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Onde o gestor do fundo multimercado mais rentável do ano investe

Luiz Alves, gestor do Versa, que tem um patrimônio de cerca de 140 milhões de reais, diz que continua apostando na Bolsa

Bancos ainda é o setor mais presente na bolsa, mas participação no Ibovespa caiu 10 pontos em três anos

 (Ralph Orlowski/Reuters)

Bancos ainda é o setor mais presente na bolsa, mas participação no Ibovespa caiu 10 pontos em três anos (Ralph Orlowski/Reuters)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 25 de junho de 2018 às 05h00.

Última atualização em 25 de junho de 2018 às 09h08.

São Paulo — O fundo Versa, da gestora GTI, é o multimercado mais rentável do ano, até maio, segundo um levantamento feito, a pedido de EXAME, pela empresa de informações financeiras Morningstar (o estudo considerou os fundos abertos, com patrimônio superior a 5 milhões de reais e pelo menos 50 cotistas).

No acumulado de 2018, o retorno do fundo foi de 27%, enquanto a média dos multimercados ficou em 2,6%. Em 12 meses, a rentabilidade do Versa foi de 164%. O bom desempenho se deveu, principalmente, aos investimentos feitos em ações.

Recentemente, a queda da Bolsa piorou o resultado do fundo. Ainda assim, Luiz Alves, gestor do Versa, que tem um patrimônio de cerca de 140 milhões de reais, diz que continua apostando na Bolsa. A EXAME, ele contou em que está aplicando agora.

EXAME - A maior parte do ganho acumulado pelo fundo Versa em 2018 aconteceu no início deste ano. Que investimentos renderam mais?

LUIZ ALVES - Um dos nossos melhores investimentos foi nas ações da Locamerica, uma das maiores locadoras de veículos do país. A empresa fez um bom trabalho de gestão nos últimos anos e, com isso, conseguiu melhorar os resultados. Depois, anunciou uma fusão com a Unidas, que foi muito bem recebida pelo mercado. Entre janeiro e meados de março, a ação da empresa subiu mais de 70%. Tínhamos uma posição relevante nessa época, que agora diminuímos.

Qual foi a saída do fundo para enfrentar a recente queda da bolsa?

Nosso fundo é bastante alavancado [fundos alavancados usam derivativos e outros instrumentos para ampliar as chances de ganho e também o nível de risco]. Quando ganhamos, ganhamos muito. O mesmo acontece quando perdemos. Nessas situações, reduzimos nossos investimentos, fazendo uma espécie de higienização. Vendemos ações em que acreditamos menos e nos concentramos naquelas em que temos maior convicção. É o que estamos fazendo diante da queda da bolsa nas últimas semanas.

A carteira do Versa vai mudar?

Não pretendemos alterar significativamente a carteira. Estamos comprando ações, mais do que vendendo. Estamos com uma perda em junho, mas o fundo é volátil por natureza. Procuramos dar conforto aos investidores disponibilizando cada vez mais informação sobre nossas decisões. Temos a cabeça voltada para o médio e longo prazo.

Mas a bolsa continua caindo.

O movimento que estamos vendo mostra que houve um descolamento dos mercados em relação aos fundamentos da economia. Mesmo com a recuperação mais lenta do que o projetado no início do ano, as empresas continuam crescendo. O mercado está muito arisco, o mar não está para peixe. Mas continuamos comprando ações. O desemprego está em queda e os juros estão baixos, e isso é bom para a economia e para as empresas.

Que ações o fundo está comprando?

Compramos ações da BR Properties. A empresa, especializada em gestão de imóveis, fez um investimento grande em novos escritórios recentemente. Por enquanto, os resultados são prejudicados pelo número de salas que ainda estão vazias, mas a nossa expectativa é de que a empresa consiga alugá-las, por valores reajustados. Outra aposta nossa é na companhia têxtil Hering. A ação está muito barata porque a empresa sofreu com vendas mais fracas nos últimos anos. Mas depois de uma reestruturação, os negócios começaram a reagir.

O que explica a volatilidade do mercado?

A volatilidade reflete um clima de aversão a risco. Há muita saída de investidores estrangeiros da bolsa de valores, por conta da elevação dos juros americanos, o que atrai dinheiro para os Estados Unidos. Além disso, o cenário eleitoral no Brasil ainda está muito aberto, o que causa desconfiança. São elementos sobre os quais não temos o menor controle. Por isso, o que resta é nos atermos aos fundamentos e esperar esse momento ruim passar.

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