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8 percepções venenosas que você tem sobre dinheiro

Estudo mostra oito percepções que temos sobre dinheiro que estão totalmente descoladas da realidade

Homem com máscara de gás e fone de ouvido (Thinkstock/cyano66)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de novembro de 2015 às 16h01.

São Paulo – Muitas vezes, colocar as finanças nos trilhos não é questão de fazer o melhor investimento , poupar um percentual ‘x’ do seu salário ou investir religiosamente para a aposentadoria . Ter um relacionamento saudável com o dinheiro, em muitos casos, é uma questão de refletir sobre a forma como você toma suas decisões financeiras e por que você age dessa forma.

Nesta terça-feira (17), o banco Itaú divulgou o estudo Escolhas e Dinheiro, um levantamento que traz boas pistas sobre a forma como nos relacionamos com o dinheiro e como mudá-las.

Conduzida pela Studio Ideais, empresa de inovação em conhecimento, a pesquisa utilizou uma metodologia qualitativa, que se valeu de conceitos de antropologia, filosofia, sociologia e economia aplicada para traçar um panorama sobre a forma como os brasileiros tomam suas decisões financeiras.

A pesquisa foi realizada de duas formas: por meio de uma plataforma digital, na qual os participantes mantiveram por duas semanas um diálogo contínuo com a equipe da Studio Ideias, e por meio de entrevistas presenciais, feitas nas casas dos participantes, que incluíram análises profundas sobre seus hábitos financeiros.

A seguir, estão destacadas algumas das principais conclusões do estudo. Elas evidenciam algumas percepções que os brasileiros têm sobre conceitos como consumo, investimento e poupança que estão bem descoladas da realidade e revelam por que falhamos tanto quando o assunto é dinheiro . Confira.

1) Não consumir é gastar e consumir é ganhar

De acordo com o estudo, muitas das impressões que temos sobre dinheiro estão ligadas ao histórico econômico do país. Quem conviveu com os altos níveis de inflação da década de 80 e do começo dos anos 90, aprendeu na marra que consumir rapidamente era sinônimo de economizar e que ser um bom planejador era mais associado ao ato de gastar rapidamente do que ao ato de se planejar para o futuro.

Isso fazia sentido quando a escalada da inflação levava o real a perder seu valor mais rápido do que um saco de arroz, tornando as aplicações financeiras verdadeiras latas de lixo e transformando bens de consumo em investimentos extremamente rentáveis.

Essa prática criou a lógica de que não consumir era gastar e consumir era ganhar. Assim, permanece até hoje entre os brasileiros um sentimento de impotência em relação às suas escolhas financeiras e a impressão de que consumir é a forma certa de usar o dinheiro.

2) Consumir é sensato

O levantamento mostra também que o consumo é visto como uma forma de se expressar. Assim, as pessoas consomem para se sentirem inseridas em um contexto social.

“Hoje, uma pessoa que leva duas blusas pelo preço de uma, mesmo sem precisar de nenhuma, é vista como uma pessoa informada, que saber gastar bem seu dinheiro. Isso gera um sentimento de pertencimento, é como se ela passasse a ter voz”, diz Denise Hills, superintendente de sustentabilidade e negócios inclusivos do Itaú.

Segundo ela, existe uma inversão de valores, fruto de experiências passadas, como a alta inflação, que leva os brasileiros a acreditarem que usar o dinheiro sabiamente é mantê-lo em fluxo. E com a ampliação da renda da população, o consumo passou a ser ainda mais visto como uma forma de expressão. Assim, consumir hoje é um hábito mais bem visto do que poupar para muitas pessoas.

3) Poupar é sinônimo de isolamento

Na esteira da percepção de que ao consumir produtos da moda ou aproveitar uma promoção imperdível é possível ser mais aceito socialmente, o ato de poupar tem sido visto como sinônimo de não se comunicar e não participar.

“Guardar dinheiro tem sido visto como um hábito de pessoas gananciosas, como um vício do mal. Mas, existe algo mais eficiente do que ganhar juros em vez de pagar?”, questiona Denise.

