A diferença entre a "nova" e a "velha" poupança após o corte dos juros
Como ficou a rentabilidade dos depósitos novos e dos depósitos antigos agora que as novas regras da poupança realmente entraram em vigor
Da Redação
Publicado em 1 de junho de 2012 às 07h36.
São Paulo – Agora a remuneração da poupança mudou para valer. As novas regras anunciadas no início de maio passaram a vigorar nesta quarta-feira, quando o Banco Central anunciou o corte da Selic para 8,5% ao ano. Além de ser a menor taxa básica de juros da história do país, este é o valor que aciona as novas regras de rentabilidade da poupança para os depósitos efetuados a partir do dia 4 de maio.
A nova rentabilidade é menor que a clássica fórmula de 0,5% ao mês mais Taxa Referencial (TR), mas nem por isso os brasileiros ficaram intimidados. Entre os dias 4 e 22 de maio, a captação líquida da caderneta de poupança foi de quase 2 bilhões de reais, um aumento de 215% em relação à captação entre janeiro e abril, quando ainda vigorava a regra antiga. Os donos desse dinheiro agora terão uma rentabilidade atrelada à Selic enquanto a taxa de juros for igual ou menor que 8,5%; e voltarão a receber a rentabilidade antiga sempre que a Selic estiver acima deste patamar.
Atuais regras de remuneração da poupança
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Depósitos a partir de 04/05/12 com Selic menor ou igual a 8,5% ao ano | Depósitos a partir de 04/05/12 com Selic maior que 8,5% ao ano | Depósitos até 03/05/12 em qualquer patamar de Selic |
---|---|---|
70% da Selic + TR | 0,5% ao mês + TR | 0,5% ao mês + TR |
Quem tinha dinheiro depositado até o dia 3 de maio numa das 98 milhões de contas poupança abertas no Brasil manterá a remuneração de 0,5% ao mês mais TR faça chuva ou faça sol. Se a queda dos juros se mantiver, com o tempo a tendência é essas pessoas se tornarem “ricas” em relação aos poupadores mais novos. Se a Selic cair abaixo de 6% ao ano, essa diferença se tornará ainda mais acentuada, pois os antigos poupadores garantirão uma remuneração fixa maior que a taxa básica da economia. Isso, é claro, se a regra não mudar novamente.
Aqueles que estiverem fazendo novos depósitos na mesma conta onde mantinham os depósitos antigos poderão acompanhar, pelos extratos, qual parcela do dinheiro é remunerada pela regra antiga e qual é remunerada pela regra nova. Ao sacar, o poupador resgatará primeiro as quantias sujeitas às novas regras, e apenas quando estas acabarem, passará a sacar o “dinheiro antigo”. Uma alternativa para não confundir os dois tipos de depósitos é abrir uma nova conta para receber os novos aportes e manter a conta antiga inalterada. Atualmente, a diferença entre as rentabilidades da “velha” e da “nova” poupança está em torno de 4% (veja tabela a seguir).
Rentabilidade atual: poupança nova X poupança antiga
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Aplicação | Nova Poupança* | Velha Poupança* | Diferença |
---|---|---|---|
R$ 10.000 | R$ 588,30 | R$ 616,78 | R$ 28,48 |
R$ 100.000 | R$ 5880,30 | R$ 6160,78 | R$ 280,48 |
R$ 500.000 | R$ 29.414,81 | R$ 30.838,91 | R$ 1.424,10 |
(*) A TR foi considerada zero.
Para calcular a remuneração dos depósitos feitos já sob a vigência da nova regra, o poupador pode desconsiderar a TR, que tem sido próxima a zero e, à medida que os juros forem caindo, vai se tornar desprezível. O próprio Banco Central, em sua apresentação oficial sobre as novas regras da poupança no dia 3 de maio, só não considerou a TR desprezível para o patamar de juros de 8,5% ao ano. De qualquer maneira, para efeitos didáticos e de comparação com outras aplicações financeiras, melhor desconsiderar a TR, uma vez que sua incidência varia de acordo com a data de aniversário do depósito.
