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O que levar em conta ao escolher um fundo multimercado

Saiba como funcionam os fundos que mais captaram dinheiro no ano passado e se eles ainda são atrativos em 2013

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 21 de janeiro de 2013 às 06h00.

São Paulo – Os fundos multimercados foram os que tiveram maior captação líquida em 2012, de mais de 20 bilhões de reais. Com os juros em queda e o mercado acionário ainda afetado por problemas econômicos no Brasil e no exterior, os investidores viram nessa categoria de fundos uma boa oportunidade de ganhos – não astronômicos, mas ao menos superior à renda fixa .

E não se arrependeram. De fato, alguns tipos de multimercados tiveram ótimo desempenho no ano passado. É o caso dos multimercados macro, que acumularam valorização de 18,14% em média. Os multiestratégia também tiveram bom desempenho, com alta de 14,46% em média.

Por serem capazes de investir em vários tipos de ativo, tanto em renda fixa como em renda variável, os fundos multimercados podem optar pela melhor estratégia de acordo com o cenário econômico, adotar diversas estratégias, investir em vários multimercados ou fazer uma única estratégia de modo a ganhar tanto com o mercado em alta quanto em baixa.

É por isso que os multimercados em geral conseguem investir no que é mais vantajoso no momento, tornando-se alternativas interessantes em cenários econômicos incertos ou em que existem poucas opções rentáveis.

Mas antes que essa virtude deixe todos os investidores com vontade de correr para um multimercados é preciso ter em mente que esses fundos são arriscados, principalmente quando investem em renda variável. O investidor deve, portanto, ter um perfil moderado ou arrojado para se voltar para uma aplicação desse tipo, que não é para o ritmo cardíaco daqueles verdadeiramente conservadores. Em geral, o risco é intermediário entre os fundos de renda fixa e os de ações; mas alguns multimercados chegam a ser ainda mais arriscados que alguns fundos acionários.

São chamados de fundos multimercados produtos com estratégias completamente diferentes umas das outras. Portanto, antes de escolher um fundo como esse, convém conhecê-las, para saber qual delas atende melhor ao seu objetivo. As principais estratégias são:

- Estratégia macro: é usada pelos fundos multimercados macro, mas também pode ser encontrada nos multigestor (fundos que investem em vários fundos, de múltiplos gestores) e nos multiestratégia (fundos que seguem múltiplas estratégias). Trata-se da análise do ambiente macroeconômico para fazer investimentos direcionais, seja em determinadas ações, em títulos públicos, títulos de crédito privado, moeda estrangeira ou no mercado futuro, por exemplo. Basicamente, escolhem os melhores ativos de acordo com o momento. É a estratégia de maior risco.

- Juros e moedas: são os multimercados sem investimento em ações. Investem em renda fixa, no mercado de juros futuros e no mercado de câmbio, comprando e vendendo ativos e derivativos de acordo com a expectativa para os juros e o câmbio. Seu desempenho no ano passado ficou próximo da renda fixa, com alta média de 11,45%.

- Long & Short: são multimercados com renda variável, em que o gestor compra as ações que considera baratas e vende as ações que considera caras, ficando neutro em termo de oscilação de Bolsa. Pode ganhar na baixa e perder na alta do mercado. Há ainda os Long & Short Direcionais ou Equity Hedge, que podem ficar mais comprados do que vendidos e vice-versa.


- Arbitragem: olham apenas para distorções de mercado, para ganhar pouco dinheiro em transações pontuais, podendo ganhar na baixa. Por exemplo, ganham com pequenas distorções de preços de duas ações. “São fundos muito técnicos. Gostam de pegar o fechamento de capital de empresas, operar no mercado a termo, confrontar o mercado nacional com o internacional. Fazem operações de baixo risco e baixo ganho, o que faz com que seu desempenho não tenha tanta relação com o de outros mercados”, diz Beto Domenici, estrategista da gestora Rio Bravo.

Riscos

Apesar de mais arriscados que os fundos de renda fixa, os multimercados ainda são menos arriscados que os fundos de ações, uma vez que conseguem fazer operações protegidas, isto é, criam limites de perda bem definidos. Na falta de oportunidades melhores, eles podem também investir em títulos públicos e entregar, ao menos, uma rentabilidade semelhante à dos fundos DI.

De acordo com Domenici, os melhores momentos para os multimercados são os de incertezas nos mercados, com grandes oscilações, por exemplo, no valor das ações, nos juros ou na inflação, mesmo que para pior. “Se a economia fica muito estável, esses fundos não conseguem ganhar muito, e a taxa de administração pode ficar pesada”, alerta.

