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Analistas esperam conta de luz mais cara ao menos até setembro

Falta de chuvas deve manter adoção de bandeira vermelha nível 2, que adiciona R$ 5 às contas de luz a cada 100 kilowatts-hora consumidos

Conta: sistema de bandeiras tarifárias estabelecem acréscimos no valor da energia cobrada do consumidor, de acordo com as condições de geração de eletricidade (Marcos Santos/USP Imagens/Reprodução)

Conta: sistema de bandeiras tarifárias estabelecem acréscimos no valor da energia cobrada do consumidor, de acordo com as condições de geração de eletricidade (Marcos Santos/USP Imagens/Reprodução)

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Reuters

Publicado em 18 de junho de 2018 às 19h46.

São Paulo - Previsões de chuvas abaixo da média ao longo dos próximos meses na região dos reservatórios das hidrelétricas, principal fonte de geração do Brasil, devem pressionar as chamadas bandeiras tarifárias, mecanismo criado para sinalizar ao consumidor eventuais reduções na oferta de energia, disseram especialistas nesta segunda-feira.

Com isso, existe uma expectativa generalizada de que se mantenha nos próximos meses a chamada bandeira tarifária vermelha nível 2, já acionada para junho, que adiciona 5 reais às contas de luz a cada 100 kilowatts-hora consumidos.

As bandeiras geram cobranças extras para os consumidores quando saem do verde para o amarelo ou para a bandeira vermelha, que é dividida em dois patamares, sendo o segundo o mais caro.

"Nós esperamos que a bandeira vermelha 2 continue até o final do ano", escreveram analistas do banco UBS em relatório nesta segunda-feira.

"Existe um certo consenso... tem vários agentes de mercado que estão indo nessa linha, até novembro com bandeira vermelha, por uma questão principalmente de hidrologia. Apesar de a carga não estar crescendo como se esperava, a hidrologia está ficando bem abaixo da média", disse à Reuters o presidente da comercializadora Copel Energia, Franklin Miguel.

As chuvas na região das hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste estão estimadas para este mês em apenas 78 por cento da média histórica, que já não é favorável porque a partir de maio tem início o chamado "período seco", com menores precipitações, segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

"Estamos entrando agora no período de inverno e o cenário hídrico continua recessivo... estamos esperando bandeira vermelha nível 2 até o mês de outubro", disse à Reuters o sócio da consultoria Pontoon-e, Marcos Severine.

Ele estimou que, caso confirmada a projeção, a energia elétrica poderia contribuir em cerca de 0,60 ponto percentual para a inflação medida pelo IPCA em 2018.

Na comercializadora de energia Compass, a projeção, mais conservadora, é de bandeira tarifária vermelha nível 2 ao menos até setembro.

"Até lá com certeza é vermelha. Agora outubro, novembro e dezembro ainda não dá para afirmar", disse o diretor da Compass, Paulo Mayon.

Ele disse que, ao final de maio, os modelos de projeção apontavam para a possibilidade de chuvas ruins em julho, que eventualmente poderiam se reverter em agosto, o que explica o cenário um pouco mais otimista da consultoria, que vê possibilidade de bandeira amarela em outubro e novembro.

Impacto no mercado

A hidrologia fraca prevista para os próximos meses deve impactar negativamente geradores hídricos com elevado volume de energia já vendida para clientes, como a Cesp, apontaram os analistas do UBS, enquanto empresas com maior nível de capacidade descontratada poderão aproveitar e vender energiaa preços melhores no mercado spot de eletricidade.

O banco colocou Copel e AES Tietê como as que podem aproveitar melhor a conjuntura.

O cenário hídrico também elevou o custo de contratos de energia para o segundo semestre, que chegaram a ser cotados em cerca de 188 reais no início do ano e 230 reais no começo de abril, mas agora são negociados a cerca de 300 reais, segundo Mayon, da Compass.

"A precificação do segundo semestre vai se comportando de acordo com essa deterioração na entrada das chuvas", afirmou.

A CCEE estima em seu cenário-base que os reservatórios das hidrelétricas chegarão a novembro, quando começa o período de chuvas, em 25 por cento da capacidade, contra cerca de 19 por cento no ano passado.

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