Acompanhe:

Classe média já arca com a maior parte do Imposto de Renda

Enquanto os mais ricos estão abrindo empresas, classe média passou a pagar mais imposto por defasagem na tabela e maior formalização no trabalho

Modo escuro

Continua após a publicidade

	Classe média: defasagem dos valores na tabela de imposto de renda aumentou parcela da contribuição da classe média para a arrecadação.
 (David Sacks/Thinkstock)

Classe média: defasagem dos valores na tabela de imposto de renda aumentou parcela da contribuição da classe média para a arrecadação. (David Sacks/Thinkstock)

B
Bianca Pinto Lima

Publicado em 18 de abril de 2016 às, 11h08.

São Paulo - As classes sociais mais abastadas costumavam responder pela maior fatia do Imposto de Renda (IR) pago no País. Afinal, por ser um tributo de natureza progressiva, faz sentido que quem ganhe mais também pague mais.

Só que isso mudou em 2013, segundo o último dado divulgado pela Receita Federal e compilado pelo Sindicato dos Auditores Fiscais (Sindifisco Nacional). Com esse movimento, os estratos intermediários passaram a arcar com a maior fatia do IR.

Em 2013, os brasileiros com rendimento mensal acima de 20 salários mínimos responderam por 47,2% do tributo pago ao Fisco, enquanto as faixas entre dois e vinte salários foram responsáveis por 52,5%.

Em 2007, quando tem início a série histórica da Receita, o retrato era bem diferente: os mais ricos respondiam por 60,3% e a classe média, 39,2%.

"Há uma fuga da tributação nas faixas superiores, com os contribuintes se transformando em pessoas jurídicas, ao mesmo tempo em que ocorre um acúmulo nas intermediárias devido, principalmente, à defasagem da tabela, mas também à formalização do mercado de trabalho no período", explica Álvaro Luchiezi, gerente de estudos técnicos do Sindifisco Nacional.

Isso ocorre, segundo ele, porque os chamados PJs recebem a maior parte de seus rendimentos como lucros e dividendos, que são isentos de IR. Já a classe média é composta em grande parte por assalariados, que têm o imposto retido na fonte de acordo com a tabela progressiva - a qual acumula defasagem histórica de 72% ante a inflação.

Para Luchiezi, a tese sobre a "pejotização" ganha força ao se olhar os dados de rendimentos isentos. Eles mostram que os brasileiros nas faixas acima de vinte salários concentram quase 90% desse tipo de renda.

"Quem tem mais rendimentos consegue maior proteção contra os impostos", diz ele, que vê a questão como uma distorção.

É importante destacar que, entre 2007 e 2013, houve uma redução no número de declarantes no grupo de mais ricos (-12,6%), mas que foi acompanhada de uma queda ainda maior (-21,8%) na participação desse estrato no total de impostos pagos.

O movimento oposto foi visto na classe média: houve um aumento de 17,6% no volume de contribuintes e uma alta ainda mais expressiva na participação (33,8%).

O Sindifisco Nacional defende a correção da tabela do IR ao longo de dez anos e a tributação de lucros e dividendos a partir de R$ 60 mil.

CPMF

Para os cofres públicos, a defasagem da tabela tem gerado ganhos extras bilionários. Somente em 2014, essa discrepância rendeu um acréscimo de R$ 37,8 bilhões em arrecadação, mais do que a recriação da CPMF proveria (R$ 32 bilhões, com alíquota de 0,2%).

Os cálculos fazem parte de levantamento da PUC-RS e do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis (Sescon-RS) e leva em conta apenas os rendimentos do trabalho.

"A defasagem da tabela poderia financiar toda a Olimpíada do Rio", compara Gustavo Inácio de Moraes, professor da PUC-RS.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Últimas Notícias

Ver mais
NY quer cobrar US$ 15 de motoristas no centro de Manhattan para reduzir engarrafamentos
Mundo

NY quer cobrar US$ 15 de motoristas no centro de Manhattan para reduzir engarrafamentos

Há um dia

Sefaz-SP notifica quase 700 mil proprietários por IPVA atrasado; veja como regularizar a situação
seloMinhas Finanças

Sefaz-SP notifica quase 700 mil proprietários por IPVA atrasado; veja como regularizar a situação

Há um dia

Litígio Zero: nova fase do programa permitirá renegociação de dívidas de até R$ 50 milhões
seloMinhas Finanças

Litígio Zero: nova fase do programa permitirá renegociação de dívidas de até R$ 50 milhões

Há um dia

'Situação não está boa', diz secretário da Receita, sobre discussão de pautas econômicas
Economia

'Situação não está boa', diz secretário da Receita, sobre discussão de pautas econômicas

Há 2 dias

Continua após a publicidade
icon

Branded contents

Ver mais

Conteúdos de marca produzidos pelo time de EXAME Solutions

Exame.com

Acompanhe as últimas notícias e atualizações, aqui na Exame.

Leia mais