Apesar de conseguirem ganhar dinheiro na baixa e de se saírem bem em momentos de incertezas, os fundos multimercados também podem ter grandes perdas, por exemplo em crises mais rigorosas. Por isso são voltados para o investidor moderado ou arrojado, mas não para o conservador que não tolera perda alguma de seu patrimônio, ainda que temporária.

“Esses fundos não ganham de maneira linear ao longo do tempo, pois precisam pescar as oportunidades. Se não houver volatilidade, o multimercado não consegue trabalhar”, diz Paulo Bittencourt, diretor da Apogeo Investimentos, empresa de investimento voltada para a pessoa física do grupo Vinci Partners.

Há ainda outros fatores de risco: todos os fundos multimercados operam derivativos, e muitos trabalham com alavancagem. Derivativos são ativos derivados de outros ativos, que permitem ao gestor “investir” em uma tendência de mercado ou proteger a carteira de uma queda brusca de preços dos seus ativos. São exemplos de derivativos as opções de ações e os contratos futuros de juros, dólar e commodities.

Assim, para ganhar dinheiro com a queda ou a alta dos juros, o gestor deve operar contratos de juros no mercado futuro, e assim por diante. O risco não está tanto no uso de derivativos em si, mas sim em como eles são usados e se o investidor entende a lógica da coisa.

Por exemplo, os derivativos podem ser usados para fazer alavancagem, uma prática que pode potencializar os ganhos, mas também as perdas. É uma espécie de endividamento, em que os ganhos podem ser maiores do que o que o patrimônio poderia gerar normalmente, mas as perdas também podem ser bem maiores. Em outras palavras, quem investe em um fundo que usa alavancagem pode ser chamado a depositar mais dinheiro de forma a cobrir certas perdas financeiras.


Vale a pena investir em multimercados em 2013?

Para Paulo Bittencourt, os multimercados devem continuar sendo bons investimentos em 2013, de forma geral, em função das incertezas. Ele explica que o patamar de inflação já está um pouco alto e que não há uma política monetária clara no sentido de “reduzir os juros na marra”. A taxa básica de juros, por sua vez, deve mesmo se manter estável. “Como é um ano mais complexo, é melhor estar em um veículo de investimento mais versátil, que pode empreender diversas estratégias”, observa o diretor da Apogeo.

Quem pode investir nesses fundos?

O investimento em fundos multimercados não é para qualquer investidor, mas apenas para aqueles mais moderados ou arrojados, que não vão sacar o dinheiro no primeiro mês de desvalorização das cotas. É ainda um produto de diversificação, não devendo compor mais do que 15% ou 20% da carteira do investidor.

Paulo Bittencourt aconselha ainda que só invistam em multimercados investidores que já tenham familiaridade com fundos de investimento, ainda que fundos DI ou de renda fixa. “O multimercados é para o investidor que já investe em fundos há algum tempo, não para o iniciante. É preciso conhecer a dinâmica que faz a cota subir mais num mês, no outro ficar no zero a zero, e assim por diante. Até para entender os esclarecimentos do gestor”, diz.

Ele defende ainda que antes de investir em uma ou outra categoria, o investidor conheça a dinâmica da estratégia do fundo. “A categoria que o investidor escolhe deve estar ligada à sua experiência com investimentos. Se o sujeito nunca aplicou em um fundo de ações e não sabe o que é aluguel de ações, melhor ficar de fora dos fundos long & short, por exemplo, pois pode não entenderá a lógica”, exemplifica Paulo Bittencourt.

Da mesma forma, é importante saber, de forma geral, o que é um derivativo, um contrato futuro e uma opção, por exemplo. “É preciso pelo menos já ter ouvido falar desses conceitos”, diz o diretor da Apogeo. “Só é preciso entender o processo, não precisa entender como é feita uma operação com derivativos propriamente dita. O investidor tem que saber que os negociantes tentam acertar o juro futuro, comprando ou vendendo o contrato de juros no mercado futuro de acordo com o que imaginam”, completa.

Ele acredita que fundos da modalidade Juros e Moedas são bons para quem inicia seus passos nos multimercados, pois geram menos sustos, uma vez que não investem em ações. Em relação às taxas, o padrão dos multimercados é cobrar até 2% ao ano de taxa de administração (isso para aqueles que aplicam em ações) mais 20% de taxa de performance sobre o que exceder o índice que serve de parâmetro para o fundo.

