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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
A Saraiva, por sua vez, tem no governo um porto seguro contra a crise, diz a Fator. Grande parte das vendas de livros didáticos, de acordo com a corretora, será destinada ao setor público. Com isso, é esperado um aumento de 38,8% na receita líquida do quarto trimestre de 2008, mesmo com a desaceleração nas vendas pela internet.
Já a B2W, criada da fusão entre Americanas.com e Submarino, não poderá contar com a mesma sorte. A queda na confiança do consumidor e a menor disponibilidade de crédito no mercado atingiram em cheio a companhia, que concentra grande parte de suas vendas em eletroeletrônicos. Sem garantia de emprego e com dificuldades para obtenção de financiamentos, os consumidores preferiram adiar seus planos de compras de bens duráveis, colocando a empresa em situação delicada. Para impedir uma queda ainda maior nas vendas, a B2W evitou repassar para os preços a alta no dólar, o que deve reduzir suas margens de lucros. A Fator estima que a margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização caia de 15,1% no último trimestre de 2007 para 13,4% no mesmo período de 2008. "Por outro lado, esperamos melhorias de eficiência operacional com a conclusão da integração dos centros de distribuição", afirma a corretora em relatório.
Olhando a médio e longo prazo, a corretora Ativa vê boas perspectivas para a companhia. "Embora acreditemos que os papéis da empresa deverão sofrer no curto prazo com a redução de seu ritmo de expansão este ano, suas ações indicam um significativo potencial de valorização", diz a analista Luciana Leocadio em relatório divulgado no dia 13 de janeiro. A corretora projeta preço-justo de 41,05 reais para os papéis da empresa no final do ano.
A Lojas Americanas, que é sócia da B2W, também deve registrar perdas com a variação cambial, embora em menor escala. Como as lojas físicas da empresa contam com uma participação menor dos eletroeletrônicos nas vendas, o impacto da valorização do dólar será minimizado. No entanto, a Fator ressalta que a entrada do Magazine Luiza na cidade de São Paulo prejudicou o desempenho da companhia, que deve ter seu crescimento de vendas reduzido a 15,3% no quarto trimestre do ano passado em relação ao mesmo período de 2007.
Com a piora do cenário econômico, a Brascan acredita a Lojas Americanas irá revisar seus investimentos, reduzindo o número de inaugurações de lojas. A retomada do ritmo de expansão, porém, deverá acontecer já a partir de 2010.
Para Lojas Renner e Guararapes, controladora da Riachuelo, a Fator também projeta desaceleração nas vendas em função do cenário menos favorável para compras.
Tempos difíceis
Enquanto não houver uma melhora no cenário econômico, não há como esperar a retomada no ritmo de crescimento do comércio. E, por enquanto, os indicadores econômicos mostram que ainda não há sinais de bonança.
A última sondagem da Fundação Getúlio Vargas aponta que desde o início da pesquisa, em 2005, os consumidores nunca estiveram tão pessimistas em relação à aquisição de bens duráveis. Em janeiro, a intenção de compra dessa classe de produto, que inclui automóveis e eletrodomésticos, caiu 5,5% em relação ao mês anterior.
O gerente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo, ao divulgar os números referentes à Pesquisa Mensal de Emprego de dezembro, comentou que os reflexos da crise global sobre o mercado de trabalho devem aparecer com força em janeiro, refletindo a demissão de temporários do comércio e o aumento pela procura de trabalho.
Em dezembro, segundo dados do Ministério do Trabalho, 654 mil vagas foram fechadas, o dobro do número tradicionalmente registrado nessa época do ano.