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Greenspan defende a nacionalização de bancos dos EUA

Um dos maiores defensores do liberalismo econômico agora diz que a nacionalização dos bancos pode ser a opção "menos ruim"

Ex-presidente do Fed Alan Greenspan: nacionalizar bancos é a opção "menos ruim" (.)

Ex-presidente do Fed Alan Greenspan: nacionalizar bancos é a opção "menos ruim" (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

O ex-presidente do Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos) Alan Greenspan afirmou que o governo americano pode ser obrigado a nacionalizar alguns bancos americanos de maneira temporária para evitar o aprofundamento da crise financeira e para a normalização do crédito.

Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, Greenspan, que sempre foi tido como um dos principais defensores do liberalismo econômico, afirmou que a nacionalização de parte do sistema financeiro pode ser a "opção menos ruim" a ser tomada pelos governantes americanos. Greenspan não fez uma avaliação direta das medidas que já foram tomadas pelas equipes econômicas de George W. Bush e Barack Obama, mas, ao menos até agora, as ações ainda não conseguiram recuperar a confiança no sistema financeiro.

"Talvez seja necessário temporariamente nacionalizar alguns bancos de forma a facilitar uma reestruturação mais ordenada", afirmou o presidente do Fed, em um discurso bastante pragmático. "Eu entendo que uma vez a cada cem anos é isso que você tem que fazer."

Nesta terça-feira, após mais um dia de extremo nervosismo no sistema financeiro, com ações de bancos caindo ao redor do planeta, até mesmo membros do Partido Republicano, tido como contrário à intervenção do estado na economia, também defenderam ideias parecidas com a de Greenspan. "Nós precisamos nos concentrar no que funciona", afirmou o senador Lindsey Graham, um Republicano da Carolina do Sul. "Se a nacionalização é o que funciona, então nós devemos fazer isso."

Até agora, os políticos americanos vinham se mostrando reticentes até mesmo para transferir os créditos podres dos bancos para uma instituição estatal. O problema é que para resgatar o sistema financeiro dessa forma, o governo americano teria de pagar mais caro por esses papéis do que a cotação atual. Para isso, entretanto, o governo teris de enfrentar e vencer uma radical oposição do Congresso, já que o eleitor e contribuinte americano não concorda com a utilização do dinheiro público para resgatar as instituições.

Na entrevista ao Financial Times, concedida momentos antes de um discurso no Clube de Economia de Nova York nesta terça-feira, Greenspan defendeu uma solução que talvez seja ainda mais impopular. ele afirmou que "em alguns casos, o solução menos ruim para o governo é assumir o controle temporário" dos bancos com problemas por meio do FDIC (o fundo garantidor de crédito dos EUA) ou por outros mecanismos. Nesse período de nacionalização, o governo poderia "transferir ativos tóxicos para um bancos ruim sem o problema de ter de precificá-los".

Mea culpa

Em outubro do ano passado, Greenspan já havia dados sinais de que suas convicções no livre mercado estavam abaladas. Na época, ele admitiu ter errado ao confiar na livre regulamentação do sistema financeiro - um modelo que defendeu por décadas.

"Cometi um erro na presunção de que o autointeresse de organizações, especificamente bancos e outros, seria capaz de proteger melhor seus próprios interesses e de seus acionistas", disse Greenspan. Ele citou especificamente a falta de regras para a negociação de derivativos de crédito imobiliário como um dos equívocos de sua gestão de 18 anos à frente do Fed.

No desabafo, Greenspan se disse "chocado" ao perceber que o livre mercado havia falhado. "Essa é precisamente a razão pela qual eu fiquei chocado, porque entendi por cerca de quarenta e poucos anos, com muitas evidências, que ele [o mercado] estava trabalhando excepcionalmente bem", disse. "Esta crise acabou por se revelar bem mais vasta do que qualquer coisa que eu poderia ter imaginado."

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