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É muito fácil dever R$ 1 milhão no cartão

Por incrível que pareça, basta alguém deixar para pagar 1.000 reais da atual fatura daqui a 6 anos e 14 dias e pronto: já tem uma dívida milionária

Regina Casé: atriz é a estrela de campanha sobre o uso consciente do cartão de crédito (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de setembro de 2011 às 08h00.

São Paulo – Acumular uma dívida de 1 milhão de reais no cartão de crédito é muito mais fácil do que as pessoas imaginam. Alguém que decida pagar apenas uma parte da atual fatura e deixe para quitar 1.000 reais no futuro vai levar apenas 6 anos e 14 dias para acumular uma dívida de 1 milhão de reais com o banco emissor do cartão de crédito, segundo cálculos do professor Anísio Castelo Branco, professor da PUC-SP e presidente do Ibrafin.

A conta levou em consideração uma taxa de juros de 10% ao mês, que é até um pouco menor do que a média do mercado. É justamente por causa desses juros estratosféricos que acumular uma dívida milionária no cartão é bem mais fácil e rápido do que juntar 1 milhão de reais com investimentos, por exemplo.

Mas se usar o crédito rotativo do cartão de crédito é tão punitivo assim, por que não há pessoas que realmente ficaram devendo tanto dinheiro ao banco. A explicação está no limite do cartão de crédito. Em geral, as pessoas não podem dever mais que um percentual que não chega a 100% da própria renda mensal ao banco. A partir do momento em que esse limite é alcançado, o cliente perde o direito de usar o cartão para novas compras, ao menos até pagar o que deve.

Em caso de persistência da inadimplência, o banco poderá tentar pressionar o cliente a pagar por meio de ameaças de inclusão em cadastros de inadimplentes ou vender a dívida para uma empresa especializada em cobranças. Segundo o professor Anísio Castelo Branco, neste momento é possível conseguir um belo desconto nos juros caso o cliente mostre disposição em chegar um acordo para o pagamento. Ainda assim, dever demais no cartão nunca é bom negócio para ninguém.

Mesmo que os bancos não deixem que uma dívida do cartão saia do controle e chegue a 1 milhão de reais, o cálculo realizado pelo professor serve para mostrar quão nocivo pode ser o hábito de parcelar as compras por meio do crédito rotativo. Os próprios bancos recomendam aos clientes que só parcelem o pagamento da fatura do cartão em casos de extrema necessidade ou para cobrir despesas por períodos curtíssimos de tempo.

Para ajudar os clientes a não perder o controle sobre as contas, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) vai veicular até dezembro uma campanha nacional em diversas mídias com dicas para o uso responsável dos plásticos. Estrelada pela atriz Regina Casé, a campanha vai custar um total de 6 milhões de reais. “Queremos mostrar a todas as classes sociais como transformar o cartão em um aliado”, diz Claudio Yamaguti, presidente da Abecs.

A mensagem principal da campanha é mostrar aos portadores que é interessante priorizar todos os meses o pagamento completo da fatura. “As pessoas não podem achar que o limite do cartão é como se fosse uma parte do salário que está disponível para o consumo”, diz Yamaguti. “Não é por que dá para pagar só 15% da fatura que a pessoa deve usar essa linha de crédito porque, no mês seguinte, será preciso pagar o que restou e também os juros.”

Por outro lado, quando a fatura é quitada em dia, o cartão vira um aliado. Em primeiro lugar, o consumidor ganha até 40 dias para pagar suas contas sem juros. O parcelamento de compras fica mais fácil – mas é importante não se esquecer de perguntar se há juros embutidos e se as taxas eventualmente cobradas nas lojas são interessantes.


Como as administradoras do cartão de crédito enviam uma fatura com todos os gastos a cada mês para a residência dos clientes, também se torna mais simples para o consumidor fazer um acompanhamento de todas as despesas para verificar o que pode ser cortado daqui em diante caso esse seja o objetivo.

