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Com o impeachment avançando, o dólar ainda pode cair?

Especialistas traçam suas perspectivas para o dólar e dizem qual é o melhor momento para comprar a moeda-norte americana


	Dólares: especialistas esperam que o dólar caia se a presidente Dilma Rousseff for afastada
 (Jupiterimages/Thinkstock)

Dólares: especialistas esperam que o dólar caia se a presidente Dilma Rousseff for afastada (Jupiterimages/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 18 de abril de 2016 às 18h07.

São Paulo - Se você tem uma viagem marcada para fora, é provável que as notícias sobre o impeachment e os demais acontecimentos políticos estejam te deixando em um forte impasse sobre o melhor momento para comprar dólares.

Para facilitar sua decisão, EXAME.com consultou alguns especialistas que traçaram suas expectativas sobre os próximos movimentos da moeda norte-americana. Ainda que eles acreditem que o dólar deve cair nos próximos meses, como tudo pode acontecer, todos recomendam que o dólar seja comprado aos poucos para que o viajante forme um preço médio de cotação e não se exponha a altos riscos.

Confira a seguir as perspectivas sobre o comportamento do dólar e as dicas para encontrar as melhores cotações.

Dólar sobe com aprovação do impeachment

Nesta segunda-feira (18), um dia após a aprovação do processo de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, a moeda norte-americana apresentou trajetória de alta ao longo do dia, e por volta das 17h15 estava cotada aos 3,60 reais. A valorização do dólar pode causar certa confusão, já que nos últimos meses a maioria das notícias contrárias ao governo geraram efeito oposto, de queda nas cotações.

André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, afirma que a recente alta acontece porque o dólar caiu muito nos últimos dias, diante do aumento das expectativas de alternância de poder, e agora a moeda passa por um certo ajuste.

“Neste ano, o real foi a moeda que mais se apreciou no mundo, só atrás do iene japonês. Como a aprovação do impeachment já era esperada, seus efeitos na cotação do dólar já estavam precificados e nesta segunda-feira houve uma certa correção”, diz o economista-chefe da Gradual.

Ele acredita que daqui para frente os movimentos da moeda devem contar com uma dose maior de racionalidade, o que deve gerar oscilações menores. As atenções agora devem se voltar para os anúncios que o vice-presidente Michel Temer deve fazer sobre os rumos da economia.

“A Dilma já está praticamente fora. Por isso, se antes era puro sentimento o que mexia com o dólar, agora a discussão será mais econômica. Dependendo do que o Temer falar, os mercados podem se animar e o dólar pode cair um pouco mais”, diz Perfeito.

Diante dessas perspectivas, o economista sugere que o viajante fique atento ao noticiário para aproveitar eventuais quedas do dólar, conforme as diretrizes econômicas de um eventual governo Temer forem se anunciando. Por outro lado, o comprador não deve pensar que a queda na moeda é certa, já que as decisões do vice-presidente também podem contrariar as expectativas e gerar novas ondas de pessimismo.

Impeachment ainda deve provocar quedas no dólar

Depois de aprovado na Câmara, o processo de impeachment agora segue para o Senado, que irá aprovar ou não o julgamento na Casa. Caso a maioria simples do Senado aprove o processo - decisão que deve acontecer em maio apenas -, a presidente será afastada por um prazo de 180 dias.

Por mais que algumas notícias já mostrem que o Senado deve aprovar o impeachment, Stéfano Assis, CEO do site de comparação de câmbio MelhorCambio.com, afirma que incertezas ainda rondam o cenário político. “Como o cenário ainda não está 100% definido, se o impeachment se concretizar de fato, o dólar deve cair. Muitos especialistas acreditam nisso e essa também é a nossa leitura”, diz.

Luiz Eduardo Portella, sócio-gestor do Modal Asset Management, gestora de investimentos do banco Modal, também avalia que ainda há espaço para maiores quedas do dólar. Ele prevê que a moeda chegue aos 3,30 reais se o afastamento da presidente acontecer. 

Enquanto a decisão do Senado não sair, a Operação Lava Jato e outras notícias podem mexer com o dólar, segundo Portella, levando a moeda a cair quando algo desfavorável ao governo acontecer e provocando movimento inverso diante de notícias positivas para o governo.

Além do impeachment e de outras notícias relacionadas ao futuro do governo, as intervenções do Banco Central também devem continuar influenciando as cotações do dólar.

