São Paulo – Eles fazem mais acontecer com menos dinheiro. Preferem pagar à vista a usar o cartão de crédito. Só gastam mais do que a geração anterior com café e fast food. Não querem correr muitos riscos com investimentos. Esses são os hábitos financeiros da geração Y, que hoje compreende pessoas entre 18 e 34 anos.
Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos pelo TD Bank, um dos dez maiores bancos do país, revelou que essa geração sabe aproveitar a vida sem sair quebrada.
Em média, um millenial – como também é chamado alguém que faz parte da geração Y – gasta 19% menos dinheiro do que um consumidor médio norte-americano, 27% menos do que alguém da geração X (entre 35 e 50 anos) e 23% menos que um baby boomer, filho do pós-guerra.
Os millenials também gastam menos com lazer, apesar de saírem para se divertir duas vezes mais do que a geração X e três vezes mais do que os baby boomers. Mas se alimentam mais de cafeína e fast food, as únicas categorias da pesquisa em que eles demonstraram gastar mais.
O cartão de crédito não é mais a forma de pagamento preferida dessa geração, que gasta 22% menos no cartão do que a média dos americanos. Em vez de ter dívidas a pagar, eles preferem usar o débito, os cheques ou mesmo dinheiro vivo. Quase 40% dos millenials entrevistados nos Estados Unidos nem sequer tinham um cartão de crédito.
Para realizar a pesquisa, o TD Bank entrevistou 1.500 consumidores millenials nos Estados Unidos, durante o mês de abril.
Ainda que a pesquisa mostre que os americanos da geração Y gastam menos do que de outras, ela pode não ser tão conclusiva pois não considera o fato de que talvez os millenials também ganhem menos, o que pode explicar as despesas menores.
Conservadores
Os millenials são mais conservadores na hora de investir em aplicações do que seus pais, como mostrou outra pesquisa, realizada pela corretora UBS Wealth Management Americas, nos Estados Unidos.
Os jovens investidores estão indo contra o velho conselho de planejadores financeiros de colocar dinheiro em investimentos mais arriscados no início, para depois migrar para aplicações mais conservadoras à medida que a aposentadoria se aproxima.
Os millenials investem para realizar objetivos de curto prazo e, diferente dos seus pais ou avós, não estão preocupados em construir riqueza para o futuro. Essa, talvez, seja uma das principais críticas que especialistas em finanças têm em relação à essa geração.
Em vez de comprar, viver experiências
Mais do que comprar um carro, por exemplo, os millenials estão interessados em gastar seu dinheiro com experiências, como mostrou uma pesquisa realizada no ano passado pela plataforma norte-americana Eventbrite.
Ao serem perguntados sobre o que escolheriam fazer se tivessem dinheiro, três em cada quatro millennials responderam que preferem ter uma experiência como um show ou uma atividade física a comprar um bem.
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1. O que querem os jovens de 18 a 34 anos?
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São Paulo – Conectados, sedentos por informação e pouco ambiciosos. Uma pesquisa lançada recentemente mostra o que pensam e o que querem os
jovens brasileiros da chamada
geração Y, que hoje estão na faixa dos 18 aos 34 anos. Um breve resumo (porque o tempo para eles é precioso): ter uma
família menor do que a dos seus pais, ganhar o suficiente para ter uma vida confortável e poder conhecer novas culturas. “Eles são mais imediatistas e pensam primeiro no ‘eu’, querem ter uma família, mas dizem que não há nada muito definido sobre isso”, diz Ilton Teitelbaum, coordenador do Núcleo de Tendências e Pesquisa do Espaço Experiência, vinculado à Faculdade de Comunicação Social (FAMECOS) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), responsável pelo projeto. A pesquisa, realizada entre 31 de março e 27 de abril deste ano, ouviu 1.500 jovens espalhados pelo país. Navegue pelas imagens e veja outras características dessa geração – e como eles mudam conforme a região.
