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Empresa de etanol acumula a maior queda do índice Bovespa

Nenhuma outra ação do Ibovespa teve neste ano desvalorização tão grande quanto as da maior produtora de açúcar e álcool do país, a Cosan

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

A Cosan, maior produtora de açúcar e álcool do Brasil, vive uma situação agridoce. De um lado, a companhia é incensada pelos especialistas como uma das que mais se beneficiarão com o impulso do mercado mundial de etanol. De outro, não vê seu prestígio junto ao público se refletir em aumento de valor. Pelo contrário: apesar da euforia no mercado acionário brasileiro, as ações da Cosan apresentam neste ano a maior queda acumulada entre as 60 empresas que compõem o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo. Até segunda-feira (4/6), a Cosan, que é listada no Novo Mercado, acumulava perdas de 16%, à frente da Natura (-11%), e da Aracruz (-10,1%). No mesmo período, o Ibovespa registrava alta de 19,72%, segundo a consultoria Economática (veja tabelas abaixo).

Pioneira do setor sucroalcooleiro ao abrir capital em novembro de 2005, a Cosan conta com números financeiros positivos. Nos três trimestres de seu atual exercício fiscal (de 1º de maio de 2006 a 31 de janeiro de 2007), a empresa apresentou receita líquida de 2,923 bilhões de reais, 69% maior que os 1,730 bilhão do mesmo período do exercício anterior. O lucro líquido acumulado foi de 192,5 milhões de reais, ante prejuízo de 63,7 milhões no período anterior.

O desempenho financeiro, porém, não é suficiente para estancar a queda dos papéis na Bovespa. Segundo Alexandre Vianna, superintendente de renda variável da corretora Sul América, o problema da Cosan é a superprodução mundial de açúcar, que pressiona os preços da commodity e contamina o preço das ações. "Os investidores realmente se assustam, quando vêem a situação do mercado de açúcar, e isso tem muito impacto na avaliação de empresas sucroalcooleiras", afirma. Nesta terça-feira (5/6), o preço do produto, na Bolsa de Nova York, chegou a 8,56 centavos de dólar por libra. Há cerca de um ano, os contratos eram negociados a 12 centavos.

Sotaque indiano

Desde o ano passado, diversos países vêm aumentando a produção de açúcar, o que contribui para manter os preços baixos. A bola da vez é a Índia. Em meados de maio, o país anunciou a remoção de barreiras que dificultavam as exportações dos produtores locais. O objetivo é escoar o excedente de açúcar para outros mercados. Segundo estimativas do governo indiano, na atual safra, que termina em setembro, devem ser colhidos o equivalente a 26 milhões de toneladas de açúcar - um volume recorde e 37% maior que os 19 milhões de toneladas de 2006. Este será o segundo ano de forte crescimento da produção indiana, pois, em 2005, o país havia colhido cerca de 13 milhões de toneladas.

O último relatório trimestral da Organização Internacional do Açúcar (OIA), divulgado em maio, estima que, em 2007, haverá um excedente mundial de 9,1 milhões de toneladas de açúcar - o maior já registrado pela associação. A produção global deve alcançar 162,621 milhões de toneladas, mas a demanda ficará em 153,506 milhões. As transações internacionais também serão afetadas. A OIA prevê que o total disponível para exportações supere em 3,2 milhões de toneladas a demanda por importações.

As perspectivas para 2008 também não são otimistas. A organização espera que o excedente mundial recue para 6 milhões de toneladas, mas destaca que grandes produtores, como Brasil, Índia e Austrália já anunciaram sua disposição de elevar a área plantada. Ontem, em São Paulo, o megainvestidor George Soros alertou que pode sobrar etanol no Brasil se o país não conseguir negociar com outros países a abertura de mercado para as exportações.

Etanol

Com esse cenário, as boas perspectivas de crescimento do consumo mundial de etanol pouco ajudam a conter as perdas dos papéis da Cosan. Segundo Vianna, da Sul América, é verdade que os produtores brasileiros podem equilibrar a quantia de álcool e açúcar fornecidos de acordo com a demanda e os preços, mas a existência de contratos de longo prazo com os clientes limita a margem de manobra.

