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As 6 maiores bobagens que você faz com dinheiro antes dos 30

Saiba quais são os equívocos financeiros que é melhor você não cometer se ainda tiver tempo

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de setembro de 2014 às 18h49.

São Paulo – Que atire a primeira pedra quem disser que nunca fez alguma boa besteira com dinheiro antes dos 30 anos. Assim como na vida pessoal, a inexperiência e a ansiedade típicas dessa fase da juventude acabam resultando em muitos equívocos também na vida financeira.

A seguir estão listados alguns dos principais erros que cometemos antes dos 30: desde poupar demais e viver de menos até levar a vida sem fazer nenhum planejamento. Confira e veja as dicas dos especialistas sobre como evitar que esses deslizes acabem acontecendo também com você. 

1 Viver "a Deus dará", sem fazer nenhum planejamento

São raros os especialistas que não citam o planejamento financeiro como o primeiro passo para qualquer pessoa que deseja colocar sua vida nos trilhos. Fazer planos e registrá-los é o que leva os sonhos a saírem do campo das ideias e ganhar corpo. Mas muitos jovens pecam neste ponto.

“O jovem no Brasil vive o hoje, não se preocupa muito em planejar o futuro, em fazer uma poupança, em pensar na aposentadoria. Ele de repente precisa de um apartamento, ou de dinheiro para uma viagem, e só aí começa a fazer um planejamento de longo prazo”, comenta Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi).

Ao não planejar o futuro e não formar uma reserva financeira, o jovem fica sujeito a lidar com apertos financeiros da pior forma e pode começar sua vida adulta já endividado.

Além disso, ao não estabelecer alguns projetos financeiros, o dinheiro é usado de forma dispersa e não é aproveitado em todo seu potencial. “Quando jovens, nós reagimos muito mais em vez de antecipar o que vai acontecer. Aí fica difícil realizar nossos objetivos”, avalia Conrado Navarro, consultor financeiro e autor do Blog Dinheirama.

2 Comprometer a renda com financiamentos e não ter flexibilidade no orçamento

Um reflexo da falta de planejamento é o comprometimento de boa parte da renda com dívidas. É o que acontece, por exemplo, quando a pessoa não se planeja para poupar dinheiro para comprar um carro ou um imóvel e acaba entrando em um financiamento que congela mais de 30% da sua renda.

Para Nicola Tingas, comprometer a renda com um apartamento no início da carreira pode não fazer sentido por dois motivos. O primeiro é que no começo da carreira o salário costuma ser menor do que quando a pessoa está mais velha e pode absorver melhor as parcelas, sem se sacrificar tanto. E o segundo - e mais importante - é que o jovem deixa de ter mobilidade no seu orçamento

“O jovem precisa ter um fluxo de caixa livre para aproveitar as oportunidades e para que sua renda tenha um efeito multiplicador. Se eu sou jovem, eu ainda não tenho nada, eu quero viajar, quero investir na carreira, em cursos, línguas e quero atender a uma cesta de desejos de consumo muito maior do que alguém na meia-idade. Se o jovem se compromete e surge uma oportunidade de fazer uma pós no exterior, ou uma mudança de cidade por causa de um emprego, ele precisa recusar porque já está pagando um apartamento”, afirma Tingas.

Segundo ele, nessa fase pode ser mais vantajoso para o jovem pagar um aluguel e adiar a compra do apartamento não só para que ele aproveite ao máximo suas oportunidades de vida e de carreira, mas também para amadurecer a compra do apartamento, poupando parte do dinheiro para dar uma entrada maior e arcar com parcelas menos pesadas depois. Ainda que alguns argumentem que aluguel é dinheiro jogado no lixo, tendo um caixa livre para investir na sua formação, o jovem pode ganhar muito mais no futuro com o seu desenvolvimento pessoal, do que com o investimento no imóvel. 

Mas, vale ressaltar também que, se comprar um imóvel é uma prioridade para o jovem ou se sua renda permite fazer um financiamento sem se comprometer muito, esse desejo é legítimo. A recomendação de Tingas é simplesmente avaliar com cuidado que tipo de uso do dinheiro faz mais sentido para você. 

3 Pensar que encontrar a melhor aplicação financeira é o único caminho para o enriquecimento

Não é raro que antes dos 30 anos os investimentos pessoais sejam vistos como uma das maneiras mais eficazes de ganhar dinheiro. Mas quem tem mais experiência reconhece que o investimento na carreira e na formação pessoal pode trazer um retorno muito maior do que o rendimento de uma aplicação financeira.

“É preciso avaliar o custo de oportunidade. O custo de oportunidade de 5 mil reais poupados em um ano pode ser pior do que o custo de oportunidade de usar 5 mil reais em uma viagem a um país que faça a pessoa aprimorar sua fluência em inglês e ligar sua cabeça para ideias novas”, comenta Nicola Tingas. 

