EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
Há seis pregões que a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) não sabia o que era valorização. Na sexta-feira (17/8), após muito sobe-e-desce, o Ibovespa fechou em alta de 1,13%, aos 48.559 pontos, mas a trégua na seqüência de quedas não alivia quem viu seus ganhos com ações esse ano praticamente sumirem. Somente na semana passada, a Bolsa paulista recuou 12%.
Ainda se recuperando do susto de quinta-feira, quando o Ibovespa chegou a despencar quase 9% durante o pregão, muitos investidores devem estar se perguntando se a Bolsa já chegou ao fundo do poço. A resposta, como era de se esperar, não é simples. Nenhum analista arrisca dizer "abaixo de X pontos a Bolsa não cai". Mas todos são enfáticos em afirmar: as ações de empresas brasileiras estão muito abaixo de seu valor justo.
"As perspectivas para as empresas não mudaram. A crise no crédito hipotecário nos Estados Unidos não está afetando o desempenho das companhias brasileiras. Ou seja, não há um fator físico que justifique a desvalorização dos papéis", afirma o diretor de Renda Variável da Máxima Asset Management, Fábio Cardoso.
O que está influenciando o preço das ações é a chamada lei da oferta e demanda: quando há mais vendedores que compradores, o preço cai, assim como quando a procura é maior que a oferta, o preço sobe. Hoje, haverá o vencimento de opções, sendo, portanto, provável que o mercado volte a cair. "Muitos investidores estão sendo obrigados a se desfazer dos papéis para honrar compromissos ou atender a regras da instituição para a qual opera, que determina um máximo de perda. Quando isso acontece, a Bolsa cai mais ainda, mas não porque ações deixou de ser um bom negócio", diz Guilherme da Nóbrega, economista-chefe da Itaú Corretora.
A questão agora, portanto, é saber quando esse ciclo de queda será interrompido. Enquanto não ficar claro o tamanho do problema no setor imobiliário nos Estados Unidos, dizem os especialistas, os estrangeiros - responsáveis pela maior parte dos investimentos na Bovespa - devem continuar saindo do Brasil, derrubando as cotações das ações. Embora não esteja totalmente descartada a hipótese de que a crise do crédito hipotecário possa contaminar a economia real, os analistas estão céticos quanto à possibilidade de uma crise global. "Os bancos centrais estão agindo para evitar isso. É claro que quem tomou risco em excesso vai ter de arcar com as conseqüências de uma decisão errada. Isso é saudável", afirma Cardoso.
Na sexta-feira, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) reduziu os juros para empréstimos a bancos. A atitude, na opinião dos analistas, comprova a disposição do Fed de impedir que a crise hipotecária se alastre para outros setores da economia, mas não de proteger os investidores contra prejuízos no mercado financeiro.
Oportunidade
Se para alguns a queda da Bovespa é sinônimo de perdas, para outros, representa uma oportunidade de ganho. Encontrar o pico de desvalorização para colocar em prática a máxima que diz "comprar na baixa para vender na alta" passou a ser o objetivo de muitos investidores.
Com o preço dos papéis abaixo do valor considerado justo, algumas corretoras, como a Geração Futuro, já registram mais ordens de compra que de venda de ações. "O mercado vai encontrar novamente um patamar de equilíbrio e a Bolsa voltará a subir. Já passamos por muitas crises no mercado financeiro e sempre foi assim", afirma Milton Milioni, diretor da Geração Futuro.
Na carteira das corretoras, constam recomendações de compra tanto de empresas já consolidadas como daquelas que ainda estão em fase de crescimento. "O importante é o investidor analisar os fundamentos das companhias, pois são eles que vão apontar as reais chances de valorização das ações. Hoje, as empresas que apresentam a melhor relação risco/retorno do mercado na minha opinião são Light e Plascar", diz André Segadilha, gerente de Análise da Prosper Corretora.
Ações | Cotação em 17 de agosto (R$) | Previsão para 12 meses (R$) | Potencial de Valorização (%) |
Telemar | 40,09 | 95,00 | 136,97 |
Light | 25,09 | 53,60 | 113,63 |
Cosan | 22,60 | 47,00 | 107,96 |
Eternit | 7,47 | 13,00 | 74,03 |
Brasil Ecodiesel | 10,49 | 18,00 | 71,59 |
Eletrobras | 43,90 | 75,00 | 70,84 |
Suzano Papel e Celulose | 23,50 | 38,00 | 61,70 |
Localiza | 17,31 | 27,50 | 58,87 |
Eletropaulo | 119,00 | 185,00 | 55,46 |
Usiminas | 97,06 | 150,00 | 54,54 |
Gafisa | 26,60 | 41,00 | 54,14 |
CPFL | 31,26 | 48,00 | 53,55 |
Itaúsa | 10,49 | 16,00 | 52,53 |
CCR | 32,75 | 49,00 | 49,62 |
Gerdau | 40,50 | 60,00 | 48,15 |
Energisa | 10,00 | 14,80 | 48,00 |
Braskem | 16,90 | 25,00 | 47,93 |
Dasa | 39,50 | 58,40 | 47,85 |
Sadia | 8,49 | 12,50 | 47,23 |
ALL | 22,80 | 33,50 | 46,93 |
Confab | 5,79 | 8,50 | 46,80 |
Embraer | 21,70 | 31,80 | 46,54 |
Vale do Rio Doce | 68,00 | 99,50 | 46,32 |
Globex | 44,99 | 65,70 | 46,03 |
Plascar | 8,90 | 12,99 | 45,96 |
Profarma | 30,60 | 44,50 | 45,42 |
Perdigão | 33,05 | 48,00 | 45,23 |
Klabin | 5,76 | 8,20 | 42,36 |
Guararapes | 89,35 | 125,00 | 39,90 |
Marcopolo | 6,85 | 9,50 | 38,69 |
Petrobras | 46,40 | 62,50 | 34,70 |
Unibanco | 20,50 | 27,50 | 34,15 |
Bradesco | 46,00 | 60,50 | 31,52 |
Weg | 19,80 | 26,00 | 31,31 |
Aracruz | 13,23 | 17,00 | 28,50 |
Itaú | 78,00 | 100,00 | 28,21 |
Banco Pine | 17,30 | 22,00 | 27,17 |
CSN | 93,47 | 112,00 | 19,82 |
*Para as ações indicadas por mais de uma corretora foram consideradas as maiores previsões de valorização | |||
Fontes: corretoras |