Bolsa: quebra de uma instituição financeira não afeta fundos de ações administrados por ela (Luiz Prado/Divulgação/BM&FBOVESPA)
Da Redação
Publicado em 30 de dezembro de 2013 às 09h54.
Pergunta do internauta: Gostaria de saber quais são as garantias que tenho em relação a aplicar meu dinheiro por meio de corretoras. Pergunto isso porque elas oferecem ótimas opções de fundos de renda fixa, ações e previdência. Em relação à previdência, existe alguma garantia mínima do governo em caso de quebra da instituição?" (Ricardo Rossi)
*Resposta de Fabiano Pessanha*
Caro Ricardo,
Você já deve ter ouvido falar esta frase: "Todo investimento tem risco". Pois bem, ela é verdade! Se não fosse assim, não haveria pagamento do prêmio de risco (juros) ao investidor. Mas é relevante entender quais são os riscos. Há o risco de crédito (risco de o tomador do empréstimo não honrar com sua dívida e dar um calote); o risco de mercado (perdas devido às oscilações desfavoráveis nos valores ou preços dos títulos investidos); e o risco de liquidez (não conseguir transformar o nosso investimento em dinheiro com a rapidez que necessitamos).
Com base nesses riscos, como podemos analisar a solidez de uma instituição financeira considerando que grandes bancos como Bamerindus, Nacional e Econômico já quebraram?
Para responder a esta pergunta, é importante entender que os fundos de investimento são entidades juridicamente independentes das corretoras que fazem a gestão de suas carteiras. Em caso de quebra da corretora, o fundo irá apenas alterar de gestora e seus ativos continuarão intactos. Seus riscos estão atrelados não à instituição em si, mas aos ativos que compõem seu portfolio.
Já as corretoras de valores são Instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil e que compõem o Sistema Financeiro Nacional, atuando na intermediação das negociações de títulos e valores mobiliários, nos mercados financeiros e de capitais, em operações com papéis de renda fixa, ações, debêntures, entre outros.
Para o seu bom funcionamento e total transparência do sistema, as corretoras são fiscalizadas pelo Banco Central do Brasil, além da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), sendo obrigadas a contratar auditoria independente.
Já os fundos de previdência VGBL e PGBL vêm ganhando espaço na carteira de investimentos da classe média. Diferentemente das aplicações em fundos de investimento, o investidor aplica seu dinheiro diretamente em um plano de aposentadoria, ao qual possui uma seguradora responsável por esse plano.
Assim sendo, você está "dando o seu dinheiro" para uma seguradora, a qual, por sua vez, aplica os recursos em um fundo de investimento exclusivo.
O órgão responsável pelo controle e fiscalização do mercado de previdência privada aberta é a SUSEP. Para dirimir os riscos, a SUSEP obrigou o mercado segurador a constituir reservas técnicas para garantir os benefícios contratados.
Todavia, como as reservas são propriedade da entidade seguradora e estão aplicadas em seu nome, havendo a liquidação judicial desta, a massa liquidante poderá ser confundida com as reservas ou provisões dos planos de previdência, podendo gerar perdas de valores contribuídos pelo titular do plano.
Antes de você "ir com tudo" nos seus investimentos pessoais e ter uma dor de cabeça desnecessária, uma boa medida é analisar o "rating" de sua instituição financeira.
*Fabiano Pessanha (fabiano.pessanha@gerafuturo.com.br) é planejador financeiro pessoal com a certificação global CFP e ocupa o cargo de gerente comercial da Geração Futuro Corretora de Valores, especializada em investimentos para pessoas físicas.
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