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Consórcio ou financiamento? Confira o custo-benefício das opções

No acumulado dos últimos sete anos, a expansão dos consórcios de automóveis foi de 198,1%

Consórcio: consórcios tendem a se manter atrativos, dependendo das necessidade do consumidor (BrianAJackson/Thinkstock)

Consórcio: consórcios tendem a se manter atrativos, dependendo das necessidade do consumidor (BrianAJackson/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2017 às 11h25.

Última atualização em 15 de setembro de 2017 às 11h26.

Em um cenário de taxa Selic (juro básico da economia) caminhando para 7% ao ano e inflação em queda, o que em geral beneficia o consumo, quem pensa em comprar ou trocar de carro precisa ficar muito atento às opções mais adequadas para o seu bolso e necessidades.

Além de pesquisar preços e taxas de juros, há a dúvida sobre qual o melhor negócio, fazer um financiamento ou um consórcio.

Dados do Banco Central (BC) mostram que a procura pelo consórcio vem aumentado. Em dezembro de 2016, havia 3,37 milhões de cotas ativas, um aumento de 5% em relação à quantidade registrada em dezembro de 2015.

No acumulado dos últimos sete anos, a expansão dos consórcios de automóveis foi de nada menos que 198,1%.

Nesse período, a participação desse ramo no sistema de consórcios passou de 23,2% para 48,5% — refletindo, entre outros fatores, o juro alto do crédito e a maior seletividade dos bancos na concessão de financiamento de veículos e mostrando que o consórcio tem sido opção para o brasileiro viabilizar uma compra mais planejada de bens.

Roberto Vertamatti, diretor de economia da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças), lembra que as taxas do Crédito Direto ao Consumidor (CDC) para veículos vêm caindo, tirando um pouco da vantagem dos consórcios em relação ao valor das prestações e custo final do bem.

E fica mais transparente para o tomador de crédito a grande diferença que ainda persiste entre a taxa básica de juros, hoje em 8,25% ao ano, e esses financiamentos bancários, que em agosto caíram da média de 29,08% para 28,48% ao ano, segundo pesquisa da Anefac.

Para o economista, os consórcios tendem a se manter atrativos, dependendo das necessidade do consumidor.

“As taxas de financiamento dos bancos vêm caindo em função da queda da Selic e como efeito da concorrência no setor; mas continuam bastante elevadas — e o consumidor percebe isso”.

No consórcio, pondera o economista, "o consumidor não paga juros, mas uma taxa de administração, que, considerando o custo das parcelas, continua tornando a opção mais barata e compensadora, desde que o consumidor não precise adquirir o bem de imediato".

O especialista em inteligência financeira Gustavo Cerbasi observa que, a princípio, o consórcio ganha maior atratividade quando os juros estão em alta, encarecendo o financiamento dos bancos.

Ou seja, quanto mais os juros da economia caírem, menor será a vantagem financeira, consequentemente, menor a propensão do consumidor de aguardar a contemplação.

Custo x Benefício

No entanto, lembra ele, é importante que se considere vários fatores na relação custo/benefício das duas modalidades. Para quem tem muita pressa em adquirir o veículo, o CDC é mais adequado.

Mas, se a pessoa puder esperar por alguns meses, e tiver pelo menos metade do valor da carta de crédito (que quita o valor do carro à vista) desejada, pode compensar usar (desaplicar) esses recursos para fazer um lance contemplável, e, conseguindo o veículo, pagar as prestações, mais baratas, do consórcio.

“As mensalidades continuam mais compensadoras nos consórcios, com taxas administrativas na média de 20%.”
Para quem não tem essa reserva e não se dispõe a juntá-la, o mau do consórcio, diz Cerbasi, é a possibilidade de não ser sorteado e ficar a longo prazo pagando as mensalidades, mas sem ter o veículo.

Para ele, a chamada “compra programada”, quando realizada a longo prazo, não é interessante para o consumidor.

Investimento programado

“Vale mais a pena, neste caso, a pessoa se disciplinar, não para uma ‘compra programada’, mas para um ‘investimento programado’, para depois comprar o bem à vista.”

No momento, diz ele, uma boa opção em renda fixa seria investir no Tesouro Direto, um programa desenvolvido pelo Tesouro Nacional em parceria com a bolsa B3 para venda de títulos públicos federais a pessoas físicas, via internet.

O interessado, explica Cerbasi, precisa se cadastrar em uma corretora (de preferência uma sem cobrança de taxas de corretagem) e tem possibilidade de fazer investimentos a partir de R$ 30.

Ele dá como exemplo simbólico alguém que buscasse uma carta de crédito de R$ 5 mil e entrasse em um consórcio com taxa de administração de 20%, em prazo de 30 meses.

A pessoa teria uma mensalidade de R$ 200 a pagar no período. No CDC, considerando uma taxa de 2,11% ao mês, a parcela seria de R$ 226,64 (13,32% maior).

Aplicando os mesmos R$ 200 reais/mês no Tesouro Direto, ela teria, em 30 meses, (descontando efeito da inflação), considerando um ganho líquido de 0,34% na aplicação (já descontado IR), um total de R$ 6.327 — suficiente para fazer a compra desejada à vista, possivelmente com desconto.

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