Em relação às demais aplicações financeiras semelhantes – CDBs, Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) e fundos DI – a poupança sob as novas regras está de fato menos vantajosa. Isso, é claro, considerando-se que as demais aplicações sejam competitivas: CDBs que remunerem acima de 90% do CDI, LFTs negociadas via corretoras que não cobrem taxa de administração para o Tesouro Direto e fundos DI com taxas inferiores a 1% ao ano. Os fundos com taxas de 1% ao ano, aliás, só se tornam vantajosos para prazos superiores a um ano. Os demais investimentos são vantajosos em relação à nova poupança mesmo no curto prazo; mas repare que, até um ano, a velha poupança é uma das aplicações mais vantajosas:
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Prazo | Velha Poupança* | Nova Poupança* | CDB 90% do CDI | Fundo DI com taxa de 1,0% a.a. | Tesouro Direto |
---|---|---|---|---|---|
6 meses | 3,04% | 2,90% | 2,90% | 2,84% | 3,03% |
12 meses | 6,17% | 5,88% | 6,10% | 6,00% | 6,46% |
18 meses | 9,39% | 8,95% | 9,61% | 9,49% | 10,24% |
24 meses | 12,72% | 12,11% | 13,05% | 12,96% | 13,96% |
25 meses** | 13,28% | 12,65% | 14,05% | 13,96% | 15,04% |
(*) A TR foi considerada zero.
(**) Foram calculadas as rentabilidades para 25 meses para considerar todas as faixas de alíquotas de IR.
Em patamares de juros extremamente baixos – em torno de 2,0% ao ano, algo ainda utópico para a realidade brasileira – a caderneta de poupança sob as regras novas se tornaria mais vantajosa do que o Tesouro Direto em qualquer cenário. Se esse dia chegar, mesmo que a antiga remuneração fixa não mais exista, não se pode descartar a possibilidade de mais uma mudança nas regras da poupança. Afinal, sem atratividade para os títulos públicos, o governo perderia uma importante fonte de financiamento e não teria como rolar sua dívida.
São Paulo – Agora a remuneração da poupança mudou para valer. As novas regras anunciadas no início de maio passaram a vigorar nesta quarta-feira, quando o Banco Central anunciou o corte da Selic para 8,5% ao ano. Além de ser a menor taxa básica de juros da história do país, este é o valor que aciona as novas regras de rentabilidade da poupança para os depósitos efetuados a partir do dia 4 de maio.
A nova rentabilidade é menor que a clássica fórmula de 0,5% ao mês mais Taxa Referencial (TR), mas nem por isso os brasileiros ficaram intimidados. Entre os dias 4 e 22 de maio, a captação líquida da caderneta de poupança foi de quase 2 bilhões de reais, um aumento de 215% em relação à captação entre janeiro e abril, quando ainda vigorava a regra antiga. Os donos desse dinheiro agora terão uma rentabilidade atrelada à Selic enquanto a taxa de juros for igual ou menor que 8,5%; e voltarão a receber a rentabilidade antiga sempre que a Selic estiver acima deste patamar.
Atuais regras de remuneração da poupança
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Depósitos a partir de 04/05/12 com Selic menor ou igual a 8,5% ao ano | Depósitos a partir de 04/05/12 com Selic maior que 8,5% ao ano | Depósitos até 03/05/12 em qualquer patamar de Selic |
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70% da Selic + TR | 0,5% ao mês + TR | 0,5% ao mês + TR |
Quem tinha dinheiro depositado até o dia 3 de maio numa das 98 milhões de contas poupança abertas no Brasil manterá a remuneração de 0,5% ao mês mais TR faça chuva ou faça sol. Se a queda dos juros se mantiver, com o tempo a tendência é essas pessoas se tornarem “ricas” em relação aos poupadores mais novos. Se a Selic cair abaixo de 6% ao ano, essa diferença se tornará ainda mais acentuada, pois os antigos poupadores garantirão uma remuneração fixa maior que a taxa básica da economia. Isso, é claro, se a regra não mudar novamente.