Além disso, o principal negócio da Cosan ainda é o açúcar. Nos três trimestres deste exercício fiscal, a receita com vendas de açúcar somaram 1,835 bilhão de reais, sendo 1,564 bilhão oriundos de exportações. As receitas com álcool somaram 916,4 milhões de reais - e maior parcela, 651,5 milhões, foi conseguida no mercado interno. "A sensação é que o pior momento já passou, mas o cenário ainda requer cuidados", afirma Vianna.

A Cosan não é a única do setor a ser castigada na Bovespa pela superprodução mundial de açúcar. A São Martinho, que lançou suas ações no mercado em fevereiro deste ano, acumula perdas de 9,48% nos últimos 30 dias.

 ClasseSetorVariação acumulada no ano (até 04 de junho) em %
AcesitaPN Siderur & Metalur 31,2
ALL America LatinaUNT N2Transporte Serviç 11,2
AmbevPN Alimentos e Beb 29,0
AracruzPNB Papel e Celulose -10,1
Arcelor BRON Siderur & Metalur 30,4
Bco Itau Hold FinanPN Finanças e Seguros 14,0
BradescoPN Finanças e Seguros15,6
BradesparPN Outros 49,2
BrasilON Finanças e Seguros 29,1
Brasil T ParPNTelecomunicações 34,8
Brasil TelecomPN Telecomunicações 30,9
BraskemPNA Química 8,9
CCR RodoviasON Transporte Serviç 12,6
CelescPNB Energia Elétrica 19,9
CemigPN Energia Elétrica 20,5
CespPNB Energia Elétrica 43,4
ComgasPNA Petróleo e Gas 35,7
CopelPNBEnergia Elétrica 27,2
CosanON
Alimentos e Beb
-16,0
CPFL EnergiaON Energia Elétrica 26,0
Cyrela RealtyON Construção22,3
EletrobrasPNB Energia Elétrica 12,2
Eletropaulo MetropoPNB Energia Elétrica 21,1
EmbraerON Veiculos e peças 5,9
Embratel PartPN Telecomunicações 5,3
GerdauPN Siderur & Metalur 33,5
Gerdau MetPN Siderur & Metalur 40,2
GolPN Transporte Serviç 1,0
Ipiranga PetPNPetróleo e Gas 26,2
ItausaPN Outros24,5
KlabinPN Papel e Celulose 22,3
LightON Energia Elétrica

32,6
Lojas RennerON Comércio 4,6
NaturaON Comércio -11,0
NetPN Outros 34,8
Pao de AcucarPN Comércio -9,7
PerdigaoONAlimentos e Beb 15,9
PetrobrasPN Petróleo e Gas -2,6
SabespON Outros 7,0
SadiaPN Alimentos e Beb 38,1
Sid NacionalON Siderur & Metalur 66,4
Souza CruzON Outros36,4
SubmarinoON Comércio32,5
TAMPN Transporte Serviç-1,0
Telemar Norte LestePNATelecomunicações5,6
Telemar-Tele NL ParPNTelecomunicações16,2
Telemig CelularONTelecomunicações18,6
TelespPNTelecomunicações9,8
Tim ParticipacoesPNTelecomunicações-3,2
Transmissao PaulistPNEnergia Elétrica20,6
UsiminasPNASiderur & Metalur40,8
Vale Rio DocePNAMineração40,9
Vivo PartPNTelecomunicações5,9
Votorantim C PPNPapel e Celulose0,0
Fonte: Economática
Media setorial da variacao do preco das acoes
As variacoes consideram a reaplicacao de dividendos
Media ponderada pela liquidez em 2007 até 04 de junho
Qtd de acoesSetorVariação
12Eletroeletrônicos101,28
5Minerais não Met58,27
4Agro e Pesca58,18
39Siderur & Metalur45,39
5Mineração42,24
67Outros35,88
30Textil32,59
17Construção28,29
21Veiculos e peças25,93
59Energia Elétrica22,13
3Software e Dados20,82
Ibovespa 19,72
24Química18,67
32Telecomunicações18,53
26Alimentos e Beb17,94
36Finanças e Seguros16,12
16Comércio10,58
4Máquinas Indust8,67
15Transporte Serviç5,42
11Papel e Celulose3,73
15Petróleo e Gas-0,25
Fonte: Economática
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