Minhas Finanças

O que fazer para o dólar não atrapalhar seus planos

Saiba como evitar que a disparada da moeda americana acabe com sua viagem ao exterior ou estoure suas contas

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Em apenas duas semanas, o dólar disparou 24% e causa calafrios em quem pretende viajar ao exterior ou acabou de voltar e trouxe na bagagem, além de fotos e souvenirs, também a fatura do cartão de crédito. Um dos principais termômetros do nervosismo do mercado diante da piora da crise financeira mundial, o câmbio ainda permanecerá bastante instável no curto prazo, dificultando a vida de quem precisa planejar uma viagem, programar um curso no exterior ou quitar suas dívidas. Mas, assim como as empresas têm mecanismos para se proteger de pancadas do dólar, as pessoas físicas também podem adotar algumas medidas para não sair no prejuízo.

A alta do dólar é alimentada por alguns fatores. Um é a falta de crédito internacional. Está mais difícil para as empresas obter moeda americana para financiar seus projetos, pois os bancos estão mais resistentes a emprestar. Outro é a fuga dos investidores em direção aos títulos do Tesouro americano, considerados um porto seguro em meio à tempestade. Para comprá-los, é necessário pagar em dólar - o que eleva a demanda pela moeda e, por tabela, seu preço. Por fim, há um fator brasileiro: as empresas armaram estratégias para lucrar com a queda do dólar. Com a disparada do câmbio, precisaram desmontar essas estratégias e isso elevou a pressão para comprar moeda americana, o que só impulsionou o câmbio.

Para analistas, no entanto, a não ser que a crise tome proporções surpreendentes nas próximas semanas, o dólar deverá cair no médio prazo. A má notícia é que é bastante improvável que o câmbio volte ao que era em meados de agosto, quando desceu para 1,60 real. "O dólar vai se valorizar, mas ficará ao redor de 2 reais no final deste ano", afirma Alexandre Schwartsman, economista-chefe do Santander e ex-diretor do Banco Central. Já Roberto Padovani, estrategista-chefe do banco WestLB no Brasil, estima que a moeda americana encerre 2008 ao redor de 1,80 real. A partir deste cenário, veja algumas dicas para não perder dinheiro:

Para quem vai comprar produtos importados

Se os importados fazem parte do seu dia-a-dia, ou se você planeja comprar um bem cotado em dólares - um automóvel, por exemplo -, é melhor fazê-lo logo. Por enquanto, os produtos em estoque no Brasil foram trazidos com um câmbio mais palatável. Mas, à medida que os importadores necessitarem repor as mercadorias, o câmbio começará a pesar.

"É lógico que, a longo prazo, o câmbio vai impactar no preço dos produtos. Por isso, recomendo aos clientes comprarem agora", afirma Otávio Piva de Albuquerque Filho, diretor de Operações da Expand, uma das principais importadoras de vinho do país. No caso da Expand, há fôlego para manter os preços até, pelo menos, o final do ano. "Acredito que, no próximo ano, os consumidores vão sentir o efeito do câmbio", diz.

O mesmo vale para quem planeja a compra de um automóvel importado. Mesmo quem já possui um carro estrangeiro pode atenuar o impacto do câmbio. As peças do veículo tendem a encarecer, por isso, é hora de antecipar aquela manutenção programada para daqui algum tempo. "Se puder, é uma atitude prudente", diz o especialista em finanças pessoais Gustavo Cerbasi, autor, entre outros, do livro Casais Inteligentes Enriquecem Juntos.

Para quem vai viajar agora para o exterior

A primeira coisa é saber quanto tempo resta até sua viagem. Se ela está próxima, compre já suas passagens e parcele. A compra garante a conversão das tarifas para reais, eliminando o risco cambial - ou seja, a incerteza sobre a futura alta ou queda da moeda americana. "A pessoa pode até pagar um pouco mais agora pela passagem, mas é melhor assumir o preço atual e evitar a volatilidade do câmbio", diz Cerbasi.

O mesmo raciocínio se aplica à compra dos dólares necessários para a viagem. Para Cerbasi, se necessário, compre-os imediatamente, pois ninguém sabe onde estará o câmbio no curto prazo. Esta, porém, é a opção menos recomendada pelo consultor, devido aos problemas de segurança - andar por aí com o dinheiro é se arriscar a assaltos.

