São Paulo, 29 de agosto (Portal EXAME) O Tesouro Nacional coloca nas ruas a partir deste final de semana uma extensa campanha publicitária que pretende elevar o número de investidores cadastrados no Tesouro Direto, serviço que permite a compra de títulos da dívida pública federal pela Internet. A campanha, assinada pela agência Duda Associados, foi anunciada nesta sexta-feira (29/8) por Joaquim Levy, secretário do Tesouro Nacional.

As peças, que estarão em jornais, revistas, rádios e sites da internet, mostrarão que os papéis da dívida pública brasileira, antes restritos a um grupo de grandes investidores, encontram-se disponíveis para qualquer pessoa pela internet. O Tesouro Direto foi criado em janeiro 2002 e já conta com 13 035 aplicadores. Até 28 de agosto, já reunia um volume de 217,1 milhões de reais. A expectativa do governo é elevar o número de aplicadores para 75 000 até o final do ano.

Para comprar títulos pela internet, o investidor se cadastra em uma corretora, recebe uma senha e quita a operação por meio de um boleto bancário. O governo e a Câmara Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) estão ampliando o sistema para que a aquisição possa ser feita nos sites de bancos e corretoras e o débito caia diretamente na conta corrente do investidor.

Esperamos contar com a adesão dos bancos , diz Levy. Segundo o secretário, uma grande instituição financeira oficial já se prepara para realizar o serviço em breve. O governo considera o Tesouro Direto um instrumento para diversificação a base de investidores em títulos públicos o que permitira a redução no custo de captação para o Tesouro Nacional e uma administração mais eficiente da dívida pública no longo prazo.

Previdência privada

Para Paulo Fontoura Valle, coordenador geral de Operações da Dívida Pública, o Tesouro Direto não deve ser visto apenas como uma forma de investimento: É também uma opção de previdência privada , diz. O investidor pode comprar títulos pela internet com diferentes datas de resgate para garantir uma renda após a aposentadoria. Os títulos públicos chegam a ter 30 anos, mas o papel tem liquidez: os leilões de recompra ocorrem todas as quartas-feiras. Sobre a operação recai Imposto de Renda (20% sobre o rendimento) e também a CPMF, mas o aplicador está livre das taxas cobradas por fundos de investimentos e de previdência privada. Segundo José Antonio Gragnani, títulos públicos podem ser adquiridos pela internet também na Espanha e nos Estados Unido, sendo que neste último o sistema virtual movimenta 66 bilhões de dólares por ano.

O valor mínimo da operação no Brasil é de 200 reais. A média fica entre mil e 5 000 reais. Por intermédio do Tesouro Direto, o investidor pode comprar Letras do Tesouro Nacional (LTN), com juros pré-fixados, Letras Financeiras do Tesouro (LFT), atreladas à variação da Selic, e também Notas do Tesouro Nacional, séries C (NTC-C), vinculadas ao IGP-M. O Tesouro Direto também irá oferecer títulos em Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), novo papel, hoje de uso restrito, que será oferecido aos investidores a partir de setembro. Títulos cambiais não estão disponíveis pela internet.

Maioria masculina

Os homens são maioria entre os investidores do Tesouro Direto. Segundo apuração realizada pelo Tesouro Nacional, representam 86,8% do total. Os jovens representam a maior parcela (64,5%), mas um contingente mais maduro, entre 40 e 60 anos já representa uma parcela significativa (28,8%).

Segundo Levy, esse tipo de aplicação é recomendado para investidores de qualquer idade, principalmente para os que pretendem fazer uma previdência privada: Pelo que apuramos, o investidor mais novo tem oito meses de idade, e o mais velho, 95 anos , diz o secretário.