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Calcule de quanto dinheiro você precisa para se aposentar

Quanto dinheiro você precisa para se aposentar? Afinal, um dia iremos querer (ou precisar) parar de vender nosso tempo por dinheiro

Aposentadoria: o primeiro passo é imaginarmos qual será o nosso orçamento na fase futura da vida (AndreyPopov/Thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de agosto de 2015 às 18h43.

De quanto você precisa para garantir uma aposentadoria tranquila? Essa é uma pergunta que todos nós deveríamos fazer. Afinal de contas, um dia iremos querer (ou precisar) parar de vender nosso tempo por dinheiro.

Infelizmente, nossos compromissos financeiros não acabarão nesta data e, sendo assim, precisamos desde já ter uma estratégia traçada sobre como lidar com nossa vida financeira nessa nova fase da vida.

Ouço muitas pessoas dizerem que seu desejo é ter um milhão de reais e que com isso seus sonhos se realizariam. Pensando apenas na aposentadoria, quanto dinheiro você acha que este milhão poderá te dar?

Se você imaginou algo entre oito e dez mil reais (imaginando uma taxa de juro de 0,8% a 1% ao mês), você fez o raciocínio mais comum, que está, infelizmente, errado.

Quando pensamos em termos renda a partir de investimentos financeiros, uma questão não pode ficar de fora das análises: A inflação .

Este dragão que incomoda a vida dos brasileiros desde sempre e que anda mais agitado ultimamente tem um poder terrível – ele corrói o poder de compra do nosso dinheiro.

Trocando em miúdos, ele faz com que os 8 ou 10 mil reais de hoje comprem muito menos coisas no futuro, de forma que, se você imaginar usar esse valor para sua aposentadoria, durante um longo período de tempo – digamos 30 anos – seu padrão de vida irá cair muito.

Dessa forma, é fundamental que se considere apenas o que se chama de “juro real”, que é a taxa de juro, já descontada a inflação. Para longos períodos de tempo futuro, costumo estimar essa taxa em 4% ao ano, o equivalente a 0,33% ao mês.

Com boas aplicações financeiras geradoras de renda, como fundos imobiliários, Tesouro IPCA+ com juros semestrais e ações com foco em dividendos, essa taxa é possível.

Assim, aquele milhão, para permanecer intacto em seu poder de compra ao longo do tempo, poderá fornecer algo próximo de R$3,3 mil ao mês. Bem diferente do que a maioria imagina, não é mesmo?

Com este preâmbulo, vamos analisar passo a passo como podemos fazer nosso planejamento para calcular com alguma precisão o valor que precisaremos ter em investimentos para vivermos com dignidade na aposentadoria, imaginando sempre juros reais, de forma a não precisarmos nos preocupar com a inflação.

O primeiro passo é imaginarmos qual será o nosso orçamento na fase futura da vida. Se você ainda tem filhos dependentes financeiramente, provavelmente seu orçamento ficará mais leve no futuro.

Entretanto, é preciso ter cuidado com outros dois fatores: Custos ligados à saúde tendem a aumentar e muitas pessoas precisarão cuidar dos pais, que não conseguiram se tornar financeiramente independentes.

Assim, pese estes e outros fatores até chegar na renda desejada para a aposentadoria – como exemplo, usarei o valor de R$ 10 mil/mês, lembrando que todos os cálculos serão feitos com juros reais, ou seja, os rendimentos nominais serão maiores do que os apresentados, mas uma parte disso é inflação, que não consideraremos, mantendo assim o mesmo poder de compra do dinheiro de hoje.

Com esse número em mente, o segundo passo é verificar se haverá outras rendas disponíveis nessa fase, como INSS, renda de previdências privadas, alugueis, etc. Cabe aqui uma ressalva: o INSS tem hoje um “rombo” enorme e crescente, de forma que é bom ser conservador quanto ao valor que será recebido desta fonte.

Vamos imaginar que esperamos receber R$3 mil do INSS e R$1,5 mil do aluguel de um imóvel que já possuímos.

Assim, imaginamos ter uma renda de R$4,5 mil e faltam R$5,5 mil, que deverão vir de nossas reservas financeiras. A chamarei de Renda Financeira Futura (RFF).

Neste momento outra decisão precisa ser tomada: nosso planejamento irá prever que essa renda será perene – ou seja, não acabará nunca, ficando como um legado aos nossos herdeiros – ou se encerrará em algum momento?

Se a quisermos perene, a conta é simples: Para cada R$ 1 mil de renda, precisaremos de aproximadamente R$ 305 mil. Assim, em nosso exemplo, precisaremos de R$ 1,68 milhão. Realmente é muito dinheiro, não é?

A outra forma de fazer isso é utilizando o capital, em vez de de apenas os juros que ele proporciona, de forma que, ao final do período estipulado, os recursos terão se esgotado, sem legado a ser deixado.

Neste caso, é necessário que se estipule por quanto tempo se utilizarão os recursos. Estimarei 30 anos (aposentadoria aos 65, renda até os 95, por exemplo).

