Homem preocupado: aceitar todas as antigas despesas de volta pode estourar o orçamento pessoal, diz planejadora financeira (MangoStar_Studio/Getty Images)
Marília Almeida
Publicado em 23 de maio de 2022 às 06h00.
Última atualização em 13 de junho de 2022 às 12h40.
A maioria dos trabalhadores estão sentindo o peso da volta do trabalho presencial no bolso: 55% apontam aumento nos gastos com mobilidade, alimentação e vestuário. É o que mostra uma pesquisa com mais de 700 pessoas realizada pela empresa de benefícios e alimentação Ticket.
Pressionam ainda a conta o fato de que itens como combustível e alimentação sofreram aumentos significativos decorrente da inflação. "A alta dos preços vem ocorrendo durante o período de pandemia no qual os colaboradores trabalharam de forma remota", comenta José Ricardo Amaro, diretor de recursos humanos da Ticket.
As restrições provocadas pela pandemia fizeram muita gente economizar dinheiro, e muitos se acostumaram com esse novo orçamento, diz Eliane Tanabe Deliberali, planejadora financeira CFP pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro - Planejar. 73,9% dos brasileiros afirmam que economizaram nos últimos 12 meses uma média de R$ 38 mil por conta do home office, segundo pesquisa da Cisco.
"Por um lado, agora há menos gastos com mercado e energia elétrica quando vamos ao escritório. Mas mesmo com essa compensação a conta sai, em geral, mais cara", diz Tanabe. Fábio Gallo, professor de finanças da PUC-SP, indica refazer o orçamento. "São muitas mudanças. Não dá para só remendar, até porque as receitas de muitas pessoas também foram alteradas durante a pandemia."
Mas dá para amenizar o efeito das novas despesas, segundo Tanabe. "Quem voltou ao trabalho 100% presencial ou híbrido precisa ser criativo. Aceitar todas as despesas de volta pode estourar o orçamento. Tem de colocar os gastos na ponta do lápis e ver se cabem na nova realidade. Se não couberem, se readaptar de maneira econômica pode ser libertador".
Veja abaixo as dicas da planejadora financeira para voltar ao escritório sem ter prejuízos:
Ir de carro ao trabalho acarreta não apenas em gastos com combustível, mas no pagamento de estacionamento e manutenção do veículo.
Quem deseja economizar deve optar por caminhadas, transporte público ou apps de caronas.
Preferir carros de aplicativos também pode fazer sentido, especialmente para quem está em regime de trabalho híbrido e mora perto do trabalho, já que dispensa gastos com estacionamento e manutenção do carro.
Não é apenas o almoço que pesa no bolso no trabalho presencial, mas também o cafezinho, lanche da tarde e até happy hours.
Aqui, não há segredo para economizar, diz Tanabe. "A alternativa é levar comida de casa, que é mais barata e saudável".
Outra forma de gastar menos é priorizar restaurantes com preços que caibam no tíquete refeição diário, no caso de trabalhadores que recebem o benefício. Restaurantes mais baratos em apps de entrega também são opções, caso haja uma copa para almoçar no escritório.
Roupas, calçados, maquiagem e acessórios: gastos que foram aliviados no período de home office voltam agora a fazer parte do orçamento.
Quer um visual novo, mas o orçamento está restrito? A saída pode ser investir em acessórios diferentes, que mudam o visual conforme a composição das peças, diz Tanabe.
Gostou do conforto do home office? Pode ser o momento de repensar as roupas do trabalho e buscar itens mais econômicos.
Outra dica é comprar roupas usadas em sites de economia circular. Um modo de controlar gastos pode ser colocar peças que não usa à venda e utilizar o valor arrecadado com o desapego para adquirir novas, indica Tanabe.
Fora de casa novamente, muitas pessoas podem ter recontratado babás, domésticas e até planos de celulares.
Tudo isso também tem de ser incluído no orçamento como forma a não ter surpresas no final do mês.