Segundo o estudo, o hábito de poupar é ainda mais inibido porque é visto também como algo muito difícil e ainda por cima arriscado, o que remonta ao episódio de confisco da poupança no governo Collor , em 1990.

4) Gastar é ser generoso

Outro aspecto interessante do estudo mostra que para o brasileiro o consumo é visto como um ato de generosidade. “Ser generoso é uma característica muito forte do brasileiro. Assim, se o gasto é realizado para presentear alguém querido, a pessoa acredita que a dívida se justifica”, afirma a superintendente de sustentabilidade do Itaú.

De acordo com o levantamento, para o brasileiro consumir é uma maneira de criar e fortalecer laços afetivos, o que seria uma razão mais do que justificável para o gasto. "Isso impede que a dívida seja vista como algo ruim", comenta Denise.

5) Tudo é extremamente necessário

Como via de regra, ao classificar o que é essencial e o que é supérfluo, despesas com alimentação, moradia, transporte, educação e saúde são consideradas como necessidades básicas e gastos com lazer, roupas, eletrônicos, viagens e outros seriam supérfluos.

Ocorre que, no dia a dia, esses conceitos se misturam por causa da necessidade de consumo dos chamados "produtos simbólicos", que seriam os sentimentos de participação, inteligência, afeto, completude, felicidade, etc.

Assim, para satisfazer esse tipo de necessidade, a percepção do que é necessário se amplia e uma viagem , por exemplo, que seria supérflua, passa a ser vista como algo necessário por trazer um sentimento de felicidade e de participação.

“Na nossa cabeça não existe essa hierarquia de itens básicos e supérfluos, tudo se mistura e passa a ser necessário. Isso acontece porque a emoção mexe com a forma como definimos o que é necessário e isso gera desequilíbrio financeiro e estrese”, diz Denise.

Segundo ela, ao gastar mais do que você pode com uma viagem porque existe alguma emoção que justifica sua importância, você satisfaz um desejo presente, mas cria um problema no futuro. É importante, portanto, tomar consciência de que as emoções influenciam nossas decisões para que alguns gastos sejam melhor administrados.

6) Deixar o dinheiro na poupança é bom, mas investir é arriscado

O estudo identificou que, para o brasileiro, poupar é sinônimo de deixar o dinheiro na caderneta de poupança , que é vista como algo extremamente seguro e que mantém o dinheiro parado. Assim, poupar seria uma forma de manter a estabilidade financeira. Já o investimento é algo que mantém o dinheiro em movimento e envolve riscos.

Nessa linha, poucas pessoas percebem como os juros pagos nos investimentos podem trabalhar a seu favor e como deixar o dinheiro parado na poupança, rendendo a juros baixíssimos, é desperdício de dinheiro.

Isso pode ser explicado também pela impressão que os brasileiros têm de que a única alternativa à poupança é o investimento em ações . Assim, como a bolsa é vista como muito arriscada, as pessoas preferem investir por meio do consumo, comprando imóveis, por exemplo.

“Os brasileiros desconhecem os investimentos em renda fixa e, aqueles que buscam algo mais que a poupança chegam apenas até os fundos de investimento e param por aí", diz Denise.

Veja quatro opções de investimentos simples e seguros que batem a poupança.

7) Crédito é bom e empréstimo é ruim

Ainda que, tecnicamente, as palavras crédito e empréstimo possam ser sinônimas, na percepção dos brasileiros elas têm significados diferentes.

Enquanto o crédito é visto como um selo de aprovação social, e um sinal de credibilidade, o empréstimo tem uma conotação negativa e é visto como um socorro, um sinal de dificuldade ou imprudência financeira.

Assim, a interpretação predominante é que ao comprar uma casa, usa-se o crédito e isso é sinônimo de realização, já para pagar a conta do hospital, é realizado um empréstimo, algo que é visto como uma dificuldade. Da mesma forma, ao comprar uma bolsa que a pessoa julga essencial, ela interpreta que usou crédito, mas ao comprar móveis caros e se endividar por isso foi realizado um empréstimo.