Também é importante ressaltar que de nada adianta se concentrar em encontrar uma aplicação muito rentável se você não poupar o suficiente para fazer aportes regulares. Isso fica muito evidente no cenário atual, com o baixo rendimento dos investimentos em renda fixa e com a Bolsa em crise.

"O mais importante não é saber onde investir, ou em qual momento, mas investir sempre. O jovem pode começar de forma simples, tirando o dinheiro da conta corrente e colocando na poupança. Depois de aprender a importância de poupar e montar seu bolo de recursos, chega a hora de aprender a acelerar o capital", opina Navarro.

4 Elevar o padrão de vida de maneira significativa repentinamente 

Outro erro comum antes dos 30 anos é a elevação do padrão de vida de forma brusca e exagerada. “É muito comum hoje que um jovem que ganha muito bem, como um engenheiro ou um advogado, queira nos primeiros anos de emprego levar um padrão de vida muito diferente do que vivia antes, comprando apartamento, carro e uma série de coisas em um curto período de tempo”, afirma Conrado Navarro.

Segundo ele, por mais que o salário comporte esse padrão mais elevado, ao aumentar os gastos significativamente de uma hora para outra, o jovem ignora o que pode acontecer em seguida. “Quando o jovem cria um padrão de vida muito alto, ele eleva seu status a uma condição que pode ficar insustentável. Ao passar por um momento de frustração ou precisar adequar o orçamento, seja porque ele vai casar, ter filho, ou porque precisa mudar de emprego, ele pode não conseguir, e isso pode ser perigoso”, completa Navarro.

5 Querer chegar ao primeiro milhão aos 30, sem ter motivo para isso

“Querer juntar um milhão de reais até os 30 anos não é um problema, mas qual é a finalidade desse milhão? O mais importante não é juntar, mas sim juntar para um grande objetivo de vida, como a compra de um apartamento de 1 milhão de reais”, comenta Tingas.

Para ele, sem um destino definido para a acumulação do dinheiro, o processo não faz sentido, e o jovem perde mais facilmente o foco dessa conquista. “Se a razão for simplesmente aumentar o status, provar que é capaz, por alguma questão afetiva, ter um milhão de reais talvez seja desperdício”, diz Tingas. Em vez de poupar por poupar, o valor que foi arduamente acumulado poderia ter sido investido em projetos que fizessem mais sentido.

Ele aprofunda o assunto citando o poema "Viagem à Ítaca", do poeta grego Konstantinos Kavafis. De maneira resumida, no poema, Kavafis diz a Ulisses, do clássico Odisséia, de Homero, que aproveite o processo da viagem de volta à Ilha de Ítaca - onde sua esposa o espera há mais de uma década - e não apenas a chegada.

“O estudo da filosofia aplicado às finanças mostra que a vida deve ser vivida. Chegar à Ítaca não é o mais importante, a viagem é o mais interessante. Não adianta chegar aos 30 anos com um milhão de reais sem ter aproveitado a vida enquanto o dinheiro era acumulado. O dinheiro tem a propriedade que nós damos a ele”, diz o economista-chefe da Acrefi.

Resumindo, o dinheiro não deve ser um fim, mas um meio. Ele não deve ser o objetivo em si, mas um instrumento que dá liquidez aos projetos de vida e que permite ao jovem aproveitar ao máximo suas experiências. 

6 Acreditar em promessas de ganho fácil

Um investimento que renda 100% ao ano, com um aporte inicial baixo e sem riscos. Os mais experientes talvez achem engraçado, mas se uma promessa dessas é feita a um jovem, pode ser que ele ache o negócio muito sério e acredite que tirou a sorte grande. 

“Quando nós olhamos esses esquemas de pirâmide, os maiores envolvidos são jovens. Quando o jovem vê uma oportunidade de obter um retorno de 300% ao ano em pouco tempo e com pouco esforço, ele se ilude e entra na hora. Mas é simples: se esse negócio é tão interessante, porque nós vemos grandes investidores como o Warren Buffett e o George Soros lutando para ganhar 20% ao ano?”, reflete Conrado Navarro.

Ele acrescenta que a probabilidade de uma pessoa ficar rica em um passe de mágica, sem ganhar na Mega-Sena ou sem ter uma ideia espetacular de empreendedorismo, é praticamente nula, mas ela tem grandes chances de fazer algo errado e perder tudo da noite para o dia. 

Quanto antes o jovem aprender que não existe almoço grátis e que o enriquecimento não se dá da noite para o dia, mais rapidamente ele conseguirá focar seus esforços em investimentos e projetos legítimos. E menores serão as chances de que ele se frustre com esquemas mirabolantes. 

Veja no vídeo a seguir se as aplicações financeiras podem te tornar rico: 

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