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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
Logo depois que Richard A. Grasso renunciar ao seu cargo de diretor da Bolsa de Valores de Nova York, os outros diretores da bolsa discutiam sobre potenciais sucessores para substituí-lo e até mesmo sobre como o conselho seria deveria ser gerenciado daqui pra frente, o que deixou bem claro a bagunça que reina nos níveis mais altos de Wall Street.
Reportagem do The New York Times mostra que, como os diretores se mostraram incapazes de recrutar um sucessor para Grasso dentro do próprio conselho, eles tiveram de quebrar a cabeça para achar um bom candidato fora. Os poucos nomes sugeridos, entretanto, não encontraram muita receptividade, um sinal claro de que as coisas ficaram um tanto quanto complicadas lá dentro depois da discussão a respeito do pacote de remuneração de Grasso.
O executivo deixou a bolsa levando com ele 139,5 milhões de dólares. Mas deixou de herança um conselho impregnado de divisões internas. Não bastasse isso, o conselho está se esforçando para melhorar suas práticas, mas o momento que ele escolheu para fazer isso não é nem de longe o ideal: nunca foi tão difícil atender às exigências dos órgãos reguladores e da opinião pública.
No cerne do dilema está o papel dos representantes financeiros das indústrias no conselho. Há uma determinação na bolsa para que eles ocupem 12 dos 27 lugares do conselho. De um lado dessa confusão estão os diretores das maiores corretoras que, mesmo regulados pela bolsa, acabaram por dominar o conselho ao longo dos anos. Foram eles que encabeçaram a revolta contra Grasso, depois que sua remuneração se tornou pública e um dos seus líderes, Henry M. Paulson Jr., executivo-chefe do Goldaman Sachs, está arquitetanto uma proposta que, no final das contas, pode barrar representantes dessas firmas de permanecer no conselho. Sua idéia é que essas empresas formem um comitê de aconselhamento para o conselho.
Representantes de peso de grandes firmas como Merrill Lynch, Lehman Brothers and Morgan Stanley estavam nos comitês de compensação que aprovaram o contrato que pagou 139,5 milhões de dólares para Grasso. Agora, esses mesmos executivos estão exigindo mudanças, mas eles ainda não ganharam o apoio dos outros diretores.
Do outro lado da confusão estão os diretores de corretoras menores que apoiaram Grasso até ele ser chutado. Mas não está nada claro ainda qual é o apoio que eles vão dar para a proposta de Paulson. A tendência, no entanto, é que eles queiram continuar com suas cadeiras no conselho para continuar influenciando nas suas decisões.
A proposta de Paulson não poderia aparecer numa hora melhor em termos políticos. Não é de hoje que os críticos reclamam dos 12 lugares que as firmas de seguros mantém no conselho. Mas, até agora, nunca houve uma iniciativa de lá de dentro mesmo para acabar com essa armação. O Plano de Paulson, seria uma boa forma de acabar com esse conflito, mas até agora, no entanto, ninguém sabe ao certo quanto apoio o plano tem.
"Os executivos das empresas de seguros são importantes porque eles trazem negócios para a bolsa", disse H. Carl McCall, do comitê de governança corporativa da bolsa, para o jornal The New York Times. "Eu ainda não tenho uma posição, mas tenho ouvido comentários desfavoráveis."
Especialistas em governança corporativa dizem que a idéia é uma reação muito exagerada e que uma mudança salutar no conselho passaria pela inclusão de mais investidores institucionais que representassem os direitos do público investidor. Eles também afirma que o problema é que o conselho passou a ser gerido por aqueles que o regulam e não por aqueles que investem na bolsa.
O maior pepino agora, porém, é colocar alguém no lugar que pertencia a Grasso. Alguns já foram convidados e declinaram o convite. Entre eles, Larry W. Sonsini, advogado badalado do Vale do Silício. O mais cotado no momento é Walter V. Shipley, o ex-chefe do conselho e executivo chefe do Chase Manhattan e mentor de longa data de William B. Harrisson Jr., executivo-chefe do J.P. Morgan Chase.
A proximidade dele com Harrisson dão um certo peso à sua candidatura, mas os bastidores duvidam que o executivo vai se encantar pela proposta.
Mas há mais. Considerand os ânimos exaltados, a déia de que Wall Street estaria tentando ocupar a vaga de Grasso com um dos seus já incomodou alguns diretores, sobretudo aqueles que pertencem a empresas pequenas, que tomaram as dores do ex-diretor. Entre os que tendem a não gostar da opção estão também os defensores da boa governança corporativa, que alegam que os executivos das empresas de securities já ocupam assentos demais no conselho.