A Abecs também recomenda que os clientes não comprometam mais de 30% da renda com os gastos do cartão. Essa é uma forma interessante de manter a situação sempre sob controle. Quando não der para evitar que parte do pagamento da fatura seja feito apenas no futuro, a atitude mais prudente é se esforçar ao máximo para quitar toda a dívida já no mês seguinte. Pagar rapidamente é a única forma de evitar que a dívida se transforme em uma bola de neve com a cobrança de juros sobre juros.

Caso o consumidor perceba que vai demorar alguns meses para quitar toda a dívida, a própria Abecs recomenda que ele peça dinheiro emprestado ao banco onde tem conta por meio de uma linha de crédito com juros mais baixos e use esses recursos para pagar os débitos do cartão. Com esse tipo de estratégia, o cliente consegue trocar uma dívida que custa 10% ao mês por outra corrigida em 5% ao mês ou menos. “Os bancos já têm feito essa recomendação aos clientes na própria fatura do cartão de crédito”, diz Yamaguti.

Na hora de escolher qual linha de crédito é a melhor, verifique as taxas de cada uma. Em geral, o crédito pessoal é uma linha de crédito que pode ser contratada até pela internet ou nos caixas eletrônicos, mas ainda cara. Funcionários públicos, aposentados e empregados de grandes companhias economizam se contratarem alguma linha de crédito consignado, em que o desconto das parcelas de pagamento ocorre diretamente no holerite ou no benefício. Os bancos chegam a cobrar só 2% de juros ao mês nessa linha.

Para a compra de carros e casas, também há linhas de crédito específicas para essas finalidades que possuem juros baixos porque os próprios bens comprados servem de garantia ao banco de que o empréstimo será pago. O consumidor deve estar atento, no entanto, ao fato de que perderá o bem em caso de inadimplência.

Com as dicas, a Abecs quer evitar que muitos brasileiros adquiram um cartão de crédito, usem erroneamente e tenham de devolver o plástico logo depois com uma dívida enorme a pagar. “Queremos um consumidos mais perene”, diz Yamaguti.

Segundo a associação, a taxa de inadimplência do cartão de crédito alcança 8% - bem maior que a média do mercado para pessoas físicas. Já os pagamentos em atraso há ao menos 90 dias chegam a nada menos do que 24% do total. Quem ainda tem dúvidas sobre o uso consciente do cartão pode acessar o site da Abecs e baixar uma cartilha com mais dicas.

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São Paulo – Acumular uma dívida de 1 milhão de reais no cartão de crédito é muito mais fácil do que as pessoas imaginam. Alguém que decida pagar apenas uma parte da atual fatura e deixe para quitar 1.000 reais no futuro vai levar apenas 6 anos e 14 dias para acumular uma dívida de 1 milhão de reais com o banco emissor do cartão de crédito, segundo cálculos do professor Anísio Castelo Branco, professor da PUC-SP e presidente do Ibrafin.

A conta levou em consideração uma taxa de juros de 10% ao mês, que é até um pouco menor do que a média do mercado. É justamente por causa desses juros estratosféricos que acumular uma dívida milionária no cartão é bem mais fácil e rápido do que juntar 1 milhão de reais com investimentos, por exemplo.

Mas se usar o crédito rotativo do cartão de crédito é tão punitivo assim, por que não há pessoas que realmente ficaram devendo tanto dinheiro ao banco. A explicação está no limite do cartão de crédito. Em geral, as pessoas não podem dever mais que um percentual que não chega a 100% da própria renda mensal ao banco. A partir do momento em que esse limite é alcançado, o cliente perde o direito de usar o cartão para novas compras, ao menos até pagar o que deve.

Em caso de persistência da inadimplência, o banco poderá tentar pressionar o cliente a pagar por meio de ameaças de inclusão em cadastros de inadimplentes ou vender a dívida para uma empresa especializada em cobranças. Segundo o professor Anísio Castelo Branco, neste momento é possível conseguir um belo desconto nos juros caso o cliente mostre disposição em chegar um acordo para o pagamento. Ainda assim, dever demais no cartão nunca é bom negócio para ninguém.