Uma alternativa são os traveler checks, mas a preferida de Cerbasi é o cartão de débito pré-pago. Lançado no país pela Visa, o Visa Travel Money (VTM) é emitido por dois bancos - o Rendimento e o Schahin, além de diversas corretoras de câmbio. Ele pode ser carregado com dólares, euros ou libras. A principal vantagem, segundo Cerbasi, é que, ao abastecer o cartão com moeda estrangeira, o viajante também elimina o risco cambial, ao contrário do cartão de crédito, cuja dívida é convertida em reais no dia do vencimento da fatura - e expõe o cliente à flutuação da moeda.

Cada banco tem sua política de emissão do VTM, que inclui o pagamento ou não de taxas de contratação do serviço. No exterior, o cliente paga uma taxa de até 2,5 dólares por saque realizado. Outra possibilidade é pagar as contas nos estabelecimentos diretamente com o plástico, como faria com um cartão de débito no Brasil. Além disso, ele é recarregável - ou seja, pode-se creditar mais moeda se necessário. "O VTM é uma ferramenta indicada para jovens e adolescentes que viajam para o exterior e que ainda não possuem um cartão de crédito", afirma Percival Jatobá, da Visa do Brasil.

Para quem tem mais tempo para planejar a viagem

Se você dispõe de alguns meses para se organizar ou planeja fazer um curso no exterior no futuro, a melhor opção é aplicar os recursos que acumulou para a viagem em um fundo cambial sem alavancagem. Sim, é verdade: essa aplicação passou a maior parte do ano apanhando feio de outros fundos. Mas, nesse caso, o objetivo não é lucrar com o dólar, mas fazer com que seus recursos acompanhem a flutuação do câmbio, a fim de protegê-lo. Não se iluda: se você estiver ganhando dinheiro no fundo, é sinal de que o dólar está subindo e sua viagem tornou-se mais cara. Por outro lado, se você vir o montante aplicado diminuir, não se desespere: o dólar também estará em queda e sua viagem ficará mais barata. No fim, a perda do fundo é compensada pelo barateamento do passeio e vice-versa. "O fundo cambial funcionará como uma proteção mesmo. A pessoa precisa ter em mente que ela está pagando agora a viagem que fará daqui alguns meses", afirma Cerbasi.

Vários bancos oferecem fundos cambiais, e é possível ingressar em um com aplicações a partir de 1.000 reais. A taxa de administração costuma ser elevada - entre 3% e 4%. Para aplicações inferiores a 30 dias, há incidência do IOF. Esses fundos são classificados como de longo prazo. A vantagem é que se beneficiam de uma tabela regressiva de Imposto de Renda. Quanto mais tempo o dinheiro ficar lá, menos o contribuinte pagará ao Leão. De acordo com Cerbasi, o potencial ganho com o fundo tende a ser anulado pelos impostos e pela taxa de administração. Assim, o aplicador vai resgatar, na prática, o equivalente ao que necessitará para a viagem, tenha o câmbio subido ou caído. Para quem vai para a Europa, há opções de fundos cambiais referendados em euros.

Em épocas normais, o ideal é aplicar metade da quantia necessária à viagem no fundo cambial. "Mas, atualmente, o recomendável é investir todo o dinheiro", explica Cerbasi.

Para quem já fez dívidas em dólares

Se você acabou de voltar do exterior e, além de fotografias, trouxe uma fatura em dólares no cartão de crédito, não há muito a fazer. "É a pior situação e não há muita alternativa", diz Cerbasi. O consultor recomenda uma única coisa: tente antecipar o pagamento da fatura, se seu cartão de crédito permitir. "A pessoa não pode pensar que estará se arriscando a pagar caro, com o dólar a 2,30 reais hoje, porque ela estará exposta a pagar mais amanhã, se o câmbio subir", diz.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Minhas Finanças

CPF na nota? Nota Fiscal Paulista abre consulta para sorteio de R$ 1 milhão em agosto

Resultado da Mega-Sena concurso 2757: ninguém acerta as seis dezenas

Como os seguros entram no jogo? Cobertura nas Olimpíadas 2024 vai de lesões até desastre climático

Mais na Exame