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Eles ganham até R$ 4,5 mil por mês no Airbnb

Anfitriões da plataforma da plataforma de aluguel de casas e apartamentos contam o que fazem para atrair hóspedes

O fotógrafo Alex Fragoso: experiências em hotéis e no mercado de luxo o ajudam a surpreender seus hóspedes (Arquivo pessoal/Divulgação)

Marília Almeida

Publicado em 19 de fevereiro de 2018 às 05h00.

Última atualização em 19 de fevereiro de 2018 às 09h30.

São Paulo - O ganho de um anfitrião típico na plataforma de aluguel de quartos e imóveis Airbnb é de 6.070 reais por ano. Mas alguns usuários conseguem obter esse valor em cerca de dois meses.

É o caso do fotógrafo formado em moda Alex Fragoso, 42 anos. Há três meses ele começou a alugar três quartos de uma casa de 300 metros quadrados que aluga no bairro de Higienópolis, em São Paulo. Resultado: já conseguiu cerca de 30 reservas, o que o tornou um "super host" na plataforma. "Me surpreendi. Tem hóspedes que querem voltar e me falam que não estão conseguindo agendar datas", conta.

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Carioca apaixonado por São Paulo, um dos segredos para o sucesso do seu imóvel entre os usuários da plataforma, além da boa localização, perto do centro da cidade e de um shopping center, é sua experiência em hotéis ao redor do país. Fragoso foi comissário de bordo por dez anos. "Já fiquei hospedado em diversos hotéis e, quando resolvi alugar os quartos, quis oferecer tudo o que senti falta neles".

Fragoso também já trabalhou como comerciante no mercado de luxo. Mas sentiu o impacto da crise econômica nas comissões que recebia. O orçamento mais apertado o incentivou a colocar os quartos para locação no site. "Para manter meu padrão de vida, tive de buscar essa alternativa. Hoje, alugo cada quarto por cerca de 50 reais por dia. Geralmente um fica alugado o mês todo e os outros dois são ocupados pontualmente".

O dinheiro obtido pelo Airbnb já representa 60% da renda de Fragoso, e o fôlego financeiro permitiu ao fotógrafo se tornar um profissional autônomo e tocar projetos pessoais.

Os usuários da plataforma que se hospedam na casa do fotógrafo são, geralmente, estudantes ou profissionais que vêm estudar ou trabalhar na cidade por algum tempo. "A maior parte são brasileiros, mas recebo estrangeiros também. Tem gente que já ficou dois dias e, outros, um mês. Uma produtora carioca ficou aqui em casa enquanto buscava um imóvel definitivo na cidade. Virou uma amiga". A média de estadia de um hóspede na plataforma é de 4,8 dias.

O publicitário Diego Luiz Ferreira, 33 anos, e a empreendedora Luana Lima Vingi, 32 anos, também faturam alto com o aluguel de três quartos do apartamento térreo que compraram na Vila Madalena, em São Paulo. Eles recebem cerca de 3 mil reais por mês, em média. O valor já representa 30% da renda conjunta do casal.

Desde quando entraram na plataforma, em 2014, os amigos já receberam mais de 100 hóspedes. "Começamos a alugar os quartos na época da Copa no Brasil. Mas o evento passou e continuamos a receber hóspedes". Hoje, o casal aluga cada quarto por valores que variam entre 90 e 120 reais por dia. "Tomamos como base os preços de albergues da região e também comparamos com os de imóveis semelhantes disponíveis para locação na plataforma".

Novamente, a experiência profissional dos anfitriões fez diferença: Luana é formada em hotelaria. "Estava acostumada com esse processo", conta. Também jogou a favor o fato de ambos serem bastante sociáveis. "Nossa casa já vivia cheia de amigos. Então, os hóspedes não mudaram muito essa rotina. Para alugar quartos, temos de ser desapegados, fazer com que os hóspedes se sintam à vontade", conta Ferreira. O publicitário fala inglês, o que também é um diferencial, já que os hóspedes que recebem são, em grande parte, estrangeiros.