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2. Eles querem uma família, mas ela não precisa se encaixar em padrões
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Assim como seus pais e avós, os jovens de hoje querem constituir uma família. Hoje, no entanto, não interessa muito se ela é formada por um homem, uma mulher e filhos, por dois homens e filhos ou apenas por um casal. “É uma questão mais funcional, como se fosse um jogo de blocos de montar. O jovem pode montá-la da forma como quiser, desde que seja bom para todos os indivíduos envolvidos”, explica Ilton Teitelbaum, da PUCRS. A visão de família dessa geração, segundo o pesquisador, é muito prática. Para eles, as principais funções de um arranjo familiar são compartilhar problemas, realizar viagens, fazer ao menos uma refeição durante a semana e compartilhar despesas. Com relação ao planejamento da família, 64% esperam ter um ou dois filhos ao longo de suas vidas. Para quase metade dos jovens, no entanto, não é preciso ter um parceiro fixo para tirar o plano do papel. A principal preocupação antes de ter uma criança é estar financeiramente estável.
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3. Eles acreditam em Deus, mas dispensam as instituições religiosas
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O catolicismo é a crença com mais adeptos no Brasil, sendo a religião de 34,3% dos jovens de 18 a 34 anos. Há, no entanto, um forte movimento chamado pelos pesquisadores de “Fenômenos sem Religião”: são 32% dos jovens que se declaram como ateus, agnósticos ou se incluem na chamada “Fé sem religião”, a crença em uma entidade maior sem a presença de uma religião. No Nordeste há mais católicos, no Norte mais evangélicos e no Sul e no Sudeste mais ateus. Quando pensam em religião dentro de um núcleo familiar, os jovens acreditam que cada um deve ter a liberdade de ter uma filosofia própria. Apenas 12,5% dos entrevistados afirmaram que os membros de uma mesma família devem ter as mesmas crenças.
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4. Eles querem absorver culturas e viajar o mundo
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Conhecer várias culturas viajando pelo mundo foi apontado por 72,9% dos jovens como o maior sonho de suas vidas. Em seguida vem uma boa formação na faculdade, seguido de ser capaz de ajudar os outros a mudar suas realidades de vida. Esses objetivos variam conforme a região. No Norte e no Nordeste há mais pessoas que consideram ser um sonho/objetivo ter uma boa formação na faculdade. Uma explicação provável para isso, segundo os pesquisadores, é o fato destas regiões terem níveis educacionais e taxas de alfabetização abaixo dos níveis nacionais.
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5. Eles querem dinheiro, mas só o suficiente para “pequenos luxos”
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Cerca de 43% dos jovens ambiciona ganhar o suficiente para ter “pequenos luxos”. Outros 43% esperam receber um valor que permita levar a vida de forma confortável. Menos de 10% deles esperam enriquecer. Para Ilton Teitelbaum, da PUCRS, a ideia de ficar rico já não faz parte da rotina dos jovens. “Não é possível saber se isso é um reflexo de uma desilusão ou uma nova forma de encarar a vida. O fato é que a cultura dos jovens de hoje não é tão patrimonialista como foi a de seus pais”. Nas regiões Sul e Sudeste, a maior tendência é o acúmulo de riquezas, enquanto nas demais regiões os jovens esperam ter o bastante para o conforto.
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6. Eles dependem muito da internet e saem pouco de casa
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6/7 (Fred Dufour/AFP)
Acessar redes sociais, escutar música, buscar informações na internet, assistir TV e jogar games são as principais atividades da rotina da geração Y. Ligados à tecnologia, eles dependem da tríade internet, computador e celular – e preferem esses itens em comparação com outros como carro, telefone fixo, ar condicionado ou freezer. As atividades por região são parecidas, mas no Sul e no Sudeste é maior o interesse por games e menor o interesse na busca por informação. No Sul e no Centro-Oeste há um grande interesse por festas. No Centro-Oeste, no Nordeste e no Norte é maior o interesse por informações e televisão.
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7. Veja agora quais são as cidades dominadas por crianças
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7/7 (Divulgação/Prefeitura de Fortaleza)