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São Paulo – Os fundos multimercados foram os que tiveram maior captação líquida em 2012, de mais de 20 bilhões de reais. Com os juros em queda e o mercado acionário ainda afetado por problemas econômicos no Brasil e no exterior, os investidores viram nessa categoria de fundos uma boa oportunidade de ganhos – não astronômicos, mas ao menos superior à renda fixa .

E não se arrependeram. De fato, alguns tipos de multimercados tiveram ótimo desempenho no ano passado. É o caso dos multimercados macro, que acumularam valorização de 18,14% em média. Os multiestratégia também tiveram bom desempenho, com alta de 14,46% em média.

Por serem capazes de investir em vários tipos de ativo, tanto em renda fixa como em renda variável, os fundos multimercados podem optar pela melhor estratégia de acordo com o cenário econômico, adotar diversas estratégias, investir em vários multimercados ou fazer uma única estratégia de modo a ganhar tanto com o mercado em alta quanto em baixa.

É por isso que os multimercados em geral conseguem investir no que é mais vantajoso no momento, tornando-se alternativas interessantes em cenários econômicos incertos ou em que existem poucas opções rentáveis.

Mas antes que essa virtude deixe todos os investidores com vontade de correr para um multimercados é preciso ter em mente que esses fundos são arriscados, principalmente quando investem em renda variável. O investidor deve, portanto, ter um perfil moderado ou arrojado para se voltar para uma aplicação desse tipo, que não é para o ritmo cardíaco daqueles verdadeiramente conservadores. Em geral, o risco é intermediário entre os fundos de renda fixa e os de ações; mas alguns multimercados chegam a ser ainda mais arriscados que alguns fundos acionários.

São chamados de fundos multimercados produtos com estratégias completamente diferentes umas das outras. Portanto, antes de escolher um fundo como esse, convém conhecê-las, para saber qual delas atende melhor ao seu objetivo. As principais estratégias são:

- Estratégia macro: é usada pelos fundos multimercados macro, mas também pode ser encontrada nos multigestor (fundos que investem em vários fundos, de múltiplos gestores) e nos multiestratégia (fundos que seguem múltiplas estratégias). Trata-se da análise do ambiente macroeconômico para fazer investimentos direcionais, seja em determinadas ações, em títulos públicos, títulos de crédito privado, moeda estrangeira ou no mercado futuro, por exemplo. Basicamente, escolhem os melhores ativos de acordo com o momento. É a estratégia de maior risco.

- Juros e moedas: são os multimercados sem investimento em ações. Investem em renda fixa, no mercado de juros futuros e no mercado de câmbio, comprando e vendendo ativos e derivativos de acordo com a expectativa para os juros e o câmbio. Seu desempenho no ano passado ficou próximo da renda fixa, com alta média de 11,45%.

- Long & Short: são multimercados com renda variável, em que o gestor compra as ações que considera baratas e vende as ações que considera caras, ficando neutro em termo de oscilação de Bolsa. Pode ganhar na baixa e perder na alta do mercado. Há ainda os Long & Short Direcionais ou Equity Hedge, que podem ficar mais comprados do que vendidos e vice-versa.


- Arbitragem: olham apenas para distorções de mercado, para ganhar pouco dinheiro em transações pontuais, podendo ganhar na baixa. Por exemplo, ganham com pequenas distorções de preços de duas ações. “São fundos muito técnicos. Gostam de pegar o fechamento de capital de empresas, operar no mercado a termo, confrontar o mercado nacional com o internacional. Fazem operações de baixo risco e baixo ganho, o que faz com que seu desempenho não tenha tanta relação com o de outros mercados”, diz Beto Domenici, estrategista da gestora Rio Bravo.

Riscos

Apesar de mais arriscados que os fundos de renda fixa, os multimercados ainda são menos arriscados que os fundos de ações, uma vez que conseguem fazer operações protegidas, isto é, criam limites de perda bem definidos. Na falta de oportunidades melhores, eles podem também investir em títulos públicos e entregar, ao menos, uma rentabilidade semelhante à dos fundos DI.

De acordo com Domenici, os melhores momentos para os multimercados são os de incertezas nos mercados, com grandes oscilações, por exemplo, no valor das ações, nos juros ou na inflação, mesmo que para pior. “Se a economia fica muito estável, esses fundos não conseguem ganhar muito, e a taxa de administração pode ficar pesada”, alerta.

