Minhas Finanças

Como os gestores profissionais investem

Quatro gestores de recursos dizem como trabalham e a que tipo de informação estão atentos

Marcelo Allain, diretor do Barclays (--- [])

Marcelo Allain, diretor do Barclays (--- [])

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

No final do ano passado, quando as finanças mundiais foram chacoalhadas pela quebra do banco Lehman Brothers, a gestora de recursos Mauá Investimentos resolveu apostar nas ações da empresa de petróleo OGX, do bilionário Eike Batista. Os papéis se tornaram um dos principais investimentos de dois fundos da Mauá em um momento em que o preço das commodities derretia. Para leigos, uma decisão como essa poderia parecer insanidade. Para a Mauá, no entanto, foi apenas mais uma operação devidamente estudada e calculada a partir da fórmula risco-retorno. E os cálculos compensaram. As ações da OGX acumulam alta de 121,5% neste ano.

Mas como o gestor conseguiu enxergar a possibilidade de faturar alto na Bovespa enquanto todos corriam para se desfazer desse tipo de papel? Encontrar as ações que vão ter um desempenho acima da média realmente não é tarefa fácil. A Bovespa tem cerca de 300 companhias abertas com liquidez suficiente para atrair o interesse dos gestores. Já na BM&F o desafio é tentar antecipar a evolução macroeconômica brasileira e mundial e comprar os papéis certos para aproveitar da melhor maneira a evolução dos cenários.

Fundos de ações: Uma análise fundamentalista que reúna informações de todos os agentes envolvidos no dia a dia de uma empresa de capital aberto e ajude a traçar um paralelo entre o que foi programado e o que realmente está sendo entregue é a metodologia utilizada pelos gestores de investimentos da Leblon Equities. "Nosso objetivo é sempre identificar se o valor econômico da empresa é realmente aquele que o mercado enxerga. Se esse patamar é inferior, nós compramos as ações. Se for menor, nós vendemos", afirma o sócio da Leblon Equities, Pedro Rudge.

Segundo ele, o gestor deve utilizar em sua análise o valor que uma empresa deve atingir no médio e no longo prazo e compará-lo com sua cotação presente. No ano passado, diante da incerteza que tomou conta do mercado, a maioria dos papéis dos bancos brasileiros estava sendo negociado bem abaixo do preço justo. "Na época adquirimos uma posição relevante em ações do BicBanco. Fizemos a compra quando a empresa era negociada a 30% do valor patrimonial e tivemos um lucro de cerca de 100%”, diz Rudge.

Fundos de índices de ações: Os gestores desses tipos de fundos têm um trabalho diferente da maioria dos demais. Esses fundos acompanham índices de ações negociadas na Bovespa. O banco Barclays, por exemplo, lançou no ano passado três fundos de índices: o BOVA11, o MILA11 e SMAL11. Cada um deles têm em sua carteira determinadas ações com uma ponderação pré-definida. O trabalho do gestor, nesses casos, é calcular se algum desses índices começa a se mostrar sub-avaliada ou sobrevalorizado em relação às ações que o compõe ou então tentar prever se haverá alterações no índice após determinado período de tempo. Como não cabe ao gestor definir quais papéis vão compor o índice, esse tipo de trabalho é conhecido no mercado como gestão passiva "Nossa fonte de informação não está em variáveis, mas na própria Bovespa", diz o diretor do Barclays, Marcelo Allain. "O que temos de fazer é saber quais companhias terão maior ou menor participação no índice e fazer a arbitragem de preços", diz. (Continua)


Fundos multimercados: Um gestor bem-sucedido nessa área precisa ser capaz de antever movimentos que ainda não foram percebidos pelo resto do mercado. Isso é mais importante do que saber avaliar o risco e o potencial de retorno de um ativo. Ao identificar uma tendência, o gestor de um fundo multimercado poderá tanto apostar na baixa quanto na alta - e mesmo ficar de fora daquele mercado se acreditar que não há uma tendência definida.

Segundo o superintendente de multimercados do Itaú Unibanco, Marcelo Siniscalchi, o banco costuma perceber tendências antes do resto do mercado devido ao alto grau de especialização da equipe. "No nosso time, todos os profissionais têm mestrado ou doutorado no Brasil ou no exterior. O próprio banco faz questão de investir nisso", diz.

Fundos de renda fixa: Ter uma equipe de análise com conhecimento em diversos assuntos é o segredo dos fundos da SulAmérica Investimentos. "É fundamental ter uma equipe multidisciplinar com economistas e também um econometrista", diz o vice-presidente da gestora de recursos da SulAmérica, Marcelo Mello. A empresa aposta que ter funcionários altamente especializados em diversos assuntos permite enxergar melhor uma oportunidade no mercado. "O gestor não pode ser uma pessoa que fica trancada em uma sala olhando para terminais de informação. Ele deve ser alguém que possui várias fontes de informação e sabe filtrar o que é relevante e o que é simplesmente lixo."

Mello afirma que no final do ano passado a empresa identificou que os juros cairiam fortemente neste ano devido ao agravamento da crise. Na época, a maioria do mercado ainda acreditava que a crise provocaria uma corrida pelo dólar que pressionaria a inflação e obrigaria o Banco Central a elevar os juros. "Percebemos que havia muita gordura na taxa de juros e isso promete fazer a diferença agora", diz.


Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Minhas Finanças

Veja o resultado da Mega-Sena concurso 2756; prêmio acumulado é de R$ 2,8 milhões

Endividamento das famílias brasileiras cai para 78,5% em julho

Mega-Sena sorteia nesta quinta-feira prêmio estimado em R$ 3,5 milhões

Veja quem deve pagar o licenciamento obrigatório no mês de agosto em SP

Mais na Exame