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Jeeves lança cartão de crédito corporativo no Brasil

Companhia traz um de seus principais produtos ao país em parceria com a Mastercard, cinco meses após desembarcar no Brasil

Startup cresce oferecendo acesso fácil e rápido ao crédito para empresas de alto crescimento (Anyaberkut/Getty Images)

Startup cresce oferecendo acesso fácil e rápido ao crédito para empresas de alto crescimento (Anyaberkut/Getty Images)

KS

Karina Souza

Publicado em 29 de setembro de 2022 às 06h07.

A Jeeves, unicórnio norte-americano que desembarcou no Brasil em abril – após um aporte de US$ 180 milhões – lança agora seu principal produto no país, um cartão de crédito corporativo para empresas de médio porte (principalmente startups) em parceria com a Mastercard. É um passo importante para a companhia conhecer mais de perto a realidade local e disponibilizar, enfim, a suíte de serviços “all in one” de finanças para esse nicho. O produto de entrada da companhia no país, ao chegar em abril, foi a linha de crédito facilitado para empresas.

"Já somos consolidados na América Latina, América do Norte e na Europa, por isso, estamos direcionando grande esforço para o Brasil, porque sabemos que há ainda um déficit nesse tipo de serviço e sabemos que podemos ajudar muitas startups a crescerem no país", diz Dileep Thazhmon, fundador da Jeeves, à Exame.

Globalmente, a Jeeves já atua em mais de 20 países e, na América Latina, fincou raízes no México antes de chegar no Brasil. O produto de cartão de crédito corporativo é um dos principais para a  empresa e, nele, a startup se diferencia do mercado tradicional por três razões: tempo de aprovação dos cartões, ausência de necessidade de garantias pessoais para conceder crédito e interoperabilidade nos diferentes países em que está presente. Isso sem falar que o cartão da empresa não cobra nenhum tipo de assinatura ou anuidade.

Explicando melhor ponto a ponto, o core da Jeeves é oferecer crédito. Para isso, a empresa construiu toda a infraestrutura de tecnologia necessária a fim de conseguir analisar com eficiência as empresas que querem se tornar clientes e evitar a inadimplência. O modelo se baseia principalmente na permissão deles para que a startup possa observar as movimentações nas contas corporativas em tempo real. Não há nenhuma interferência da startup nos valores, mas apenas um monitoramento 24/7 das quantias movimentadas. É a partir desse fluxo financeiro que a fintech roda o modelo de crédito e decide quanto de limite pode liberar. 

A partir do modelo desenvolvido ‘dentro de casa’, a empresa também consegue oferecer aos clientes uma plataforma única para gerenciamento dos cartões de crédito corporativos, que permite às empresas solicitarem quantos forem necessários para seus colaboradores e gerenciá-los em um único local. Mais do que isso: clientes podem ter acesso aos cartões tanto físicos quanto digitais e realizar pagamentos em todos os países onde a Mastercard está presente e pagarem em moeda local com 30 dias de crédito.

Hoje, o cartão de crédito representa aproximadamente metade da receita da companhia (que não é divulgada ao mercado), com a outra parte vindo de um produto já lançado assim que a empresa chegou ao país: as linhas de financiamento. Os valores começam em R$ 500 mil, para empresas que tenham uma receita anual de pelo menos R$ 1,2 milhão. O foco está, de modo geral, em atender empresas de alto crescimento que hoje não conseguem acesso ao crédito com bancos tradicionais, principalmente tendo em vista que têm um histórico muito recente, com juros menores do que os dessas casas. "Nós conseguimos condições mais competitivas do que instituições financeiras tradicionais principalmente porque atendemos a um nicho específico e procuramos empresas de menor risco", diz Thazhmon.

É um modelo similar ao da fintech Brex que, coincidência ou não, foi fundada no mesmo ano que a Jeeves: 2019. A empresa fundada no Vale do Silício ainda não explorou o mercado latino-americano, o que pode abrir espaço para a fintech que chegou aqui em abril avançar ao longo dos próximos meses. Não sem alguma concorrência: as fintechs Clara e Tribal, mexicana e americana, respectivamente, também estão de olho em aumentar a própria presença por aqui.

Hoje, entre os mais de 3 mil clientes, a Jeeves tem entre seus clientes fora do Brasil alguns nomes conhecidos no mundo das startups. Entre eles, estão Kavak, Justo e Rappi. Agora, o foco será o de replicar o sucesso das operações internacionais também por aqui. Provar que consegue crescer, a empresa já conseguiu: fez uma rodada série C bem sucedida em um momento de ‘inverno’ para as startups de modo geral, contando com investidores como incluindo Andreessen Horowitz (a16z) e Y Combinator. Com o aporte, a Jeeves já recrutou profissionais com alguma expertise em pagamentos, como Arpan Nanavati (ex-PayPal); Trent Beckley (ex-Google); Bhushan Ekbote (ex-Afterpay e Magneto/Adobe) e Victor Garrido (ex-Mastercard).

"Nós vemos que o Brasil pode, em pouco tempo, ter o mesmo patamar de receita e de transações que o México tem para nós. Nós pensamos que, nos próximos doze meses, o país pode se tornar o maior mercado da América Latina para a Jeeves", diz o fundador. Não há uma referência para a quantidade de pagamentos feitos por país, mas, globalmente, US$ 1,7 bilhão em pagamentos passa pela plataforma.

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