Minhas Finanças

Com redução do IPI, condições de financiamento pioram

Pesquisa da consultoria Jato Dynamics mostra que concessionárias pedem entrada maior e prazos menores para empréstimo


	Carros: Com o valor do usado depreciado e piores condições de empréstimo, comprador deve pensar duas vezes antes de fechar negócio
 (Miguel Riopa/AFP)

Carros: Com o valor do usado depreciado e piores condições de empréstimo, comprador deve pensar duas vezes antes de fechar negócio (Miguel Riopa/AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de agosto de 2012 às 14h11.

São Paulo - O IPI reduzido para carros foi prorrogado por mais dois meses. Os consumidores que não aproveitaram a primeira leva da redução e têm receio de não aproveitar a chance mais uma vez devem ficar atentos às desvantagens por trás dos incentivos. Segundo a consultoria automotiva Jato Dynamics, apesar da redução nos preços, as condições para os empréstimos estão piores. Em uma pesquisa junto a 10 concessionárias, a consultoria não encontrou lojas que exigissem menos de 30% de entrada para aprovar o financiamento, sendo que antes da redução as entradas geralmente eram de 10% do valor do veículo. 

 "Antes nós encontrávamos até financiamentos de 72 meses sem entrada. Agora nós constatamos que as concessionárias estão pedindo entradas de 30% a 50% do valor do carro e parcelas de 36 a 48 meses", diz Rodolfo Salomon, gerente de vendas da Jato. Ele explica que as montadores estão fazendo mais exigências no empréstimo para evitar que clientes que não possam honrar os pagamentos façam a compra. 

Outro ponto crítico por trás da redução do IPI é a depreciação dos carros usados. De acordo com a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), com o IPI menor para os novos, houve uma desvalorização de 10% a 15% no preço dos usados. Com valores dos carros novos menores, os preços dos usados também são puxados para baixo. E além disso, alguns consumidores que antes optariam por comprar um usado porque não tinham capacidade financeira para comprar um novo, passam a ter agora e dão preferência ao carro zero quilômetro. 

"Além da entrada maior, a situação fica mais difícil ainda porque o carro usado que o comprador usava para dar a entrada no novo está com um valor muito mais baixo", diz Solomon. Ele conta que alguns consumidores que não têm o financiamento aprovado pelo banco da concessionária, chegam a pedir empréstimos pessoais em outros bancos, a taxas de juros muito maiores do que as do financiamento de veículos. 


"Cuidado para não trocar seis por meia dúzia"

Segundo Solomon, comprar o carro com IPI reduzido é, sem dúvida, um bom negócio, mas apenas para quem tem recursos suficientes para arcar com a compra à vista ou com a dívida, se o carro for financiado. "O comprador deve tomar cuidado para não trocar seis por meia dúzia. O IPI reduzido é bom, mas as condições dos empréstimos estão piores e se o comprador não tiver o dinheiro para pagar à vista, ele pode encontrar melhores condições em outro momento", afirma. 

A consultoria automotiva Polk, que faz projeções sobre vendas de carro, já revisou sua meta de vendas de 2013 para baixo. Pelas novas condições propiciadas pelo IPI reduzido, a entidade acredita que haverá uma antecipação de compra de 100.000 carros. A projeção das vendas para o próximo ano, por isso, caiu de 3,7 milhões para 3,6 milhões. Até maio, a previsão do crescimento de vendas de 2012 sobre 2013 era de 5,7% e agora passou a 2,9%. 

O gerente de vendas da Jato orienta que antes de comprar um carro novo, os consumidores pesquisem entre diferentes concessionárias as condições de financiamento, se elas estão oferecendo algum desconto além do IPI e se o valor oferecido pelo usado não está muito abaixo do valor que consta na tabela Fipe de veículos. "O comprador ganhou de um lado e perdeu de outro. Antes de fazer a compra por impulso, ele deve observar com cuidado todas as condições envolvidas na compra", conclui. 

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