Minhas Finanças

IPOs perdem popularidade na Bovespa

Média de investidores nas ofertas iniciais de ações cai pela metade após "sustos" de março e abril e com constante oferta de novos papéis

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Os investidores de varejo parecem estar cada vez menos eufóricos com a corrida das empresas para a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). De janeiro até o início de julho, 32 companhias realizaram ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês). Desse total, nove ainda não encerraram a operação. Os 23 IPOs já concluídos mostram que o número de pessoas físicas participantes está caindo em um ritmo acelerado. Da estréia da construtora PDG Realty, em janeiro, à listagem da empresa de shoppings BR Malls, em abril, cada um dos 12 IPOs realizados no período atraiu uma média de 16.814 pessoas físicas. As 11 operações seguintes atraíram o interesse de apenas 8.048, uma queda de mais de 50% (veja tabela no fim da reportagem).

Outro número ilustra a tendência de baixa dos investidores de varejo - o valor total subscrito por eles em cada operação. Geralmente, as empresas reservam de 10% a 20% das ações para venda ao varejo. Entre a PDG Realty e a BR Malls, as pessoas físicas representaram mais de 10% do valor captado em nove dos 12 IPOs. Nas 11 operações posteriores, apenas uma - a da Fertilizantes Heringer - registrou adesão de 11%. As demais ficaram abaixo de 10%.

Analistas apontam vários fatores para o fim da febre de IPOs. A principal é a queda da rentabilidade inicial. No primeiro trimestre deste ano, ações de algumas ofertas chegaram a subir dois dígitos no primeiro dia de pregão. Os papéis da GVT Holding, por exemplo, estrearam com alta de 27%. Os da São Martinho subiram 18%, e os da Rodobens Negócios Imobiliários, 17%. O ápice do interesse dos investidores ocorreu no IPO da usina São Martinho, que atraiu 24.369 pequenos investidores.

Virada

O principal susto aconteceu com a JBS, controladora do frigorífico Friboi, no final de março. Os papéis, que foram distribuídos por 8 reais cada, fecharam o primeiro dia de negociação a 7 reais, uma desvalorização de 12,5% - ainda que os papéis já tenham se recuperado e fechado ontem a R$ 8,77. Poucos dias depois, a construtora Even começou sua trajetória na bolsa com um recuo de 3,5% sobre o preço de distribuição.

Desde então, são freqüentes os papéis que apresentam retornos tímidos no primeiro dia. A construtora JHSF, por exemplo, viu a cotação subir 0,75%. A Inpar, outra empresa de construção civil, valorizou 0,3%.

Sem os ganhos extraordinários, o interesse também minguou. Parte dos investidores de varejo costuma comprar seus papéis no IPO e vendê-los logo no primeiro dia de pregão, apenas para obter um lucro rápido - operação conhecida no mercado como "flipagem". "Os prêmios estão cada vez menores e afastam quem ';flipa'; o papel", afirma Orlando Zainaghi Júnior, superintendente comercial da Corretora Santander.

Mais cuidado

O grande número de ofertas públicas também deixou os investidores mais seletivos. Como são esperados entre 50 e 60 IPOs somente neste ano, muitos investidores guardam seus recursos apenas para as operações mais atrativas. "Devido aos custos, não compensa participar de todas as emissões. Quanto mais ofertas, mais os investidores vão se distribuir entre elas", afirma André Siqueira, gerente do Home Broker da Fator Corretora.

Para Siqueira, o ritmo de novos investidores de varejo em IPOs não está crescendo na mesma proporção que as aberturas de capital. Segundo as últimas estimativas, há cerca de 250.000 pessoas físicas que aplicam na bolsa. Desse total, calcula-se que entre 25.000 e 30.000 se interessem por empresas novatas. "Cada vez mais, serão as empresas que terão de correr atrás dos investidores, e não o contrário", diz Siqueira.

Analistas apontam ainda uma decisão das empresas e outra da própria Bovespa para a queda na procura. Algumas empresas elevaram o valor mínimo a ser reservado por cada investidor nas ofertas. IPOs realizados há alguns meses como os do banco Pine, da São Martinho e da fabricante de material hospitalar Cremer permitiam a reserva de apenas mil reais. Já para entrar em ofertas mais recentes, como da empresa de logística Tegma e da construtora MRV, o investidor se compromete a desembolsar ao menos 5 mil reais. No caso extremo do banco Indusval, esse valor sobe para 50 mil reais - montante altíssimo para a maior parte das pessoas físicas.

Já a Bovespa ameaçou tomar medidas para limitar a "flipagem" nas operações. Dirigentes da Bolsa defenderam classificar quem vende constantemente suas ações no dia do início das negociações como "investidor especulativo". Em caso de rateio em uma oferta subseqüente, esse investidor teria direito a menos ações que os investidores com um histórico de aplicações de médio e longo prazo. Apesar de nenhuma medida concreta ter sido efetivamente tomada, a ameaça causou desinformação e contribuiu para afugentar parte dos investidores, segundo analistas.

 

EmpresaPessoas Físicas
PDG Realty
11.826
Rodobens Neg. Imob.
13.963
Camargo Corrêa Des. Imob.
22.002
Tecnisa
17.187
Shopping Iguatemi
16.710
São Martinho
24.369
GVT Holding
14.427
Anhanguera
13.593
JBS
22.662
Pine
20.007
Even
11.251
BR Malls
13.777
Fert. Heringer
9.169
JHSF
4.524
Metalfrio
9.576
Bematech
8.629
CR2
2.755
Agra
5.328
Cremer
9.370
Wilson Sons
11.775
Sofisa
7.238
Tarpon Invest
10.631
Inpar
9.532
Paraná Banco*
nd
SLC Agrícola*
nd
Log-In*
nd
EZ Tec*
nd
Cruzeiro do Sul*
nd
Daycoval*
nd
Marfrig*
nd
Tegma*
nd
Drogasil*
nd
* Dados Preliminares 
Fontes: Bovespa, CVM e Empresas 
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