Aqueles que estiverem fazendo novos depósitos na mesma conta onde mantinham os depósitos antigos poderão acompanhar, pelos extratos, qual parcela do dinheiro é remunerada pela regra antiga e qual é remunerada pela regra nova. Ao sacar, o poupador resgatará primeiro as quantias sujeitas às novas regras, e apenas quando estas acabarem, passará a sacar o “dinheiro antigo”. Uma alternativa para não confundir os dois tipos de depósitos é abrir uma nova conta para receber os novos aportes e manter a conta antiga inalterada. Atualmente, a diferença entre as rentabilidades da “velha” e da “nova” poupança está em torno de 4% (veja tabela a seguir).
Rentabilidade atual: poupança nova X poupança antiga
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Aplicação | Nova Poupança* | Velha Poupança* | Diferença |
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R$ 10.000 | R$ 588,30 | R$ 616,78 | R$ 28,48 |
R$ 100.000 | R$ 5880,30 | R$ 6160,78 | R$ 280,48 |
R$ 500.000 | R$ 29.414,81 | R$ 30.838,91 | R$ 1.424,10 |
(*) A TR foi considerada zero.
Para calcular a remuneração dos depósitos feitos já sob a vigência da nova regra, o poupador pode desconsiderar a TR, que tem sido próxima a zero e, à medida que os juros forem caindo, vai se tornar desprezível. O próprio Banco Central, em sua apresentação oficial sobre as novas regras da poupança no dia 3 de maio, só não considerou a TR desprezível para o patamar de juros de 8,5% ao ano. De qualquer maneira, para efeitos didáticos e de comparação com outras aplicações financeiras, melhor desconsiderar a TR, uma vez que sua incidência varia de acordo com a data de aniversário do depósito.
Em relação às demais aplicações financeiras semelhantes – CDBs, Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) e fundos DI – a poupança sob as novas regras está de fato menos vantajosa. Isso, é claro, considerando-se que as demais aplicações sejam competitivas: CDBs que remunerem acima de 90% do CDI, LFTs negociadas via corretoras que não cobrem taxa de administração para o Tesouro Direto e fundos DI com taxas inferiores a 1% ao ano. Os fundos com taxas de 1% ao ano, aliás, só se tornam vantajosos para prazos superiores a um ano. Os demais investimentos são vantajosos em relação à nova poupança mesmo no curto prazo; mas repare que, até um ano, a velha poupança é uma das aplicações mais vantajosas:
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Prazo | Velha Poupança* | Nova Poupança* | CDB 90% do CDI | Fundo DI com taxa de 1,0% a.a. | Tesouro Direto |
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6 meses | 3,04% | 2,90% | 2,90% | 2,84% | 3,03% |
12 meses | 6,17% | 5,88% | 6,10% | 6,00% | 6,46% |
18 meses | 9,39% | 8,95% | 9,61% | 9,49% | 10,24% |
24 meses | 12,72% | 12,11% | 13,05% | 12,96% | 13,96% |
25 meses** | 13,28% | 12,65% | 14,05% | 13,96% | 15,04% |
(*) A TR foi considerada zero.
(**) Foram calculadas as rentabilidades para 25 meses para considerar todas as faixas de alíquotas de IR.
Em patamares de juros extremamente baixos – em torno de 2,0% ao ano, algo ainda utópico para a realidade brasileira – a caderneta de poupança sob as regras novas se tornaria mais vantajosa do que o Tesouro Direto em qualquer cenário. Se esse dia chegar, mesmo que a antiga remuneração fixa não mais exista, não se pode descartar a possibilidade de mais uma mudança nas regras da poupança. Afinal, sem atratividade para os títulos públicos, o governo perderia uma importante fonte de financiamento e não teria como rolar sua dívida.