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É hora de lucrar com o sobe-e-desce da bolsa

Estratégias permitem obter retornos positivos mesmo com a queda das ações

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Há uma máxima no mercado acionário que diz que se alguém está perdendo é porque tem alguém ganhando. Nem sempre queda nas ações significa perda, assim como alta não é sinônimo de ganhos. Tudo depende de como o investidor está posicionado na bolsa. Se suas projeções se concretizam, o resultado é lucro, ainda que as ações tenham perdido valor.

A grande dificuldade nos últimos tempos, dizem os especialistas, não está na desvalorização dos papéis, mas na instabilidade provocada pelas dúvidas quanto ao futuro da economia. Sem um horizonte claro, qualquer posicionamento no mercado acionário transforma-se em um jogo de apostas. Existem, porém, estratégias que oferecem retornos positivos mesmo em cenários de grande instabilidade. Mas não se iludam aqueles que acreditam no ganho fácil. "Nenhuma dessas estratégias está livre de risco. 2009 será um ano para profissionais", ressalta Marcelo de Faro, economista-chefe da Intra Corretora.

Isso não significa, entretanto, que os pequenos investidores terão de ficar fora da bolsa. A indicação dos especialistas para quem não tem tempo ou conhecimento suficiente para acompanhar o mercado é investir em fundos multimercados e de ações que adotam essas estratégias.

Uma das mais conhecidas é a long-short, ou comprado e vendido. A idéia por trás dessa operação é negociar duplas de ações, comprando (long) aquelas que apresentam tendência de alta e vendendo (short) as que têm projeção de queda. Os pares podem ser formados por papéis da mesma empresa - ordinária (ON) contra preferencial (PN) -, do mesmo setor ou de setores diferentes. "O importante é que haja uma lógica que justifique a relação entre os papéis", diz Eduardo Favrin, diretor de Renda Variável do HSBC Global Asset Management.

Mas como vender algo que não se tem? Por meio do aluguel de ações. O primeiro passo para realizar uma operação long-short é alugar a ação que se deseja vender. As próprias corretoras negociam os papéis de clientes que pretendem carregar a ação por um longo período de tempo, como fundos de pensão e pessoas físicas. Assim como na locação de um imóvel, o contrato estabelece a remuneração e um prazo de vigência. De posse das ações, o investidor as vende na bolsa e, com o dinheiro obtido, compra as ações que espera que subam.

Ao desmontar a operação, haverá três cenários possíveis: no melhor deles, as ações compradas subiram e as alugadas caíram. Nesse caso, o investidor venderá as ações compradas com lucro e recomprará as ações alugadas - que foram vendidas no começo da operação e agora precisam ser devolvidas ao dono - por um valor menor. Se os dois papéis caírem ou subirem, o investidor também poderá sair ganhando. Para isso, basta que a ação comprada tenha caído menos ou subido mais que a ação alugada. A diferença entre os papéis será o lucro. O prejuízo só vira se o investidor errar na escolha do par. Nesse caso, o papel alugado terá subido mais ou caído menos que o comprado. O investidor, então, terá que desembolsar dinheiro para recomprar as ações alugadas.

Os fundos também costumam utilizar derivativos em suas carteiras. Os gestores podem fazer inúmeras combinações, mesclando operações nos mercados à vista, de futuros, de opções e a termo. Dentre as mais utilizadas está o chamado financiamento de opções: o gestor compra uma ação no mercado à vista e, ao mesmo tempo, vende uma opção de compra (call) dessa ação.

Digamos que ele realize a operação com uma ação da Petrobras e que, neste dia, pague 26,90 reais no mercado à vista pelo papel. No mercado de opções, ele vende uma opção de compra desta ação e recebe por ela 0,55 real. O seu desembolso, portanto, foi de 26,35 reais. Imaginemos que a opção de compra lançada por esse gestor tenha um valor de exercício de 30,00 reais. Ou seja, se no vencimento a ação no mercado à vista estiver cotada acima de 30,00 reais, quem comprou essa opção exercerá seu direito de obter a ação da Petrobras pelos 30,00 reais. O gestor, apesar de vender o papel por um valor abaixo do de mercado, também terá lucrado com a operação. Além do 0,55 real embolsado com a venda da opção, ele terá ganho 3,10 reais com a valorização do papel desde a sua compra até a venda. O gestor só perderia dinheiro se no dia do exercício a ação estivesse cotada abaixo de 26,35 reais. A situação ideal, entretanto, aconteceria se o valor da ação no vencimento da opção se encontrasse entre 26,35 reais e 30,00 reais. Nesse caso, o gestor receberia 0,55 pela venda da opção e ainda ficaria com a ação ao final da operação, já que para o comprador da opção não valeria a pena exercer seu direto de compra.

Ajuste de estratégia
Em 2008, os fundos de ações e multimercado sofreram com a revira-volta na bolsa, que até então acumulava cinco anos consecutivos de alta. Os gestores se viram obrigados a rever estratégias, e os resultados deste começo de ano mostram que os efeitos começam a ser sentidos. Alguns produtos chegam a acumular ganhos de até 17% em 2009 até o dia 11 de fevereiro, muito acima do Ibovespa e do CDI, que somam alta de 8,8% e 1,4%, respectivamente.

Na avaliação do gerente de Análise da Modal Asset Management, Eduardo Roche, há muitas oportunidades no mercado para serem aproveitas, principalmente por quem pode aplicar no longo prazo. "A crise obrigou os gestores a incrementarem suas análises, estudando pontos que antes não eram considerados. Isso deve resultar em oportunidades que até então não eram percebidas", diz.

O tempo de ganhos fáceis, na opinião de Roche, acabou. Gerir um fundo daqui pra frente vai exigir cada vez mais agilidade e habilidade para trabalhar com volatilidade. Nesse ponto, os fundos multimercados levam vantagem sobre os de ações. "Por outro lado, a grande oportunidade de comprar ações baratas está nos fundos de ações", pondera Roche.
 

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