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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.
Os prognósticos para os próximos dias são ruins. Segundo operadores, a queda registrada entre os dias 19 e 23 de maio teve como principal causa a saída dos investidores estrangeiros do mercado brasileiro. Mas, nesta quarta-feira, isso mudou. Uma parcela mais expressiva da queda foi provocada por vendas de brasileiros. "A bolsa vinha acompanhando os mercados internacionais e subindo junto com o preço de commodities como ouro, níquel, zinco", afirma Décio Pecequilo, analista da corretora Geração Futuro. Mas a venda de papéis, que causou na segunda-feira (22/5) uma queda de 3,3% no principal índice da bolsa, o Ibovespa, afetou os negócios de hoje.
Para Carlos Augusto Levorin, economista da ClickInvest, a alta do dólar também não é efeito passageiro. "Vejo que a turbulência vai demorar um tempo até que todo mundo retire a cautela quanto a juros maiores nos Estados Unidos", diz.
Temerosos de que os investidores internacionais demorem a voltar, os brasileiros começam a vender suas posições em ações, pressionando ainda mais os preços para baixo. Sem o suporte do generoso fluxo internacional de dólares, não há como o mercado de ações se sustentar nos patamares que valiam no fim da semana passada.
Qual a razão de tamanha queda? Para os especialistas, o mercado financeiro americano - que dá o tom de todos os demais - está atravessando o fim de um ciclo monetário fortemente expansionista e estréia um período de política monetária neutra. Durante vários anos, entre 2001 e 2005, os juros ficaram muito baixos nos Estados Unidos, numa tentativa das autoridades de aliviar o impacto da explosão da bolha da Nasdaq em 2001 e das crises dos anos seguintes.
Agora, com a forte alta dos preços do petróleo e a ameaça de um leve aumento da inflação americana, as autoridades começaram a elevar os juros. Em poucos meses, os juros subiram de 1,75% ao ano para 5%. O mercado esperava que os 5% fossem o teto, mas recentes declarações do presidente do Federal Reserve (FED, o banco central americano), Ben Bernanke, levaram os especialistas a esperarem altas suplementares de juros.
Essa mudança de perspectiva alterou fortemente as expectativas e a atuação dos investidores internacionais. Os mercados emergentes, que eram quase uma coqueluche nos últimos meses, passaram a ser vistos com mais reservas. Brasil, Turquia, África do Sul - todos os mercados acionários e de títulos desses países vêm sofrendo nos últimos dias em virtude das vendas dos estrangeiros.
Agora, os investidores nacionais começam a se desfazer de suas posições, à espera de um novo ponto de equilíbrio para os preços. Enquanto isso não ficar claro, a turbulência será elevada e a recomendação para a maioria dos investidores é de cautela.