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Cooperativa de crédito cria conta digital e foca no crédito a empreendedor

Segmento conhecido por oferecer juros menores, sistema cooperativo Sicredi enfrenta maior concorrência no crédito digital

Agência do Sicredi: é necessário pagar uma taxa que parte de 5 reais para se associar e participar da distribuição de resultados (Sicredi/Divulgação)

Agência do Sicredi: é necessário pagar uma taxa que parte de 5 reais para se associar e participar da distribuição de resultados (Sicredi/Divulgação)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 22 de maio de 2019 às 05h00.

Última atualização em 23 de maio de 2019 às 08h40.

São Paulo - Diante do aumento da concorrência de fintechs de crédito digital, que oferecem empréstimos a um custo menor do que o cobrado pelos grandes bancos, a cooperativa de crédito Sicredi criou uma conta digital e apostam em carteira de serviços completas, além do crédito para empreendedores, como forma de continuar competitiva.

O sistema Sicredi reúne 115 cooperativas e lançou a conta digital Woop. A conta gratuita dá direito a 4 saques por mês, depósito por boleto, transferências ilimitadas entre a conta corrente Sicredi e Woop e também a um cartão de débito. Para ter direito a transferências ilimitadas para qualquer conta, além de cartão de débito e crédito sem anuidade, é necessário pagar uma mensalidade de 9,90 reais por mês. Compare com o que é oferecido pelas fintechs.

A cooperativa acredita que a concorrência das fintechs é limitada e que essas startups vão ser, em geral, segmentadas. "Uma vantagem do sistema cooperativo será a oferta completa de serviços, como conta corrente, empréstimos e bancos", diz Moacir Niehues, diretor executivo do Sicredi Vale do Piquiri ABCD PR/SP.

A ideia do Sicredi é oferecer soluções completas, que também passam por linhas como a de antecipação de recebíveis, investimentos, câmbio e cartões corporativos. O sistema cooperativo também entrou recentemente no mercado de adquirência e soluções de pagamento.

Além da conta digital, o sistema cooperativo pretende focar na oferta de crédito para empreendedores, segmento ainda carente de alternativas e no qual a cooperativa ganha vantagem por estar próxima do empreendedor em pequenos municípios pelo país. "Como conhecemos bem o associado, temos condições de oferecer taxas mais competitivas. Para capital de giro, por exemplo, nossas taxas partem de 1,8%".

O Sicredi também aposta no relacionamento presencial como um diferencial em relação à nova concorrência.

Nos últimos anos os sistemas de cooperativas se expandem por meio de agências de cidades do interior para grandes centros urbanos. O Sicredi, que já tem 1.700 agências pelo país, pretende abrir mais 20 esse ano apenas na cidade de São Paulo e na região do ABCD.

Como funciona uma cooperativa

As cooperativas costumam oferecer crédito com taxas de juros mais baixas. No Sicredi, por exemplo, as taxas cobradas no cartões de crédito partem de 6,8%, conforme o rating do associado.

Para ser um associado de um sistema cooperativo, é necessário pagar a cota capital, uma taxa que custa partir de 5 reais. Os saques de dinheiro depositado nas contas podem ser feitos em agências e também em caixas eletrônicos 24 horas. Toda movimentação e prestação de serviços é online, como em qualquer banco.

O cliente pessoa física é maioria no sistema cooperativo: responde por cerca de 70% do negócio. Entre eles, estão médicos, advogados, dentistas e outros profissionais autônomos.

Ao se tornar sócio do sistema, o cliente tem poder de voto em assembleias e participa da distribuição de resultados do sistema, que é anual.

Contudo, no Sicredi foi decidido que, temporariamente, parte da distribuição de resultado é destinada para um fundo de reserva do sistema cooperativo, como forma de financiar e garantir a expansão do sistema cooperativo, e parte é distribuída aos associados. No sistema cooperativo, apenas ao cancelar a conta o associado pode resgatar 70% do valor acumulado.

Em 2018, os associados receberam, em média, 300 reais nas cooperativas do Sicredi localizadas no Paraná e em São Paulo, mas essa distribuição varia muito conforme o volume de negócios que cada associado traz para a cooperativa. O cálculo leva em conta o valor que o associado tem depositado na conta corrente, o quanto tem investido na cooperativa, os juros pagos em empréstimos e produtos e serviços contratados. Alguns associados que são pessoas jurídicas podem receber 40 mil reais por ano.

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