No passado, ninguém que tivesse um emprego formal se preocupava com aposentadoria. Tudo ficava a cargo do Estado, por meio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Já faz algum tempo que não se pode mais contar com isso. Hoje, o maior benefício que a previdência oficial paga é 1 561 reais. E, pior, se nada mudar na Previdência Social, esse valor tende a ser significativamente reduzido (sim, isso é possível!) nos próximos anos.

Essa crise tem raízes na forma pela qual o sistema foi estruturado. A previdência pública funciona em um modelo de repartição. Ou seja, ao contribuir durante sua vida profissional, você não está poupando para si próprio. O que é descontado de seu salário mensal vai para outras pessoas. Quando deixar de trabalhar, outros contribuintes em atividade pagarão a sua aposentadoria. "A idéia é que uma geração pague a aposentadoria da geração anterior", diz Walter Hime, sócio da consultoria especializada Aon Consulting.

Esse método tem muitas desvantagens. Os recursos não serão suficientes se a "geração seguinte" for menor em número, tiver menos pessoas empregadas ou contribuir menos tempo e se a "geração anterior" viver mais tempo do que o esperado -- tudo o que está acontecendo agora.

Também vai faltar dinheiro se o governo resolver transformar a Previdência Social em um mecanismo de distribuição de renda. "Nos moldes atuais, a Previdência não é sustentável", diz o consultor Raul Velloso, especialista em contas públicas. "A utilização do sistema para fazer assistência social pode gerar um déficit de até 19 bilhões de reais por ano." Para Hime, da Aon, em alguns anos (curto prazo, quando o assunto é aposentadoria) o INSS terá de reduzir drasticamente o teto dos benefícios. "Esse número não foi discutido em nenhum momento durante a campanha eleitoral, mas pelas contas do mercado o benefício máximo que o INSS vai pagar no futuro é algo em torno de 600 reais", diz.