Apesar de conseguirem ganhar dinheiro na baixa e de se saírem bem em momentos de incertezas, os fundos multimercados também podem ter grandes perdas, por exemplo em crises mais rigorosas. Por isso são voltados para o investidor moderado ou arrojado, mas não para o conservador que não tolera perda alguma de seu patrimônio, ainda que temporária.

“Esses fundos não ganham de maneira linear ao longo do tempo, pois precisam pescar as oportunidades. Se não houver volatilidade, o multimercado não consegue trabalhar”, diz Paulo Bittencourt, diretor da Apogeo Investimentos, empresa de investimento voltada para a pessoa física do grupo Vinci Partners.

Há ainda outros fatores de risco: todos os fundos multimercados operam derivativos, e muitos trabalham com alavancagem. Derivativos são ativos derivados de outros ativos, que permitem ao gestor “investir” em uma tendência de mercado ou proteger a carteira de uma queda brusca de preços dos seus ativos. São exemplos de derivativos as opções de ações e os contratos futuros de juros, dólar e commodities.

Assim, para ganhar dinheiro com a queda ou a alta dos juros, o gestor deve operar contratos de juros no mercado futuro, e assim por diante. O risco não está tanto no uso de derivativos em si, mas sim em como eles são usados e se o investidor entende a lógica da coisa.

Por exemplo, os derivativos podem ser usados para fazer alavancagem, uma prática que pode potencializar os ganhos, mas também as perdas. É uma espécie de endividamento, em que os ganhos podem ser maiores do que o que o patrimônio poderia gerar normalmente, mas as perdas também podem ser bem maiores. Em outras palavras, quem investe em um fundo que usa alavancagem pode ser chamado a depositar mais dinheiro de forma a cobrir certas perdas financeiras.


Vale a pena investir em multimercados em 2013?

Para Paulo Bittencourt, os multimercados devem continuar sendo bons investimentos em 2013, de forma geral, em função das incertezas. Ele explica que o patamar de inflação já está um pouco alto e que não há uma política monetária clara no sentido de “reduzir os juros na marra”. A taxa básica de juros, por sua vez, deve mesmo se manter estável. “Como é um ano mais complexo, é melhor estar em um veículo de investimento mais versátil, que pode empreender diversas estratégias”, observa o diretor da Apogeo.

Quem pode investir nesses fundos?

O investimento em fundos multimercados não é para qualquer investidor, mas apenas para aqueles mais moderados ou arrojados, que não vão sacar o dinheiro no primeiro mês de desvalorização das cotas. É ainda um produto de diversificação, não devendo compor mais do que 15% ou 20% da carteira do investidor.

Paulo Bittencourt aconselha ainda que só invistam em multimercados investidores que já tenham familiaridade com fundos de investimento, ainda que fundos DI ou de renda fixa. “O multimercados é para o investidor que já investe em fundos há algum tempo, não para o iniciante. É preciso conhecer a dinâmica que faz a cota subir mais num mês, no outro ficar no zero a zero, e assim por diante. Até para entender os esclarecimentos do gestor”, diz.

Ele defende ainda que antes de investir em uma ou outra categoria, o investidor conheça a dinâmica da estratégia do fundo. “A categoria que o investidor escolhe deve estar ligada à sua experiência com investimentos. Se o sujeito nunca aplicou em um fundo de ações e não sabe o que é aluguel de ações, melhor ficar de fora dos fundos long & short, por exemplo, pois pode não entenderá a lógica”, exemplifica Paulo Bittencourt.

Da mesma forma, é importante saber, de forma geral, o que é um derivativo, um contrato futuro e uma opção, por exemplo. “É preciso pelo menos já ter ouvido falar desses conceitos”, diz o diretor da Apogeo. “Só é preciso entender o processo, não precisa entender como é feita uma operação com derivativos propriamente dita. O investidor tem que saber que os negociantes tentam acertar o juro futuro, comprando ou vendendo o contrato de juros no mercado futuro de acordo com o que imaginam”, completa.

Ele acredita que fundos da modalidade Juros e Moedas são bons para quem inicia seus passos nos multimercados, pois geram menos sustos, uma vez que não investem em ações. Em relação às taxas, o padrão dos multimercados é cobrar até 2% ao ano de taxa de administração (isso para aqueles que aplicam em ações) mais 20% de taxa de performance sobre o que exceder o índice que serve de parâmetro para o fundo.

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