Segundo pesquisa do Airbnb feita em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que analisou a atividade econômica da plataforma em 2016, Fragoso, Luana e Ferreira não estão sozinhos no objetivo de manter o padrão de vida com o dinheiro dos aluguéis pela plataforma: 20% dos anfitriões usaram, naquele ano, a renda obtida no Airbnb para manter o pagamento do imóvel em dia, evitando o despejo.

Mimos e parceria

Para se diferenciar de outros anfitriões, Fragoso busca surpreender seus hóspedes. Além de deixar estojo com chocolates e cartões de boas-vindas no quarto, oferece cápsulas de café com sabores diferenciados e também busca personalizar a decoração dos quartos conforme o perfil do hóspede. "Comprei 20 almofadas diferentes. Conforme as informações que consigo obter antes deles chegarem, deixo uma delas na cama. Eles se surpreendem. Mesmo que alguém volte, a decoração do quarto nunca vai ser a mesma".

Quarto Allegro, disponível para locação no perfil de Alex Fragoso, no Airbnb (Airbnb/Divulgação)

O fotógrafo também criou uma parede na qual cada visitante deixa uma mensagem positiva para ele e outros usuários que resolvam se hospedar no local. "Eu busco imprimir no ambiente um clima de tranquilidade. Para o hóspede se sentir, de fato, em casa".

Já Luana e Ferreira citam, entre os diferenciais da hospedagem que oferecem, manter a casa organizada e deixar toalhas e lençóis sempre limpos para os hóspedes. Também buscam oferecer um bom chuveiro.

O casal também buscou caprichar no anúncio dos quartos. "Contratamos um fotógrafo profissional para retratar cada cômodo da melhor forma".

No Carnaval, eles receberam um hóspede que não sabia o que fazer na cidade. "Estávamos fantasiados, indo para um bloco e o convidamos para ir também". Não por acaso, alguns hóspedes já se tornaram amigos.

Sucesso exige investimento

Atrair interesse na plataforma não é tão simples como parece: tem diversas despesas. Apesar de já estar perto de recuperar o valor, Fragoso estima já ter investido cerca de 20 mil reais na casa.

O fotógrafo está agora montando um ambiente de café na garagem, com vista para a área externa da casa, para "incentivar" a socialização dos hóspedes. Nos quartos, já colocou até TV. "O quarto tem tudo o que o hóspede precisa, inclusive uma boa escrivaninha e iluminação. Valorizo a decoração e conforto do lugar, buscando não deixar fios expostos, por exemplo. Também me preocupo em ter uma rede de internet sempre funcionando".

Os cerca de 50 mil reais que Luana e Ferreira já receberam alugando os quartos do apartamento pela plataforma foi, em grande parte, reinvestido no imóvel. "Fizemos uma reserva com o dinheiro. Não usamos apenas para reformas: já retiramos valores para emergências, como quando a porta do nosso carro quebrou, e até para viagens. O dinheiro do Airbnb já nos tirou do buraco algumas vezes, mas o objetivo final é usar para investir em lençóis e toalhas novas, por exemplo, para continuar alugando".

O casal resolveu reformar recentemente os fundos do apartamento térreo de 96 metros quadrados e construir nele mais dois cômodos e um banheiro. Antes, alugavam apenas um quarto.

Quartos construídos no terraço do apartamento de Luana e Digo, para serem alugados pelo Airbnb (Airbnb/Divulgação)

Recomendações

Para se dar bem alugando quartos ou imóveis na plataforma, segundo o próprio Airbnb, é importante ter boas avaliações de hóspedes, que são públicas no site. Anúncios com as melhores avaliações são os que mais se destacam entre os demais.

Também é importante publicar boas fotos do imóvel, que mostrem vários ângulos e retratem bem o ambiente, que deve estar limpo e arrumado. É aconselhável que as imagens ilustrem uma completa descrição do que o hóspede vai encontrar no imóvel.

Se informar sobre as regras do condomínio e deixá-las claras no anúncio, bem como as regras da casa, como a possibilidade de receber visitas ou fazer festas, também fazem a diferença. É essencial se colocar sempre disponível para atender às dúvidas e solicitações dos possíveis hóspedes.

Manter uma taxa de resposta alta e rápida e não cancelar reservas confirmadas são diferenciais.

Acompanhe tudo sobre:Airbnbrenda-extra

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