Poupança: a captação líquida em dezembro foi a segunda maior registrada para o mês, perdendo apenas para dezembro de 2013 (MichaelJay/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 6 de janeiro de 2017 às 12h31.
A queda da renda e a perda de atratividade perante outras aplicações fizeram a caderneta de poupança registrar retirada líquida de recursos pelo segundo ano consecutivo.
Em 2016, os brasileiros sacaram R$ 40,7 bilhões a mais do que depositaram na poupança, segundo dados divulgados hoje pelo Banco Central (BC).
A retirada líquida foi menor que a registrada em 2015, quando os saques haviam superado os depósitos em R$ 53,6 bilhões.
Somando o ano passado com 2015, as cadernetas perderam R$ 94,3 bilhões em depósitos. Com a crise econômica e o aumento do desemprego, desde o ano passado, os brasileiros passaram a retirar dinheiro da poupança para quitar dívidas e pagar contas.
Os resgates podem comprometer a capacidade dos bancos de oferecer financiamento imobiliário com recursos do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que usa recursos da poupança.
Apesar da retirada no acumulado do ano, os dois últimos meses de 2016 indicaram recuperação da poupança.
Os depósitos superaram os saques em R$ 1,9 bilhão, em novembro, e em R$ 10,7 bilhões em dezembro, motivados principalmente pelo pagamento da segunda parcela do décimo terceiro, que aumentou o volume de recursos disponível para a poupança.
A captação líquida em dezembro foi a segunda maior registrada para o mês, perdendo apenas para dezembro de 2013 (R$ 11,2 bilhões).
A melhoria da rentabilidade e a queda da inflação ajudam a explicar a redução na fuga de recursos da poupança nos últimos meses do ano.
No ano passado, a caderneta rendeu 8,3%. Até novembro, a inflação em 12 meses medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estava em 6,98%. Em 2015, a aplicação tinha rendido 8,07%, mas o IPCA tinha fechado o ano em 10,67%.
Mesmo rendendo um pouco mais e com isenção de Imposto de Renda, a caderneta de poupança continua com rendimento inferior a outras aplicações.
Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostraram que os fundos de renda fixa de prazo médio (duração média) renderam 14,29% em média no ano passado, o que, descontando um imposto de 15% após dois anos, representaria um ganho líquido de 12,14% no ano.
O fundo menos rentável, o Renda Fixa Simples, rendeu 12,78% brutos no ano passado, ou 10,86% líquidos em média.
Isso sem comparar com as aplicações isentas de imposto, como LCI e LCA, ou com o rendimento dos papéis do Tesouro Direto, que chegaram a 53% no ano passado por conta da queda forte dos juros.
Essa diferença entre a caderneta e os fundos tende a cair este ano, à medida que a taxa de juros Selic seja reduzida para 10,5%, como espera o mercado. Mas mesmo assim fundos com taxa de administração mais baixa continuarão sendo competitivos.
De acordo com levantamento recente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), os fundos de renda fixa com taxa de administração de até 2,5% são mais rentáveis que a poupança para aplicações de um a dois anos.
Com informações da Agência Brasil.