Comportamento financeiro independe de gênero: "ambos fazem as mesmas besteiras", diz economista da Serasa Experian (Divulgação/Imovelweb)
Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2013 às 14h21.
Sao Paulo - Ter mais ou menos dinheiro não é sinônimo de um melhor comportamento financeiro. Essa foi a conclusão do Indicador Serasa Experian de Educação Financeira do Consumidor, lançado nesta segunda-feira (13).
Três dimensões foram avaliadas para formar o índice: conhecimento, atitude e comportamento. Os resultados mostraram que no item comportamento, brasileiros que ganham mais de 10 salários mínimos (6.780 reais) tiraram a nota 5,1 em uma escala que vai de 0 a 10, enquanto aqueles que recebem um salario mínimo (678 reais) alcançaram 5,0.
No subíndice comportamento é avaliado o que o entrevistado de fato realiza, ou seja, se ele gasta mais do que ganha, se investe e se pensa em sua aposentadoria.
Já o subíndice conhecimento avalia se os brasileiros entendem alguns conceitos financeiros como os juros, direitos do consumidor, riscos, retornos, inflação e outros. E o quesito atitude mede a percepção que o entrevistado tem sobre sua relação com as suas economias.
Na classificação geral, que engloba todos os subíndices e classes sociais, o brasileiro obteve a nota média 6,0. No quesito comportamento, a nota geral ficou em 5,2; no item atitude a nota foi 6,3; e no quesito conhecimento, foi registrada a melhor média, com a nota 7,5. Sinal de que bom conhecimento também não se traduz necessariamente em bom comportamento financeiro.
"A conclusao do estudo é que o brasileiro tem um nível de educação financeira razoável. E os três conceitos apresentaram notas bem distintas. Conhecimento foi a maior nota, ou seja, o brasileiro conhece razoavelmente bem os conceitos-chave da educação financeira, sabe avaliar a questão de risco-retorno, juros, etc. Com relação a atitudes, sabe como deveria se comportar, mas na hora de colocar os conceitos na prática, acaba se embaralhando. A questão comportamental deixa a desejar e impede um melhor conceito de educação" explica o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.
Os itens têm pesos diferentes no resultado final do índice: comportamento tem um peso de 50% no resultado, atitude, de 24%, e conhecimento, 26%.
Esse é o primeiro índice que mede o nível de educação financeira do Brasil com tamanha abrangência e nível de detalhes. Foram consultadas 2.002 pessoas no primeiro trimestre de 2013, em 142 cidades de todos os estados brasileiros e no Distrito Federal.
Classificação geral por renda
Na classificação geral do índice, brasileiros com renda familiar de mais de 10 salários mínimos obtiveram a nota 6,4. Aqueles com renda familiar entre cinco a 10 salários mínimos ficaram com 6,2; de dois a cinco, 6,1; de um a dois salários mínimos 6,0; e as famílias com menos de um salário mínimo ficaram com nota 5,7 no índice de educação financeira.
"Há uma evolução positiva no nível de educação financeira, conforme aumenta a renda, mas o item que leva à diferença entre os resultados é o comportamento. O conhecimento e a atitude sao muito proximos em diversas faixas de renda", comenta Luiz Rabi.
Mulheres e homens
Na divisao por gêneros, os resultados mostram que não há tanta diferença no índice obtido por homens e por mulheres. As mulheres tiveram uma nota média de 6,0 e os homens, 6,1.
No subíndice comportamento, tanto os homens quanto as mulheres obtiveram média 5,2. As diferenças maiores foram apontadas mais uma vez no quesito conhecimento, cuja nota foi de 7,3 para as mulheres e 7,7 para os homens, e no item atitude, que resultou em uma média de 6,4 para os homens e 6,2 para as mulheres.
Rabi comenta que com esse resultado é possível afirmar que os homens conhecem um pouco mais os conceitos financeiros, mas na prática se comportam exatamente da mesma maneira que elas. "Os homens parecem conhecer um pouquinho mais, mas, na hora de se comportar, fazem as mesmas besteiras. Aquela questão de que o homem sabe mais que a mulher é um estereótipo. Do ponto de vista de comportamento, a nota é rigorosamente a mesma. Isso contradiz o senso comum de que a mulher não teria tanto cuidado com o dinheiro, de que é mais gastadora", diz o economista.
Poupança
O indicador mostrou também que 76% dos consumidores com mais de dez salários mínimos têm poupança. Percentual que cai para apenas 18% entre os brasileiros com até um salário mínimo.