Minhas Finanças

Os melhores e os piores investimentos de 2010

Ouro, títulos indexados à inflação e fundos de ações small caps se destacaram frente à bolsa e ao dólar.

Ouro: valorização superior a 30% foi a maior do ano. (Getty Images)

Ouro: valorização superior a 30% foi a maior do ano. (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de dezembro de 2010 às 11h12.

São Paulo - O ano de 2010 foi marcado pela escalada da inflação, pelas eleições e pela insegurança em relação à recuperação econômica dos países desenvolvidos. Diante desse cenário, muitos investidores procuraram proteger seus investimentos em aplicações como o ouro e a renda fixa, ao mesmo tempo em que a bolsa amargou perdas.

No Brasil, os investimentos que conseguiram superar a inflação foram os títulos de renda fixa atrelados ao IPCA, que deve fechar o ano em 5,90%, ou aqueles ligados ao CDI. Para conter a economia aquecida, o Banco Central elevou os juros de 8,75% para 10,75% ao longo do ano, tendência que deve continuar em 2011. A poupança, por sua vez, quase não conseguirá superar a inflação, mas fechará o ano sem perdas reais. No entanto, se for tomado como base o IGP-M - que encerrou o ano com alta de 11,32% - são poucos os investimentos que conseguem superá-lo: ouro, títulos públicos para alguns vencimentos, alguns fundos multimercados e de ações small caps.

Em paralelo, a bolsa não foi um bom investimento. Além do fortalecimento da renda fixa, a capitalização envolta de incertezas da Petrobras e a consequente desvalorização de cerca de 25% nos papéis da estatal contribuíram para uma alta do Ibovespa de apenas 1,04% neste ano. O bom desempenho de outras empresas do índice, como a Vale, impediram um tombo ainda maior. Com isso, os fundos de ações tiveram, em média, um desempenho bem fraco, e os multimercados se equilibraram na própria flexibilidade. Exceção para os fundos de ações small caps (de empresas com baixo valor de mercado), que viram uma valorização extraordinária em 2010.

No plano internacional, o crescimento da economia americana abaixo do esperado, o grande endividamento de alguns países europeus e o temor dos investidores em relação a uma nova crise levaram a uma forte desvalorização do dólar. Consequentemente, os investidores correram para o ouro, na tentativa de proteger suas aplicações, tornando o metal precioso o mais valorizado do ano.

Entretanto, especialistas acreditam que 2010 não foi um ano repleto de acontecimentos econômicos marcantes. “Este foi um ano com algumas oscilações, mas nenhuma significativa: sem grandes crises e sem muita euforia. Durante o ano inteiro houve altos e baixos, mas nada comparável aos três anos anteriores”, avalia Gilberto Poso, superintendente-executivo de Gestão de Patrimônio do HSBC.

Veja a seguir o desempenho das principais aplicações financeiras ao longo de 2010.

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  Ouro

  Títulos Públicos

  Fundos de Renda Fixa

  Fundos Referenciados DI

  Fundos Multimercados

  Certificados de Depósitos Bancários (CDBs)

  Poupança

  Fundos de Ações

  Ibovespa

  Dólar Comercial


Ouro

O ouro foi a aplicação que mais se valorizou em 2010: nada menos que 32,26%. Essa alta é comum quando os investidores se sentem inseguros diante de ameaças de crises e conflitos, pois apostar no metal precioso protege as aplicações. Este ano, os investidores temiam uma nova crise mundial, frente ao grande endividamento de alguns países europeus (os chamados Piigs) e do crescimento americano abaixo do esperado. Outro problema foi a forte desvalorização do dólar, que usualmente puxa o preço das commodities para cima, como é o caso do ouro.

Embora até o pequeno investidor tenha acesso a investir no metal precioso, em geral esse tipo de proteção é procurado por grandes investidores preocupados com o desarranjo da economia global, visando a proteger seu poder de compra em dólar. Isso porque o valor do ouro está muito mais atrelado ao cenário econômico mundial que ao brasileiro, tendo crescido muito mais frente ao dólar que ao real.

Títulos públicos

Em ano de pressão inflacionária e perspectiva de aumento da taxa de juros, a renda fixa ganha atratividade. E das aplicações em renda fixa mais procuradas pelos investidores, os títulos públicos atrelados à inflação tiveram o melhor desempenho.

As Notas do Tesouro Nacional-série B (NTN-B), atreladas ao IPCA, foram as que tiveram o melhor desempenho entre os títulos que ainda são emitidos, principalmente no último trimestre. Só em novembro, o IPCA subiu 0,83%, puxado principalmente pelo aumento no preço das matérias-primas e pelo mercado interno aquecido. Com isso, as NTN-B foram os melhores títulos de renda fixa para quem quis se proteger da inflação. O papel mais negociado, aquele com vencimento para 15/05/2013, rendeu 13,04% até 24 de dezembro.

As Notas do Tesouro Nacional-série C (NTN-C), indexadas ao IGP-M não são mais emitidas, mas quem aplicou em um título desses no passado está satisfeito. As que vencem em 01/03/2011 acumularam alta de 17,44% neste ano.

