Cofrinho: o orçamento deve ser o mais simples possível para que você não o abandone (mtreasure/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2016 às 15h52.
Última atualização em 21 de outubro de 2016 às 14h54.
São Paulo – Fazer um orçamento pessoal, que detalhe todas suas receitas e despesas, é o primeiro passo para colocar as finanças nos trilhos.
Como dizia o físico irlandês William Thomson: “Aquilo que não se pode medir, não se pode melhorar”. Portanto, medir o tamanho dos erros e dos acertos nas suas contas é o ponto de partida para identificar como melhorar sua relação com o dinheiro e concretizar objetivos financeiros.
Veja a seguir seis dicas cruciais para elaborar um orçamento pela primeira vez e evitar o risco de abandoná-lo depois.
Observe os gastos que você teve no período dos últimos três meses para checar com precisão quais contas estão sempre ali e ter uma ideia de quanto você costuma gastar com despesas variáveis, como restaurantes, bares, viagens e roupas.
É importante levantar também os pequenos gastos, como o cafezinho pós-almoço, o pão de mel do lanche da tarde e a cervejinha do happy hour. “É comum que as pessoas esqueçam os gastos menores e depois não entendam por que as contas não fecham”, comenta o consultor financeiro André Massaro.
Ele acrescenta que uma boa dica para não deixar passar nenhum gasto pode ser usar apenas o cartão de débito para fazer pagamentos, já que nesse caso todos os gastos podem ser acompanhados pelo extrato bancário.
Checar as receitas pode parecer algo simples, afinal, basta anotar qual é o seu salário e observar se você recebe algum outro rendimento, como um aluguel ou pagamentos de trabalhos freelancers.
No entanto, algumas pessoas não sabem dizer exatamente qual é seu salário líquido, isto é, o dinheiro que pinga na conta descontados o Imposto de Renda, INSS, além de eventuais contribuições a fundos de pensão, cooperativas de crédito e mensalidade do plano de saúde. Saber seu salário exato, até os centavos, é essencial para manter as contas sob controle (veja os descontos que incidem sobre seu salário).
Outra dica que pode parecer óbvia, mais ainda é um erro bastante cometido, é considerar o limite do cheque especial e do cartão de crédito como uma extensão da renda. “Para muitas pessoas o cheque especial é como se fosse parte do patrimônio. É preciso ter em mente que ao cair no cheque especial você está usando dinheiro que não é seu e que tem juros altíssimos”, diz Massaro.
Confira quanto você paga em juros ao cair no cheque especial.
Se antes os orçamentos eram feitos basicamente em planilhas de Excel ou no papel, hoje é possível usar diferentes ferramentas para controlar os gastos.
Um dos exemplos é o aplicativo GuiaBolso, que permite ao usuário sincronizar os dados das suas contas bancárias e cartões para que os gastos sejam registrados automaticamente. Assim, o app apresenta um balanço do orçamento sem que o usuário precise se preocupar em imputar os dados um por um.
Conforme orienta André Massaro, o importante é que a ferramenta escolhida seja aquela que te dê menos trabalho. “O orçamento precisa ser o mais simples possível para que a pessoa não queira abandoná-lo depois de um mês”, diz.
Veja no final da matéria ou neste link 20 opções de planilhas, apps e sites de controle financeiro.
Alguns consultores sugerem dividir as despesas entre dois grupos, um para gastos fixos, como aluguel, contas de luz, telefone, condomínio, e outro para gastos variáveis, como despesas com idas a cinema, teatros, restaurantes e compras esporádicas.
Outros ainda sugerem que as despesas sejam divididas entre fixas, variáveis e que seja criada ainda uma terceira categoria, de despesas semifixas, na qual seriam incluídos os gastos que você não consegue zerar, mas que podem ser reduzidos, como uma conta de luz ou gastos com transporte.
André Massaro afirma que esses tipos de divisões podem ajudar, mas não são essenciais. "As divisões devem ser feitas apenas se simplificarem o planejamento. Se o objetivo for fazer algo mais analítico, é possível separar as despesas em grupos, como transporte, alimentação e vestuário, mas eu não recomendo que sejam criados mais de seis ou sete grupos”, diz.
A parte mais difícil de qualquer orçamento é não esquecê-lo depois de algum tempo. Por isso, se você realmente quiser buscar uma relação mais saudável com suas finanças não apenas por um mês, mas de forma definitiva, é importante levar a sério o controle financeiro.
Para isso, consultores financeiros orientam que a elaboração do orçamento seja aliada à definição de metas, como comprar uma casa, sair da casa dos pais, fazer uma viagem ou um curso. Se o orçamento for feito apenas por fazer, sem uma motivação, a tendência é que ele se torne mais uma obrigação sem sentido.
Massaro também sugere que a ideia de iniciar um orçamento para alcançar metas seja compartilhada com uma pessoa próxima, que possa sempre te incentivar ou te cobrar se eventualmente você se sentir tentado a desistir do planejamento.
Se você ainda tem dívidas para resolver, economizar 10%, 20% ou 30% do seu orçamento pode parecer algo insano. Por isso, se sua situação financeira não é exemplar, vá com calma e não se cobre tanto.
Em primeiro lugar, seu objetivo deve ser eliminar dívidas, já que os juros que você paga em empréstimos, via de regra, são maiores do que os juros que você pode obter investindo seu dinheiro. Em outras palavras, não adianta manter seu dinheiro investido na poupança obtendo retornos de menos de 1% ao mês, se você tem uma dívida no cheque especial e está pagando juros de 12% ao mês.
Veja nove passos simples para dizer adeus às dívidas.
Resolvidas as dívidas, se não for possível destinar 10% da sua renda aos investimentos, que é um percentual comumente recomendado por especialistas, comece aos poucos. Comprometa-se a investir inicialmente 1% da sua renda que seja, e depois vá aumentando esse percentual para 2%, 3%, 4% até que o valor investido seja compatível com seus objetivos financeiros (confira 5 investimentos fáceis e seguros que rendem mais que a poupança).