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Medo de Lula estimula venda de imóveis de luxo

Apartamento de alto padrão, 4 dormitórios, 3 suítes, 250 metros quadrados de área útil e 5 vagas na garagem. Vendido. Imóveis de luxo, que custam em média 500 mil reais, viraram a nova coqueluche em São Paulo. Os preços de todo o mercado imobiliário subiram mais de 15% neste ano, porém só as vendas de […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.

Apartamento de alto padrão, 4 dormitórios, 3 suítes, 250 metros quadrados de área útil e 5 vagas na garagem. Vendido.

Imóveis de luxo, que custam em média 500 mil reais, viraram a nova coqueluche em São Paulo. Os preços de todo o mercado imobiliário subiram mais de 15% neste ano, porém só as vendas de alto padrão cresceram, enquanto o resto do mercado vive meses de queda. Por que o alto padrão caiu no gosto dos investidores? São dois os motivos: incertezas sobre a economia no próximo governo, e uma demanda reprimida descoberta só agora pelos construtores.

"O maior marqueteiro do mercado imobiliário é o Lula. Deveria ganhar uma estátua", diz Romeu Chap Chap, presidente do Secovi-SP (Sindicato da Habitação de São Paulo). Para Chap Chap, as incertezas em relação à economia a partir do ano que vem e as fortes oscilações do mercado, que teme a vitória do candidato do PT na eleição do próximo 27 de outubro, fazem com que muitos investidores troquem as aplicações financeiras pela solidez dos imóveis. "Quem tem medo de deixar o dinheiro parado opta pelas casas e apartamentos de alto padrão", afirma Chap Chap. "Existem jóias raras, em bairros nobres, que valorizaram bastante no último ano".

Quanto maior a procura, mais caros ficam os imóveis. Os preços de todo o mercado subiram, na média, 15% este ano, segundo a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio). "O número é expressivo. Tem muita gente buscando oportunidade de negócios no mercado imobiliário", diz Luis Paulo Pompéia, diretor de pesquisa da Embraesp.

Para Pompéia, a procura por alto padrão também cresceu porque as construtoras, nos últimos três anos, descobriram o bom potencial de consumo para imóveis luxuosos. "Praticamente não se produziram casas e apartamentos de alto padrão na década de 90, o que criou uma demanda reprimida", diz ele.

Além do comprador nacional que não encontrava boas ofertas luxuosas, desembarcou no Brasil um bom número de executivos estrangeiros, que acompanharam o crescimento das ponto.com ou vieram para trabalhar nas empresas privatizadas pelos governos estaduais e federal nos últimos 8 anos. "Essa tendência, a princípio, impulsionou o mercado de hotéis e flats, mas agora chegou a hora de o executivo casar e trazer a família para o Brasil", afirma Pompéia. "Além do fator eleitoral, esse cenário impulsionou as vendas dos imóveis de luxo".

Para quem tem reservas em dólar ou para o executivo que procura uma casa para comprar no Brasil, os preços nunca foram tão convidativos. "Em dólar, nunca foi tão barato comprar um apartamento de luxo em São Paulo. Em reais, nunca esteve tão caro", afirma Pompéia. O metro quadrado de área total na região metropolitana de São Paulo, que custava US$ 891, em 1990, agora sai por US$ 422. "Com 150 mil dólares compra-se um imóvel de alto padrão no Brasil. Lá fora sai bem mais caro", afirma.

Nem luxo, nem lixo

Mas engana-se quem pensa que o mercado imobiliário vive anos dourados. "A procura por alto padrão não é o retrato do setor imobiliário", afirma Chap Chap. "Enfrentamos números fracos de venda." O desempenho de agosto comprova o que diz o presidente do Secovi-SP. A procura por imóveis como garantia às incertezas eleitorais cresce ao mesmo tempo em que cai a venda de imóveis novos.

O Índice de Velocidade de Venda (IVV), que calcula o percentual de imóveis vendidos em relação à oferta, caiu 8,2% nos oito primeiros meses de 2002 em comparação com o mesmo período do ano passado. Explicação: quem compra imóveis para investir não precisa de financiamento, o principal limitador para a expansão da venda entre as classes média e baixa. "O Brasil sofre com essa questão. A classe média não tem financiamento adequado, e isso inibe as vendas", diz Chap Chap. "A Caixa Econômica Federal vem atendendo parte do público que não tem recursos próprios para comprar a casa própria, mas ainda é muito pouco."

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