Na ponta oposta, os fundos de renda fixa e os títulos públicos atrelados à taxa básica de juros tiveram os piores desempenhos em setembro. A queda ocorreu na esteira do ciclo de corte da Selic , que recuou para 8,25% ao ano no início deste mês.
Os fundos de renda fixa simples tiveram leve alta de 0,44% em setembro. Já o Tesouro Selic com vencimento em 2023, título público que acompanha a taxa básica de juros e que é vendido pela plataforma Tesouro Direto , subiu 0,49% no período.
A poupança também sofreu com a mudança no patamar do juro básico, o que, inclusive, alterou a forma de remuneração da caderneta. Enquanto isso, os fundos cambiais subiram 0,89% no mês, refletindo o salto de 0,64% do dólar no período. No trimestre, no entanto, o dólar cedeu 4,38%, o maior recuo trimestral desde o período de abril a junho de 2016 (queda de 10,65%).
Planejadores financeiros indicam a aplicação em fundos cambiais apenas para pessoas que precisam se proteger da oscilação de moedas estrangeiras. É o caso, por exemplo, de quem vai viajar ao exterior.
Fora dessa circunstância, esse investimento não é recomendado aos pequenos investidores, uma vez que a taxa de câmbio varia muito. Em todos os casos, a orientação é sempre lembrar que a rentabilidade passada não significa garantia de rendimento futuro.
É importante mencionar que o ranking de investimentos considera a rentabilidade bruta das aplicações no mês e em 2017, sem descontar Imposto de Renda . Em aplicações em fundos de ações, há IR de 15%.
Nos fundos de curto prazo, a alíquota é de 22,50% para resgates em até 180 dias e de 20% para resgates depois de 180 dias. Nas demais categorias de fundos (longo prazo), a tributação segue tabela regressiva, em que a alíquota varia entre 15% e 22,5%, conforme o prazo de vencimento.
Os títulos públicos também são tributados pela tabela regressiva de IR. Veja o passo a passo para investir no Tesouro Direto e como escolher a corretora. A poupança não tem cobrança de Imposto de Renda e a aplicação em ouro também é isenta de IR até 20 mil reais.
Confira o ranking de investimentos de setembro:
Investimento | Desempenho em setembro | Desempenho em 2017 |
---|---|---|
Fundos de Ações Indexados* | 4,92% | 24,07% |
Fundos de Ações Livre* | 4,54% | 25,19% |
Fundo de Ações Dividendos* | 3,82% | 22,05% |
Fundos de Ações Small Caps* | 3,72% | 39,27% |
Fundos de Ações Investimento no Exterior* | 3,38% | 18,81% |
Tesouro Prefixado 2021 (LTN) | 1,86% | 16,31% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2050 (NTN-B) | 1,70% | 14,91% |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2021 (NTN-F) | 1,64% | 14,99% |
Tesouro IPCA+ 2035 (NTN-B Principal) | 1,51% | 16,66% |
Fundos Multimercados Livre* | 1,36% | 12,18% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035 (NTN-B) | 1,25% | 14,01% |
Fundos Multimercados Investimento no Exterior* | 1,24% | 9,20% |
Fundos Renda Fixa Indexados* | 1,24% | 11,11% |
Fundos Cambiais* | 0,89% | -0,79% |
Tesouro IPCA+ 2019 (NTN-B Principal) | 0,85% | 10,70% |
Ouro BM&F | 0,83% | 12,04% |
Fundos de Renda Fixa Investimento no Exterior* | 0,79% | 8,53% |
Tesouro Prefixado 2018 (LTN) | 0,72% | 9,36% |
Tesouro Selic 2021 (LFT) | 0,57% | 8,02% |
Poupança** | 0,50% | 4,69% |
Tesouro Selic 2023 (LFT) | 0,49% | - |
Fundos Renda Fixa Simples* | 0,44% | 6,94% |
Referências:
Investimento | Desempenho em setembro | Desempenho em 2017 |
---|---|---|
Ibovespa | 4,88% | 23,35% |
Selic*** | 0,71% | 8,06% |
CDI*** | 0,71% | 8,01% |
Dólar comercial | 0,64% | -2,53% |
IPCA**** | 0,12% | 2,97% |
*Até 26 de setembro, dado mais atual disponível na Anbima.
**Até 28 de setembro.
***O desempenho mensal se refere aos últimos 30 dias até a data de fechamento.
****Projeção do Boletim Focus do Banco Central.
Fontes: Anbima, BM&FBovespa, Thomson Reuters, Banco Central do Brasil e Tesouro Nacional.
Avaliação
Para o economista Ignacio Rey, da Guide Investimentos, os sinais de melhora da atividade econômica brasileira têm impulsionado o Ibovespa. “As perspectivas são positivas para o crescimento do PIB, que deve continuar subindo, puxado pelo consumo”, diz. “Tem um fator que colabora para isso, que é a quantidade maior de dinheiro na economia, com a liberação do FGTS inativo, por exemplo.”
A redução dos juros pelo Banco Central também apoia a retomada do crescimento, segundo o economista. “O BC tem colaborado para o cenário mais positivo. Além disso, algumas decisões do governo, como as privatizações de companhias, ajudam a trazer capital de estrangeiros para o país e, consequentemente, colaboram para a retomada da atividade.”
Para os próximos meses, o economista ressalta que o cenário segue favorável, não apenas por causa do quadro doméstico mais otimista, mas também porque o exterior tem colaborado. “As Bolsas lá fora estão subindo, a inflação segue baixa, o que permite que os bancos centrais mantenham uma postura expansionista. Apesar de os juros estarem subindo nos EUA, esse processo tem sido feito de uma forma bem gradual e lenta”, afirma.
Dólar e Renda Fixa
Em relação ao câmbio, o economista-chefe do Banco Fibra Cristiano Oliveira destacou que a leve alta do dólar sobre o real em setembro seguiu uma tendência global. "A maior parte das moedas perdeu valor com relação ao dólar americano em setembro. O 'speech hawkish' de alguns membros do Fomc e a percepção de provável aceleração do crescimento da economia com a aprovação do corte de impostos nos EUA estão por trás da recente alta da cotação da moeda."
Já o desempenho da renda fixa no mês de setembro, segundo Ignacio Rey, da Guide, é um reflexo natural da queda da Selic. “Com o ciclo de corte do juro básico, é natural que as aplicações de renda fixa tenham uma rentabilidade menor. Isso deve continuar no médio prazo. Por isso, a avaliação é de que o investidor deve destinar pelo menos uma parte de seus investimentos a ativos de maior risco, mas que têm uma perspectiva de rentabilidade mais elevada neste momento, como o mercado de ações ou os fundos multimercados.”