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Antecipar restituição do IR pode ser cilada, diz professor

Segundo o professor titular da FGV, essas propostas de antecipação quase nunca são uma boa opção para o cliente, que pode acabar se endividando sem necessidade


	Restituição: o valor creditado pelo banco na antecipação é cobrado posteriormente, com juros, à medida que o cliente recebe a restituição
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Restituição: o valor creditado pelo banco na antecipação é cobrado posteriormente, com juros, à medida que o cliente recebe a restituição (.)

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Da Redação

Publicado em 11 de março de 2016 às 10h27.

Com o início das declarações do Imposto de Renda, muitos contribuintes são tentados a fazer uma antecipação da restituição, oferecida insistentemente pelos grandes bancos.

Nessa proposta, o contribuinte recebe agora aquilo que seria pago somente após a análise da declaração pela Receita, o que pode levar um mês ou até anos se a pessoa cair na malha fina.

A maioria das restituições, porém, é paga até o fim do ano, sendo que os maiores valores ficam para os últimos lotes.

O valor creditado pelo banco na antecipação é cobrado posteriormente, com juros, à medida que o cliente recebe a restituição.

Mas aquilo que parece uma boa proposta de grana extra pode na verdade ser uma grande cilada para quem não estiver precisando realmente do dinheiro.

Segundo o professor titular e coordenador do centro de estudos em finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), William Eid Junior, essas propostas de antecipação quase nunca são uma boa opção para o cliente, que pode acabar se endividando sem necessidade.

O primeiro engano é com relação ao nome “antecipação”. Na verdade trata-se de uma forma de empréstimo concedida pelos bancos, e como todo empréstimo, existe uma taxa de juros cobrada mês a mês.

Assim, para quem pensa em pegar o dinheiro para aplicar, por exemplo, não há vantagem, à medida que investimentos rendem no máximo 1% ao mês e as taxas pela antecipação são de no mínimo 2% ao mês.

Analisando as propostas feitas pelos bancos, para aqueles que buscam dinheiro para uma viagem ou até mesmo cobrir gastos extras do orçamento, a antecipação da restituição precisa ser analisada com cuidado.

O Santander, por exemplo, cobra uma taxa mínima de 2,59% ao mês, enquanto o Banco do Brasil os juros são de no mínimo 2,25%. Já no Bradesco, a taxa mínima é de 2,31% e, no Itaú Unibanco, de 2,66%.

Outro cuidado é saber que, se a restituição não sair até o vencimento do empréstimos, o valor terá de ser pago com recursos próprios.

Banco Taxa mensal Limite de crédito Vencimento limite
Bradesco 2,31% R$ 20 mil dez/16
Santander 2,59%* R$ 20 mil dez/16
Caixa 2,82% R$ 30 mil 30/12/2016
Banco do Brasil 2,25% R$ 20 mil 16/01/2017
Itaú 2,66% até R$ 10 mil não informado

*O Banco Santander possui uma taxa mínima de 2,59% a.m. e máxima de 4,59% a.m. No Itaú, segundo o site da instituição, a taxa máxima é 4,72% ao mês. de Os demais bancos não informaram os percentuais de taxas máximas.

Outro cuidado é observar se o banco não oferece outras linhas de crédito com custo mais baixo, como o consignado.

Vantagem para dívidas caras

O professor da FGV diz que uma situação em que o consumidor ganha ao usar a antecipação é no caso do cliente possuir dívidas caras, como cheque especial e cartão de crédito, que cobram juros bem maiores, de 14,93% ao mês e 7,42% ao mês, respectivamente.

Eid Júnior ressalva que é necessário uma análise prévia do cliente para que ele não caia em armadilhas como juros abusivos e limites de crédito.

“A única alternativa em que o consumidor deve usar esse financiamento é para antecipar o pagamento de uma dívida cara, como cartão de crédito ou cheque especial, mas sempre com o cuidado de não se endividar novamente.”

O cliente deve observar que os bancos limitam a antecipação a R$ 20 mil. Se a dívida cara for maior que esse valor, mesmo assim vale a pena usar a linha, para reduzir ao menos em parte o débito.

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