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Emergentes já lideram perdas nas bolsas

Outubro sepultou a tese de que os países emergentes, como o Brasil, descolariam dos EUA e Europa

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

O novo capítulo da crise financeira mundial está sendo escrito pelos países emergentes. Depois da implosão dos mercados desenvolvidos, que varreu do mapa tradicionais bancos e arrastou economias como a americana e a britânica para a retração, os problemas começam a contaminar os países emergentes. E o principal termômetro da febre que os acomete é a bolsa de valores. Em outubro, os pregões emergentes lideraram as perdas ao redor do mundo. Até o penúltimo dia do mês, a bolsa peruana, por exemplo, cedia quase 40%; a russa, 31%, e a brasileira, quase 25% (ver tabela abaixo). Já a bolsa de Nova York caía cerca de 18%, e a de Londres, 13%. Mesmo a Islândia, que viu seu maior banco ser nacionalizado para não quebrar e precisou recorrer ao FMI, registrou uma queda bem menor que a dos emergentes: 16%.

Submergentes
Países em desenvolvimento lideram perdas em outubro
Variação* (%)PaísÍndice
-39,74PeruIGBVL
-39,37ArgentinaMerval
-31,15RússiaCRTX
-30,1GréciaFTASE
-30Rep. ChecaPX
-28,63HungriaBUX
-25,74PolôniaWIG
-24,8BrasilIbovespa
-24,78BélgicaBEL20
-23,92IrlandaISEQ
-22,91HolandaAEX
-21,23DinamarcaKFX
-19,55MéxicoMexbol
-19,13ItáliaSPMIB
-17,83Nova YorkS&P 500
-16,14AlemanhaDAX
-16,02IslândiaOMX
-15,95FrançaCAC
-15,86CanadáSPTSX
-13,47LondresUKX
-13,16SuíçaSMI
-13,15FinlândiaHEX25
-10,33ChileIPSA
*acumulada entre 1º e 30 de outubro
Fonte: Fator Corretora

É claro que as bolsas emergentes já vinham em queda nos meses anteriores. Mas o dado preocupante é o salto que deram em outubro, suficiente para passar à frente. A bolsa mexicana, por exemplo, encerrou setembro com queda de quase 6%. Em outubro, porém, o recuo mais de três vezes maior: 19,6%. Na Polônia, os investidores devem ter ficado com saudades da queda de 7,6% registrada há dois meses, quando viram a bolsa tombar quase 26% nas semanas seguintes. Na Hungria, o cenário não foi diferente. O BUX, principal índice da bolsa de Budapeste, perdeu 29% em outubro, ante 9% em setembro.

Por algum tempo, investidores e analistas mantiveram a crença de que a crise não atingiria os países emergentes. Vigorava a idéia do descolamento - estimuladas por outras nações como a China (também um emergente), essas economias sobreviveriam ao turbilhão mundial e seriam portos seguros para aplicações. "Alguns supunham que a desaceleração dos países ricos não afetaria o crescimento dos emergentes; essa idéia é falsa", afirmou a EXAME o economista americano John Williamson, conhecido como o "pai" do Consenso de Washington.

Para Williamson, a acentuada queda das bolsas emergentes mostra que os investidores ainda acreditam que estas economias são mais vulneráveis que as dos países desenvolvidos. "Mesmo se os países não forem muito endividados, seu setor privado pode ser, e os governos estão relutantes em usar suas grandes reservas para intervir. E, mesmo que os países não precisem de muito dinheiro, ainda precisam rolar dívidas antigas", afirma o economista.

Fundamentos em queda

Mas os emergentes não estão apanhando apenas por conta de uma mudança de percepção dos investidores. A economia real desses países também começa a sofrer os efeitos da crise. Uma das vias de contaminação é a queda dos preços mundiais das commodities - base da exportação de muitos países, incluindo o Brasil. O Chile, por exemplo, grande exportador de commodities metálicas, viu sua bolsa encolher 10% em outubro. Em setembro, a queda havia sido de apenas 4%. No Peru, a situação é mais dramática. Depois de perder 15% dois meses atrás, a bolsa local tombou quase 40%.

A disparada das commodities foi um dos atrativos para que os investidores estrangeiros aplicassem seu dinheiro em bolsas emergentes tempos atrás. A chegada desses recursos contribuiu para a alta dos papéis, seguindo a velha lei da oferta e da procura. "Investir nos mercados emergentes era moda em 2007, por isso, muito dinheiro especulativo chegou tarde para participar da festa e, ao primeiro sinal de problemas, desapareceu", afirmou a EXAME o economista americano Jim O'Neill, chefe do Departamento de Pesquisas Econômicas do Goldman Sachs e criador da famosa sigla Bric, que reúne Brasil, Rússia, Índia e China.

A revoada de capitais é intensa. Até 28 de outubro, os estrangeiros retiraram 5,2 bilhões de reais da Bovespa. Este será o quinto mês consecutivo em que a saída do capital estrangeiro superará os investimentos. Para Arthur Carvalho Filho, economista-chefe da corretora Ativa, o Brasil é vítima, neste momento, de uma de suas qualidades: ter a bolsa mais líquida entre os emergentes. "Em momentos de necessidade, os gestores estrangeiros zeram primeiro suas posições no Brasil, porque é onde têm menos perdas", afirma. Isso não quer dizer que os estrangeiros estejam em uma situação confortável. Em dólares, o Ibovespa já acumula uma perda de 51% no ano.

Saber quando as bolsas quicarão no fundo do poço para voltar à tona é a pergunta de um milhão de dólares agora. Mas é também a mais difícil de responder. "Os mercados estão tomados por fatores psicológicos, e é impossível dizer com certeza quando a virada ocorrerá", diz Williamson. "Só podemos desejar que a reação seja rápida", arremata.

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