Para conter a disparada do dólar, nos últimos meses o governo realizou operações de swap cambial que, de forma resumida, equivaleram à venda de dólares. Com o aumento do otimismo em relação ao Brasil - decorrente da elevação das expectativas de impeachment - e a consequente queda do dólar, desde a semana passada o BC tem realizado operações de compra de dólar para neutralizar sua posição.

“Como a economia se acalmou, o BC está aproveitando para zerar suas posições e está comprando dólares. Isso tem provocado a valorização que temos visto do dólar nos últimos dias”, diz Portella. Encerrado o movimento de compra de dólares pelo BC, o que deve ocorrer dentro de um mês, segundo Portella, a demanda pela moeda norte-americana deve diminuir e sua cotação deve voltar a cair.

Assim sendo, além do impeachment, o fim da intervenção do BC sobre o dólar também deve contribuir para a queda da moeda norte-americana.

No segundo semestre, fatores externos devem mexer com o dólar

Se as perspectivas do dólar para os próximos dois meses se concentram em fatores políticos domésticos, no segundo semestre acontecimentos externos podem influenciar mais o câmbio

Portella, do Modal Asset Management, destaca que o banco central norte-americano, o Fed, não deve elevar os juros básicos dos Estados Unidos tão cedo, mas isso pode ocorrer no segundo semestre. Com a alta dos juros, investidores de todo o mundo tendem a migrar seus recursos para o país em busca de maiores rendimentos, o que pode levar o dólar a se valorizar em relação às moedas de países emergentes.

De todo modo, fatores internos ainda devem contribuir para uma tendência de queda do dólar, segundo André Perfeito, da Gradual. "O mercado espera que o eventual governo de Michel Temer mantenha a situação fiscal do país mais controlada, por isso a moeda tende a cair ainda mais no segundo semestre", diz.

Compre a moeda aos poucos

Os três especialistas ouvidos por EXAME.com recomendam que o viajante compre os dólares necessários para a viagem em datas diferentes. Assim, é possível aproveitar cotações variadas e minimizar riscos.

Mesmo com a tendência de queda do dólar, os últimos meses têm mostrado que surpresas podem surgir e reverter todas as expectativas. Portanto, ao formar uma cotação média, se algo inesperado ocorrer e a moeda norte-americana subir em vez de cair o comprador evita o risco de precisar comprar a moeda de uma vez só a uma cotação desfavorável. 

Vale ressaltar que, ao seguir a estratégia de comprar a moeda aos poucos, o viajante não deve fazer a compra aleatoriamente. O ideal é que ele se comprometa a comprar a moeda sempre que houver algum movimento de queda e não abra mão de sua estratégia inicial. Para isso, é importante ficar sempre atento aos noticiários.

Compare taxas e escolha a corretora mais barata

Como adivinhar o comportamento do dólar é algo extremamente complexo até mesmo para economistas, uma tática muito mais fácil para economizar dinheiro na conversão é comparar cotações para encontrar o melhor preço.

Conforme explica Stéfano Assis, CEO do MelhorCambio.com, as cotações podem variar muito entre diferentes casas de câmbio. Enquanto uma corretora localizada em um shopping, que funciona 24 horas por dia, pode ter cursos maiores para manter sua operação e repassar isso ao cliente, outra corretora, localizada em um lugar cujos aluguéis são mais baratos, pode praticar uma cotação menor.

Assis afirma que é preciso checar o preço final do dólar em cada corretora, já que algumas delas podem divulgar a cotação sem taxas passando uma falsa impressão de que oferecem um preço mais baixo. 

No site MelhorCambio.com as cotações são apresentadas já com a inclusão de taxas e do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), cuja alíquota é de 0,38% para compras em espécie e de 6,38% para compras no cartão pré-pago. Em uma consulta feita no site nesta segunda-feira (18), foi possível verificar que o dólar é vendido por cotações que variam entre 3,69 a 3,77 reais.

No site do Banco Central também é possivel comparar cotações por meio da ferramenta Ranking do VET, que mostra o Valor Efetivo Total (VET) da conversão de moedas estrangeiras em de diferentes casas de câmbio. Conforme explica o BC, o VET engloba a taxa de câmbio, as tarifas e os tributos incidentes sobre a conversão, apresentando o custo final da compra. 

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