Entre os papéis atrelados à taxa de juros, os prefixados foram os que tiveram o melhor desempenho. São as Letras do Tesouro Nacional (LTN), de prazo mais curto, e as Notas do Tesouro Nacional-série F (NTN-F), de prazo mais longo. Esses papéis caminham em função da expectativa em relação à taxa de juros, ou seja, precificam o CDI futuro. O aumento da inflação ao longo do ano gerou uma expectativa de aumento da Selic ainda maior do que a alta que de fato ocorreu, o que acabou beneficiando quem aplicou nesses títulos.

Entre as LTNs, a valorização foi de 10,18% para as que vencem em 01/01/2011 e de 11,33% para as que vencem em 01/01/2012. No caso das NTN-Fs, a valorização foi de 10,20% para as que vencem em 01/01/2011, 11,40% para as que vencem em 01/01/2012 e 12,23% para as que vencem em 01/01/2013.

Finalmente, as Letras Financeiras do Tesouro (LFT), indexadas à Selic, precificaram o aumento real da taxa de juros. Para todos os vencimentos, a valorização da LFT acumulou, no ano, alta de cerca de 9,50% apenas, até 24 de dezembro.

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  Ouro

  Títulos Públicos

  Fundos de Renda Fixa

  Fundos Referenciados DI

  Fundos Multimercados

  Certificados de Depósitos Bancários (CDBs)

  Poupança

  Fundos de Ações

  Ibovespa

  Dólar Comercial


Fundos de Renda Fixa

De acordo com dados da Anbima de 30 de dezembro, os fundos de renda fixa tiveram um desempenho semelhante ao das aplicações prefixadas, como as LTNs e NTN-Fs e um pouco acima dos investimentos atrelados ao CDI, como os fundos DI e as LFTs. Esses fundos valorizaram 11,37% neste ano. Sua flexibilidade para diversificar as espécies de títulos de renda fixa de suas carteiras possibilitou-lhes apostar naqueles que mais se beneficiaram do cenário econômico em 2011.

Fundos Referenciados DI

O desempenho dos fundos DI, de acordo com dados da Anbima de 30 de dezembro, foi de 9,73% ao ano em média, semelhante à rentabilidade das LFTs. Assim como esses títulos públicos, os fundos DI seguem o CDI e se beneficiaram do aumento da Selic ao longo do ano.

Fundos Multimercados

Os fundos multimercados não tiveram um desempenho particularmente brilhante este ano, mas sua flexibilidade para aplicar em diversos tipos de ativos fez com que, na média, eles tenham conseguido superar a inflação pelo IPCA, e alguns até mesmo pelo IGP-M. Os que tiveram maior rentabilidade foram os Multimercados Macro, que renderam em média 12,15%, de acordo com dados da Anbima de 30 de dezembro. Nesses fundos, os gestores direcionam as aplicações de acordo com as mudanças no cenário macroeconômico. Assim, se a bolsa está caindo, a inflação está alta e as taxas de juros têm perspectiva de aumento, os recursos migram da renda variável para títulos prefixados ou atrelados à inflação sem o menor problema.

Os multimercados muito dependentes da renda variável e do dólar já não foram tão bem. Este ano, o Ibovespa teve um rendimento baixo, enquanto a moeda americana teve desempenho negativo. A rentabilidade média anual ficou em 9,14% para os Fundos Multimercados Trading, 11,11% para os Multiestratégia, 10,08% para os Multigestor e 10,50% para os Multimercados Juros e Moedas. Muitos desses fundos devem fechar o ano abaixo do CDI, que costuma ser o seu benchmark.

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  Ouro

  Títulos Públicos

  Fundos de Renda Fixa

  Fundos Referenciados DI

  Fundos Multimercados

  Certificados de Depósitos Bancários (CDBs)

  Poupança

  Fundos de Ações

  Ibovespa

  Dólar Comercial


Certificados de Depósitos Bancários (CDBs)

O CDB também acompanha o CDI e acabou se beneficiando da alta dos juros, mas sofreu uma queda no fim do ano e seu desempenho acabou ficando abaixo do de outras aplicações semelhantes, como as LFTs e os fundos DI. A rentabilidade média líquida dos CDBs de mais de 100.000 reais foi 7,03%; para os CDBs de até 5.000 reais, o desempenho médio líquido ficou abaixo da poupança: 5,48%.

Esse desempenho do CDB tem a ver com a facilidade dos bancos para captarem dinheiro no mercado este ano. “Com crédito fácil, não há porque pagar juros altos”, diz Alexandra Almawi, da Lerosa. Mas com a decisão do Banco Central de aumentar o compulsório, quantia que os bancos são obrigados a depositar no BC, as instituições financeiras serão obrigadas a recompor seu capital, oferecendo juros maiores para atrair investidores.

Poupança

Um cenário de alta de juros e inflação, como aconteceu este ano, só prejudica a poupança. A rentabilidade da aplicação em 2010 ficou acumulada em 6,81%, quase não superando a inflação pelo IPCA, que deve fechar o ano em torno de 5,90%. A caderneta de poupança só é vantajosa quando a taxa de juros tem menos de dois dígitos, e seu rendimento pode praticamente se igualar ao CDI.

