BDRs: anteriomente, este tipo de investimento era disponível apenas para investir qualificado (Aly Song/Reuters)
Karla Mamona
Publicado em 21 de outubro de 2020 às 09h33.
Última atualização em 21 de outubro de 2020 às 14h47.
As negociações dos BDRs (Brazilian Depositary Receipts) serão liberadas para investidores pessoas físicas a partir de quinta-feira, 22. Até então, este tipo de investimento era restrito a investidores qualificados (com mais de R$ 1 mi em aplicações). Quer saber mais sobre BDRs e em quais ações investir? Conheça os relatórios da EXAME Research.
Em comunicado divulgado na noite da última quarta-feira, 20, a B3 explicou que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprovou as últimas mudanças no Regulamento para Listagem de Emissores e Admissão à Negociação de Valores Mobiliários da B3 para viabilizar a negociação de BDRs pelo investidor pessoa física. Desta maneira, as corretoras podem oferecer esses papéis aos investidores.
A nova regra da CVM de negociação dos BDRs entrou em vigor no dia 1 de setembro, autorizando que os investidores de varejo também pudessem ter acesso a esses ativos. Conforme determinou a regulação da CVM, a B3 ajustou seu Regulamento para que fosse possível estabelecer o conceito de “mercados reconhecidos”. Posteriormente, a B3 avaliará a inclusão de outras bolsas estrangeiras como “mercados reconhecidos”.
Também foram incluídas no Manual do Emissor da B3 as regras de volume mínimo de negociação, divulgação contábil e a exigência de que o ETF deve ser listado em um país que tenha celebrado acordo de cooperação com a CVM, como critérios para aceitação de ETF (Exchange-traded fund) como lastro do BDR. Essas medidas procuram aumentar a segurança para os investidores na origem dos BDRs que estão sendo oferecidos no mercado brasileiro.
“Chegou a tão esperada data para que os BDRs possam ampliar a carteira de investimentos da pessoa física, possibilitando a aquisição de ações internacionais. Esse movimento leva o mercado de capitais brasileiro para um novo patamar, tornando-o ainda mais forte e abrangente. Além disso, mais de 120 novos programas foram anunciados e agora o investidor tem à disposição 670 opções de BDRs lastreados em grandes companhias”, explica Felipe Paiva, diretor de Relacionamento com Clientes da B3.
BDRs
O BDR é um certificado emitido por instituições brasileiras que possibilita o acesso às ações das maiores empresas globais e ETFs mais negociados no mundo. É uma opção para quem quer diversificar a carteira. Ele pode ser comprado por meio das corretoras, como uma ação ou outros títulos negociados em bolsa.
Atualmente, estão disponíveis uma lista de mais de 600 BDRs na B3. Entre as mais negociadas estão Apple, Amazon, Google, Berkshire Hathaway, Disney, entre outros. No começo desta semana, um novo lote com 72 BDRs. Na lista há empresas originalmente da Ásia, Europa, África e América Latina. A lista completa está aqui.
Para facilitar o acesso aos pequenos investidores, a B3 anunciou a redução do lotes padrões de BDRs. Desta maneira, a quantidade mínima negociada de BDRs Não Patrocinados Nível I passou de 10 para 1 unidade. Já os BDRs Patrocinados Nível II ou III passaram de 100 unidades para 1 unidade.
O aumento da lista de BDRs é positiva para o mercado brasileiro. Entretanto, a equipe de analistas da Exame Research orienta sobre o cuidado à exposição cambial e a dificuldade em fazer a avaliação correta de volatilidade.
“Quanto mais houver posição sem hedge na carteira maior será a exposição ao dólar. Além disso, apessoa física, sozinha, pode acabar incorrendo em riscos acima do seu perfil de investidor. Por isso, não basta apenas observar a rentabilidade, mas a performance ajustada ao risco tomado.”
Ele alerta ainda que assim como o investimentos em ações, quem for investir em BDRs deve ficar atento ao ciclo da empresa, a sua governança corporativa, a lucratividade, entre outros.
“Como são empresas de fora o investidor deve ter o dobro de atenção. Não é porque é a empresa da moda ou a mais conhecida que será um bom investimento. O ideal é buscar um especialista para ajudar”, acrescenta Carneiro.