Mesmo que os bancos não deixem que uma dívida do cartão saia do controle e chegue a 1 milhão de reais, o cálculo realizado pelo professor serve para mostrar quão nocivo pode ser o hábito de parcelar as compras por meio do crédito rotativo. Os próprios bancos recomendam aos clientes que só parcelem o pagamento da fatura do cartão em casos de extrema necessidade ou para cobrir despesas por períodos curtíssimos de tempo.

Para ajudar os clientes a não perder o controle sobre as contas, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) vai veicular até dezembro uma campanha nacional em diversas mídias com dicas para o uso responsável dos plásticos. Estrelada pela atriz Regina Casé, a campanha vai custar um total de 6 milhões de reais. “Queremos mostrar a todas as classes sociais como transformar o cartão em um aliado”, diz Claudio Yamaguti, presidente da Abecs.

A mensagem principal da campanha é mostrar aos portadores que é interessante priorizar todos os meses o pagamento completo da fatura. “As pessoas não podem achar que o limite do cartão é como se fosse uma parte do salário que está disponível para o consumo”, diz Yamaguti. “Não é por que dá para pagar só 15% da fatura que a pessoa deve usar essa linha de crédito porque, no mês seguinte, será preciso pagar o que restou e também os juros.”

Por outro lado, quando a fatura é quitada em dia, o cartão vira um aliado. Em primeiro lugar, o consumidor ganha até 40 dias para pagar suas contas sem juros. O parcelamento de compras fica mais fácil – mas é importante não se esquecer de perguntar se há juros embutidos e se as taxas eventualmente cobradas nas lojas são interessantes.


Como as administradoras do cartão de crédito enviam uma fatura com todos os gastos a cada mês para a residência dos clientes, também se torna mais simples para o consumidor fazer um acompanhamento de todas as despesas para verificar o que pode ser cortado daqui em diante caso esse seja o objetivo.

A Abecs também recomenda que os clientes não comprometam mais de 30% da renda com os gastos do cartão. Essa é uma forma interessante de manter a situação sempre sob controle. Quando não der para evitar que parte do pagamento da fatura seja feito apenas no futuro, a atitude mais prudente é se esforçar ao máximo para quitar toda a dívida já no mês seguinte. Pagar rapidamente é a única forma de evitar que a dívida se transforme em uma bola de neve com a cobrança de juros sobre juros.

Caso o consumidor perceba que vai demorar alguns meses para quitar toda a dívida, a própria Abecs recomenda que ele peça dinheiro emprestado ao banco onde tem conta por meio de uma linha de crédito com juros mais baixos e use esses recursos para pagar os débitos do cartão. Com esse tipo de estratégia, o cliente consegue trocar uma dívida que custa 10% ao mês por outra corrigida em 5% ao mês ou menos. “Os bancos já têm feito essa recomendação aos clientes na própria fatura do cartão de crédito”, diz Yamaguti.

Na hora de escolher qual linha de crédito é a melhor, verifique as taxas de cada uma. Em geral, o crédito pessoal é uma linha de crédito que pode ser contratada até pela internet ou nos caixas eletrônicos, mas ainda cara. Funcionários públicos, aposentados e empregados de grandes companhias economizam se contratarem alguma linha de crédito consignado, em que o desconto das parcelas de pagamento ocorre diretamente no holerite ou no benefício. Os bancos chegam a cobrar só 2% de juros ao mês nessa linha.

Para a compra de carros e casas, também há linhas de crédito específicas para essas finalidades que possuem juros baixos porque os próprios bens comprados servem de garantia ao banco de que o empréstimo será pago. O consumidor deve estar atento, no entanto, ao fato de que perderá o bem em caso de inadimplência.

Com as dicas, a Abecs quer evitar que muitos brasileiros adquiram um cartão de crédito, usem erroneamente e tenham de devolver o plástico logo depois com uma dívida enorme a pagar. “Queremos um consumidos mais perene”, diz Yamaguti.

Segundo a associação, a taxa de inadimplência do cartão de crédito alcança 8% - bem maior que a média do mercado para pessoas físicas. Já os pagamentos em atraso há ao menos 90 dias chegam a nada menos do que 24% do total. Quem ainda tem dúvidas sobre o uso consciente do cartão pode acessar o site da Abecs e baixar uma cartilha com mais dicas.

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