Fundos de ações

O mau desempenho do Ibovespa este ano levou a média de rentabilidade dos fundos de ações a acumularem a modesta valorização de 4,45% em 2010, segundo dados de meados de dezembro. Os fundos que mais sofreram foram aqueles ligados ao índice ou aos papéis que tiveram maiores perdas.

Os fundos indexados ao Ibovespa caíram, em média, 2,00% até 30 de dezembro. Mesmo aqueles com gestão ativa haviam acumulado alta de apenas 0,71% naquela data. O pior desempenho ficou por conta dos Fundos Setoriais Privatização Petrobras, prejudicados pela queda de cerca de 25% nos papéis da estatal este ano. Os fundos com recursos do FGTS despencaram 29,40%, e aqueles com recursos próprios recuaram 29,67%.

A grande exceção de 2010 foram os Fundos Small Caps, que aplicam em papéis de empresas menores e que nada tem a ver com o Ibovespa. Sua valorização foi de 15,65%. Leia mais: HSBC indica ações de commodities e small caps para 2011.

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  Ouro

  Títulos Públicos

  Fundos de Renda Fixa

  Fundos Referenciados DI

  Fundos Multimercados

  Certificados de Depósitos Bancários (CDBs)

  Poupança

  Fundos de Ações

  Ibovespa

  Dólar Comercial


Ibovespa

O Ibovespa sofreu este ano, acumulando queda até meados de dezembro e, apenas nas duas últimas semanas, retomando algum fôlego. O índice terminou 2010 em ligeira alta, de 1,04%, puxado pela valorização das ações de um de seus algozes, a Petrobras.

Um dos motivos do mau desempenho do Ibovespa este ano foi a perda de atratividade da bolsa em relação à renda fixa, com o aumento da inflação e da Selic. Com alguns títulos garantindo uma rentabilidade de quase 1% ao mês, o investidor não se sentiu instigado a correr para a renda variável.

Para Alexandra Almawi, da Lerosa Investimentos, outro grande motivo foi a capitalização da Petrobras e o tombo de cerca de 25% dos papéis da estatal ao longo do ano. “Os minoritários ficaram frustrados com a forma como a capitalização foi feita, a falta de compromisso em relação aos prazos, as regras”, diz Alexandra. A recuperação esperada para os papéis da empresa após o processo ainda não ocorreu, e seu grande peso no Ibovespa influenciou decisivamente a desvalorização do índice.

A economista acredita que o temor de maior influência política na estatal não se concretizou em 2010, mas alertou para o fato de que essa questão deve pesar mais no ano que vem. Os investidores estrangeiros andariam mais desconfiados em relação à economia brasileira e às empresas que não demonstram muita governança. Nesse sentido, a Petrobras fica em desvantagem em relação a outras petroleiras do mundo, opções mais neutras politicamente na corrida pelos recursos dos investidores internacionais. “Nesse cenário, pode-se até dizer que o Ibovespa teve certo fôlego, pois poderia ter sido bem pior”, completa Alexandra. Outras ações que viram queda de mais de 20% este ano foram as de Gerdau, Usiminas, Telemar e Brasil Telecom.

Gilberto Poso, superintendente-executivo de Gestão de Patrimônio do HSBC, justifica o fato de o índice não ter visto uma queda tão brusca quanto a desses papéis. “Algumas ações que compõem o Ibovespa tiveram um desempenho muito superior ao índice, o que ajudou a equilibrá-lo”, diz Poso. É o caso da Vale, também com grande peso no Ibovespa, mas também de outros papéis que acumularam grande alta no ano, como Souza Cruz ON (mais de 60%), AmBev PN (quase 50%), Braskem PNA e Renner (mais de 40%), Ultrapar PN, Natura ON e Sabesp ON (mais de 30%).

Poso também cita dois outros motivos para o desempenho pífio do Ibovespa: a aversão generalizada dos investidores ao redor do mundo, devido ao temor gerado pelas crises na Europa, e a antecipação, para 2009, da valorização que as empresas brasileiras veriam em 2010. “Este ano houve uma confirmação dos resultados, nada muito além disso”, justifica o superintendente do HSBC.

Dólar comercial

A desvalorização do dólar foi a maior de 2010. No Brasil, a queda do dólar foi de nada menos que 4,53%. A compra de moeda americana pelo Banco Central se mostrou uma medida efetiva para conter a excessiva desvalorização do dólar frente à moeda brasileira, mas mesmo assim o dólar fechou o ano abaixo de R$ 1,70 pela primeira vez desde a implantação do câmbio flutuante em 1999.

Os investimentos estrangeiros no Brasil também contribuíram para que o tombo não fosse ainda maior. Os recursos globais foram atraídos para uma série de empreendimentos e até mesmo para a renda fixa, devido ao aumento da taxa de juros.

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  Ouro

  Títulos Públicos

  Fundos de Renda Fixa

  Fundos Referenciados DI

  Fundos Multimercados

  Certificados de Depósitos Bancários (CDBs)

  Poupança

  Fundos de Ações

  Ibovespa

  Dólar Comercial

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