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É hora de comprar ouro?

Anúncio do Fed ajuda o metal a atingir preço recorde; saiba se vale a pena apostar no investimento

Ouro: valorização superior a 30% desde o começo do ano (Getty Images)

Ouro: valorização superior a 30% desde o começo do ano (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 10 de novembro de 2010 às 12h25.

São Paulo - Com o dólar desabando mundo afora, o preço do ouro superou o patamar recorde de 1.400 dólares por onça. Como é um recurso físico bastante limitado no mundo, o metal tem chances reduzidas de perder valor. Assim, quando a insegurança acomete o mercado, é para o metal que muitos investidores voltam os olhos. No Brasil, o modesto desempenho da Bolsa alça o ouro à posição de estrela: até agora, a valorização do ativo foi de 31,7%, contra 4,5% do Ibovespa.

“O ouro canaliza a incerteza e se beneficia dos momentos de crise”, diz André Nunes, presidente do grupo Fitta, líder no mercado de metais preciosos no país. Desde que Fed, o banco central dos EUA, anunciou a injeção de 600 bilhões de dólares na economia norte-americana para reduzir os juros de longo prazo e injetar liquidez no mercado, o ouro registrou uma valorização ainda mais notável – 6% em apenas uma semana.

Segundo Nunes, a tendência de alta deve se manter. “Com a crise, os países desenvolvidos derrubaram os juros para próximo de zero, estimulando as pessoas a consumir ao invés de poupar”, explica. O comportamento, entretanto, não foi adotado à risca pelos investidores: quem fugiu da renda fixa não necessariamente abriu a carteira para gastar, mas foi atrás de ativos que rendessem mais.

Como a performance de muitas ações guardam estreita relação com o bom momento vivido pela economia, o desempenho do ouro acabou ganhando destaque entre as opções na renda variável. “Essa equação só vai se inverter quando os juros da renda fixa voltarem a existir nesses países”, emenda Nunes. “E eu acredito que esse prazo não será curto”. Para o banco de investimentos Goldman Sachs, inclusive, o metal deve chegar aos 1.650 dólares nos próximos 12 meses.


Vale a pena?

No Brasil, é possível comprar ouro de duas formas. Na bolsa, o valor mínimo negociado é de 250 gramas e o investidor deve necessariamente abrir conta em uma corretora. Cada onça do metal vale 31,104 gramas, de modo que um preço internacional de 1.400 dólares por onça, equivaleria a 77,05 reais por grama no país, com o dólar a 1,71 (cotação de 10/10). Nesse caso, o investidor precisaria de no mínimo 19.262,50 reais para investir. Já o mercado de balcão oferece a possibilidade de compra em quantidades mais modestas, de 50, 10 e até 5 gramas.

Vale lembrar que o preço do ouro é calculado a partir do valor negociado em Nova York, e, por isso, o investimento no metal sofre reflexo da variação do dólar. No momento, a moeda norte-americana apresenta uma tendência de queda, o que supostamente neutralizaria a valorização do ativo quando ele fosse convertido em reais. Mas como o governo brasileiro intervém no câmbio com leilões de compra e medidas como o aumento de IOF para investimentos estrangeiros, essas variáveis não se anulam em uma relação tão cartesiana. É justamente por isso que o metal se valorizou em reais, ainda que a moeda norte-americana tenha trilhado uma trajetória de queda nos últimos meses.

Mesmo assim, o professor de finanças do Insper Ricardo Almeida defende que o investimento em ouro é indicado apenas para quem tem bastante dinheiro e está preocupado com o possível desarranjo da economia global. "A cotação do ouro está muito atrelada à algo que o pequeno investidor não consegue monitorar e não tem tempo adequado para especular: a confiança nos títulos americanos como reserva de valor", diz. Mais prático, sustenta Almeida, é buscar proteção nos papéis da dívida pública brasileira.

De olho nos altos juros pagos pelo governo, a estratégia já foi abraçada por muitos investidores de fora. Isso porque os títulos tupiniquins garantem uma remuneração generosa e reconhecidamente segura. Papéis adquiridos via Tesouro Direto entregam um retorno que supera 12% ao ano para aplicações de longo prazo, cobrando para isso baixas taxas de administração e custódia. "É bom ressaltar que a reunião do G20 pode ratificar a confiança no título público americano. Nessa hipótese, o ouro poderia inclusive despencar, estourando uma bolha no preço do ativo", finaliza Almeida.

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