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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
As ações da Gafisa, uma das maiores construtoras e incorporadoras do país, registraram forte desvalorização nos últimos dias e já valem menos do que a cotação no dia da estréia na Bolsa paulista, no começo de 2006. Os papéis fecharam ontem cotados a 22,75 reais, com queda de 4,53%. No primeiro dia em que foram negociados no pregão, em 17 de fevereiro do ano passado, as ações fecharam em 23,95 reais..
Com a crise nos mercados financeiros mundiais iniciada em julho, os papéis da Gafisa, que sempre foi uma das estrelas da nova safra de IPOs (ofertas iniciais de ações) já chegaram a valer quase 36 reais, iniciaram este mês cotados a 28,75 reais. Mesmo com a retomada do movimento de alta das Bolsas mundiais na semana passada, porém, as ações da incorporadora continuaram a ser vendidas maciçamente.
Apesar dos resultados do segundo trimestre da empresa terem vindo em linha com as expectativas, analistas afirmam que nesta semana deflagrou-se uma onda de pessimismo em relação à companhia devido a declarações dadas por representantes da própria empresa durante uma conferência sobre o mercado imobiliário. No evento, organizado nesta segunda-feira pelo banco Credit Suisse, os representantes da Gafisa teriam afirmado que o cenário para o segundo semestre é mais "desafiador", já que um grande número de projetos será lançado pela empresa e por seus concorrentes.
O que, para a empresa, seria uma declaração cautelosa foi tomado pelos investidores como pessimismo e contaminou a cotação nos dias seguintes. "Eles foram mal interpretados pelo mercado devido à franqueza com que se manifestaram", afirma um analista que prefere não ser identificado. "Todas as construtoras dizem que vão vender tudo; eles foram os únicos a mostrarem alguma ponderação", completa.
Resultados
A companhia divulgou seus resultados no início do mês. Somente no segundo trimestre, a receita líquida foi 75% maior que a de igual período do ano passado, e totalizou 266,548 milhões de reais. No acumulado do primeiro semestre, a cifra sobe para 490,864 milhões de reais, ou 73% mais. O lucro líquido ajustado, entre janeiro e junho, foi de 49,762 milhões de reais, um incremento de 48%.
"Do ponto de vista dos negócios, não há nada que justifique a queda", afirma Tomas Awad, analista de Real Estate da Itaú Corretora. Segundo Awad, o comportamento dos papéis também pode refletir uma certa frustração do mercado em relação às projeções. Para o analista, os investidores esperam um lucro menor que o que a empresa realmente pode oferecer, e acabam depreciando os papéis. Para Awad, porém, os números da empresa são saudáveis.