Para a mesma necessidade de RFF, precisaríamos de R$ 1,16 milhão. Isto corresponde a uma redução de 31% (mais de R$ 500 mil).

Esta forma, no entanto, incorre em um importante risco – o da longevidade. Caso venhamos a viver mais do que estimamos quando fazemos o plano, os recursos se esgotarão e precisaremos obter recursos por outros meios, como o auxílio dos descendentes, por exemplo.

Com os avanços da medicina, será cada vez mais comum vivermos até idades bem avançadas.

Além disso, qualquer “derrapada” de uso do dinheiro naquela etapa da vida pode diminuir consideravelmente o tempo que ele durará.

Ainda neste caso, visando solucionar o problema da falta de legado, caso seja esta uma demanda do plano, uma estratégia bastante inteligente seria seguir os cálculos com a utilização do patrimônio, que demandarão um esforço de poupança bastante menor e contratar um seguro de vida, na modalidade vida toda (ou “whole life”), que deixaria o legado financeiro aos descendentes, além de não passar por inventário, reduzindo o prazo de disponibilidade dos recursos de forma importante.

Outro ponto é que, neste caso, não há os custos inerentes ao processo de inventário (ITCMD, custos cartoriais, advocatícios, etc.), que giram em torno de 10% hoje na maioria dos estados, mas podem subir de acordo com mudanças tributárias no ITCMD, que podem ocorrer sem aviso prévio.

Se o número ainda parece muito alto, deixe os juros trabalharem à seu favor. Se você tiver 10 anos até sua aposentadoria, está atrasado e por isso precisará investir um valor considerável – R$,7,9 mil ao mês. Se tiver 20 anos de prazo, R$ 3,2 mil.

Faltando 30 anos, R$ 1,7 mil. E, para 40 anos de prazo, R$ 1 mil ao mês. Assim fica fácil entender o poder do tempo e dos juros compostos trabalhando em nosso favor.

Como visto, quanto mais tempo tiver até o momento da aposentadoria, mais suave será seu investimento. E se você achou os valores altos, repense suas prioridades de vida e busque meios de aumentar a renda ou cortar custos de seu orçamento. Uma dica: Hoje, para os brasileiros, dois vilões principais se apresentam no orçamento: os custos com financiamentos imobiliários e com veículos.

Outro meio de reduzir o valor é postergar o momento da aposentadoria – cinco anos a menos de utilização dos recursos fariam a necessidade de capital cair de R$ 1,16 milhão para R$ 1,05 milhão e o prazo de investimento ganharia um fôlego de mais 5 anos, reduzindo a necessidade mensal de forma importante.

A conclusão? Repense suas prioridades e comece desde já a planejar sua aposentadoria. Boa sorte!

Valter Police é Planejador Financeiro CFP® e Diretor da Police Consultoria e Treinamento

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De quanto você precisa para garantir uma aposentadoria tranquila? Essa é uma pergunta que todos nós deveríamos fazer. Afinal de contas, um dia iremos querer (ou precisar) parar de vender nosso tempo por dinheiro.

Infelizmente, nossos compromissos financeiros não acabarão nesta data e, sendo assim, precisamos desde já ter uma estratégia traçada sobre como lidar com nossa vida financeira nessa nova fase da vida.

Ouço muitas pessoas dizerem que seu desejo é ter um milhão de reais e que com isso seus sonhos se realizariam. Pensando apenas na aposentadoria, quanto dinheiro você acha que este milhão poderá te dar?

Se você imaginou algo entre oito e dez mil reais (imaginando uma taxa de juro de 0,8% a 1% ao mês), você fez o raciocínio mais comum, que está, infelizmente, errado.

Quando pensamos em termos renda a partir de investimentos financeiros, uma questão não pode ficar de fora das análises: A inflação .

Este dragão que incomoda a vida dos brasileiros desde sempre e que anda mais agitado ultimamente tem um poder terrível – ele corrói o poder de compra do nosso dinheiro.

Trocando em miúdos, ele faz com que os 8 ou 10 mil reais de hoje comprem muito menos coisas no futuro, de forma que, se você imaginar usar esse valor para sua aposentadoria, durante um longo período de tempo – digamos 30 anos – seu padrão de vida irá cair muito.

Dessa forma, é fundamental que se considere apenas o que se chama de “juro real”, que é a taxa de juro, já descontada a inflação. Para longos períodos de tempo futuro, costumo estimar essa taxa em 4% ao ano, o equivalente a 0,33% ao mês.

Com boas aplicações financeiras geradoras de renda, como fundos imobiliários, Tesouro IPCA+ com juros semestrais e ações com foco em dividendos, essa taxa é possível.

Assim, aquele milhão, para permanecer intacto em seu poder de compra ao longo do tempo, poderá fornecer algo próximo de R$3,3 mil ao mês. Bem diferente do que a maioria imagina, não é mesmo?

Com este preâmbulo, vamos analisar passo a passo como podemos fazer nosso planejamento para calcular com alguma precisão o valor que precisaremos ter em investimentos para vivermos com dignidade na aposentadoria, imaginando sempre juros reais, de forma a não precisarmos nos preocupar com a inflação.