"Esse pensamento é pouco eficiente, mas absurdamente comum. Assim, muitas pessoas acham que o limite do cheque especial ou do cartão de crédito é uma extensão do salário e não olham o crédito como uma dívida", afirma Denise Hills.

8) Ter uma dívida é diferente de estar endividado

Outra conclusão do estudo é que as pessoas entendem de forma diferente o que é ter uma dívida e o que é estar endividado.

Basicamente, ter uma dívida é interpretado como ter um empréstimo em aberto, uma dívida vencida e como algo pontual. Já estar endividado é sinal de que a pessoa não consegue pagar o empréstimo. “A pessoa passa a achar que está endividada apenas quando não consegue pagar a dívida”, diz Denise.

Assim, se ter credito é ter credibilidade, estar endividado é interpretado como falta de credibilidade. Isso resulta na percepção de que a dívida é injusta, o que dificulta o seu pagamento.

São Paulo - Não consegue economizar ou vive no cheque especial , mas nunca encontra tempo para colocar as finanças em ordem? A pedido de EXAME.com, Gustavo Cerbasi, especialista em educação financeira e autor do livro "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos", criou um plano de 14 dias para quem deseja melhorar o orçamento .É necessário realizar apenas uma tarefa por dia durante duas semanas para mapear a situação financeira. O objetivo é controlar gastos e poupar para atingir metas pessoais, como a compra da casa própria , por exemplo.As dicas foram baseadas nas orientações compiladas por Cerbasi no livro "Como Organizar sua Vida Financeira", que será relançado em setembro desse ano.  Conheça a seguir o plano de 14 dias para quem deseja se preparar contra eventuais imprevistos que tenham impacto no orçamento:
  • 2. 1º dia: organize comprovantes de renda e despesas

    2 /16(David Sacks/Thinkstock)

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    Calcule sua renda líquida mensal (já livre de eventuais descontos, como impostos) e os gastos realizados no último mês. Separe-os em grupos, como alimentação, saúde, moradia e lazer. Caso não tenha o registro de todas as despesas realizadas nesse período, inicie um monitoramento de entradas e saídas de dinheiro durante os próximos 30 dias, arquivando diariamente os comprovantes em uma pasta. O plano de ação para melhorar o orçamento deverá ser iniciado após essa análise.
  • 3. 2º dia: analise os gastos

    3 /16(ThinkStock/Nastco)

  • Se souber lidar com planilhas eletrônicas, como o Excel, ou aplicativos que ajudam a gerenciar gastos, use essas ferramentas para se organizar. Caso não tenha o costume de utilizar esses recursos, relacione todos os seus gastos em um caderno e identifique onde você está gastando mais do que imaginava.
  • 4. 3º dia: planeje sua rotina para monitorar o orçamento

    4 /16(pressureUA/Thinkstock)

    O ideal é que você não perca muito tempo com essa atividade. Prefira estratégias simples, como arquivar comprovantes por tipo de gasto e dedicar uma hora por mês para atualizar o seu orçamento.
  • 5. 4º dia: faça uma relação de todas as suas dívidas

    5 /16(George Doyle/Thinkstock)

    Crie uma lista na qual você relacione todas as suas dívidas. Em cada uma, é necessário apontar o valor total do saldo devedor, o valor da prestação mensal (quando houver), nome do credor e o Custo Efetivo Total (CET) de cada linha de crédito. O CET mostra todos os encargos incluídos na dívida e é a melhor forma de analisar as taxas cobradas. Organize essa lista a partir da dívida mais cara para a mais barata, usando o CET como critério para esse ranking.
  • 6. 5º dia: defina seus objetivos financeiros

    6 /16(RomoloTavani/Thinkstock)

    Crie uma lista de sonhos e objetivos pessoais que você pretende alcançar nos próximos seis meses, em um ano e após cinco anos. Faça as contas de quanto precisará poupar para alcançá-los.
  • 7. 6º dia: faça uma lista de corte de gastos