O primeiro passo é imaginarmos qual será o nosso orçamento na fase futura da vida. Se você ainda tem filhos dependentes financeiramente, provavelmente seu orçamento ficará mais leve no futuro.

Entretanto, é preciso ter cuidado com outros dois fatores: Custos ligados à saúde tendem a aumentar e muitas pessoas precisarão cuidar dos pais, que não conseguiram se tornar financeiramente independentes.

Assim, pese estes e outros fatores até chegar na renda desejada para a aposentadoria – como exemplo, usarei o valor de R$ 10 mil/mês, lembrando que todos os cálculos serão feitos com juros reais, ou seja, os rendimentos nominais serão maiores do que os apresentados, mas uma parte disso é inflação, que não consideraremos, mantendo assim o mesmo poder de compra do dinheiro de hoje.

Com esse número em mente, o segundo passo é verificar se haverá outras rendas disponíveis nessa fase, como INSS, renda de previdências privadas, alugueis, etc. Cabe aqui uma ressalva: o INSS tem hoje um “rombo” enorme e crescente, de forma que é bom ser conservador quanto ao valor que será recebido desta fonte.

Vamos imaginar que esperamos receber R$3 mil do INSS e R$1,5 mil do aluguel de um imóvel que já possuímos.

Assim, imaginamos ter uma renda de R$4,5 mil e faltam R$5,5 mil, que deverão vir de nossas reservas financeiras. A chamarei de Renda Financeira Futura (RFF).

Neste momento outra decisão precisa ser tomada: nosso planejamento irá prever que essa renda será perene – ou seja, não acabará nunca, ficando como um legado aos nossos herdeiros – ou se encerrará em algum momento?

Se a quisermos perene, a conta é simples: Para cada R$ 1 mil de renda, precisaremos de aproximadamente R$ 305 mil. Assim, em nosso exemplo, precisaremos de R$ 1,68 milhão. Realmente é muito dinheiro, não é?

A outra forma de fazer isso é utilizando o capital, em vez de de apenas os juros que ele proporciona, de forma que, ao final do período estipulado, os recursos terão se esgotado, sem legado a ser deixado.

Neste caso, é necessário que se estipule por quanto tempo se utilizarão os recursos. Estimarei 30 anos (aposentadoria aos 65, renda até os 95, por exemplo).

Para a mesma necessidade de RFF, precisaríamos de R$ 1,16 milhão. Isto corresponde a uma redução de 31% (mais de R$ 500 mil).

Esta forma, no entanto, incorre em um importante risco – o da longevidade. Caso venhamos a viver mais do que estimamos quando fazemos o plano, os recursos se esgotarão e precisaremos obter recursos por outros meios, como o auxílio dos descendentes, por exemplo.

Com os avanços da medicina, será cada vez mais comum vivermos até idades bem avançadas.

Além disso, qualquer “derrapada” de uso do dinheiro naquela etapa da vida pode diminuir consideravelmente o tempo que ele durará.

Ainda neste caso, visando solucionar o problema da falta de legado, caso seja esta uma demanda do plano, uma estratégia bastante inteligente seria seguir os cálculos com a utilização do patrimônio, que demandarão um esforço de poupança bastante menor e contratar um seguro de vida, na modalidade vida toda (ou “whole life”), que deixaria o legado financeiro aos descendentes, além de não passar por inventário, reduzindo o prazo de disponibilidade dos recursos de forma importante.

Outro ponto é que, neste caso, não há os custos inerentes ao processo de inventário (ITCMD, custos cartoriais, advocatícios, etc.), que giram em torno de 10% hoje na maioria dos estados, mas podem subir de acordo com mudanças tributárias no ITCMD, que podem ocorrer sem aviso prévio.

Se o número ainda parece muito alto, deixe os juros trabalharem à seu favor. Se você tiver 10 anos até sua aposentadoria, está atrasado e por isso precisará investir um valor considerável – R$,7,9 mil ao mês. Se tiver 20 anos de prazo, R$ 3,2 mil.

Faltando 30 anos, R$ 1,7 mil. E, para 40 anos de prazo, R$ 1 mil ao mês. Assim fica fácil entender o poder do tempo e dos juros compostos trabalhando em nosso favor.

Como visto, quanto mais tempo tiver até o momento da aposentadoria, mais suave será seu investimento. E se você achou os valores altos, repense suas prioridades de vida e busque meios de aumentar a renda ou cortar custos de seu orçamento. Uma dica: Hoje, para os brasileiros, dois vilões principais se apresentam no orçamento: os custos com financiamentos imobiliários e com veículos.

Outro meio de reduzir o valor é postergar o momento da aposentadoria – cinco anos a menos de utilização dos recursos fariam a necessidade de capital cair de R$ 1,16 milhão para R$ 1,05 milhão e o prazo de investimento ganharia um fôlego de mais 5 anos, reduzindo a necessidade mensal de forma importante.

A conclusão? Repense suas prioridades e comece desde já a planejar sua aposentadoria. Boa sorte!

Valter Police é Planejador Financeiro CFP® e Diretor da Police Consultoria e Treinamento

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