    7 /16(Tramvaen/Thinkstock)

    Relacione todas as economias que você se propõe a fazer, com base na análise de seu orçamento, identificação do total de parcelas mensais de suas dívidas e o quanto gostaria de poupar. Trocar o carro atual ou até o próprio imóvel por outro mais em conta é uma estratégia eficaz. As metas devem ser relacionadas por escrito.
  • 8. 7º dia: se comprometa a aumentar sua renda

    8 /16(Tijana87/Thinkstock)

    Defina, por escrito, valores que você pretende levantar no curto prazo, seja vendendo bens que não usa e, se possível, realizando horas extras ou bicos. Defina um prazo para esse período, para que não se torne uma rotina. O ideal é executar esse objetivo durante três a quatro meses, no máximo.
  • 9. 8º dia: negocie dívidas

    9 /16(Thinkstock/Creatas Images)

    Com base no seu plano de corte de gastos e aumento de ganhos, calcule quanto poderá gerar nas próximas semanas ou meses e entre em contato com seus credores para quitar as dívidas com CET acima de 2% ao mês e/ou substituir as dívidas mais caras por outras de CET mais baixo, com o objetivo de reduzir seu gasto com juros. Assuma prestações que você consiga pagar com tranquilidade, para não correr o risco de cair em dívidas não planejadas ( veja 10 passos para negociar sua dívida com o banco ). Uma boa estratégia é vender bens de alto valor, como o carro.
  • 10. 9º dia: estude investimentos

    10 /16(ThinkStock/sjenner13)

    Analise investimentos oferecidos pelo banco no qual você tem conta e por outras instituições financeiras. Dedique uma ou duas horas para entender como funciona cada aplicação financeira ( veja 10 livros essenciais para quem quer começar a investir ). Preencha um questionário para identificar seu perfil de investidor.
  • 11. 10 º dia: defina metas de poupança

    11 /16(James Thew/Thinkstock)

    Faça planos de quanto começará a poupar por mês assim que liquidar suas dívidas, caso tenha débitos que não foram planejados. Passe a poupar somente quando suas dívidas se limitarem a financiamentos planejados, com prestações que caibam confortavelmente no orçamento.
  • 12. 11º dia: escolha uma aplicação para a aposentadoria

    12 /16(ChickiBam/Thinkstock)

    Marque uma reunião com um corretor de seguros para discutir o melhor plano de previdência para seu perfil ou busque uma aplicação financeira que seja mais adequada para objetivos de longo prazo ( veja 8 verdades que você deve encarar sobre a aposentadoria ). Comprometa-se a iniciar as contribuições somente depois de quitar suas dívidas.
  • 13. 12º dia: automatize seus investimentos

    13 /16(Anatoliy Babiy/Thinkstock)

    Ao iniciar aplicações e começar a guardar dinheiro, prefira que os depósitos mensais sejam feitos por débito automático. A ferramenta reforça a necessidade de ter disciplina, essencial para o sucesso de seu plano.
  • 14. 13º dia: organize documentos e senhas

    14 /16(gpointstudio/Thinkstock)

    Com o planejamento definido, tire um tempo para organizar documentos do banco e guardar senhas de cartões, por exemplo. Defina também uma data a cada seis meses para que você estude as aplicações que seu banco oferece e possa compará-las com as de outras instituições financeiras.
  • 15. 14º dia: planeje o orçamento futuro

    15 /16(Thinkstock)

    Para ter disciplina, você precisa saber o resultado de cada passo. Planilhas são recomendadas porque permitem projetar gastos futuros, incluindo consumo em datas festivas, para que você veja quanto dinheiro irá acumular e quando irá conseguir atingir seus objetivos financeiros. Tenha como hábito pensar no futuro e ajustar o orçamento atual quando ocorrer algum desequilíbrio.
  • 16. Agora veja 15 formas de controlar o seu orçamento

    16 /16(Raul Júnior/VOCÊ SA)

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