Volatilidade do coronavírus ainda não atinge mercado de câmbio
Indicador global da volatilidade das taxas de câmbio fica a alguns pontos-base da mínima histórica e bem abaixo da média de 252 sessões
Guilherme Guilherme
Publicado em 5 de fevereiro de 2020 às 16h50.
Última atualização em 5 de fevereiro de 2020 às 16h51.
O coronavírus oferece a operadores e investidores uma lição de como a baixa volatilidade se entrincheirou no mercado de câmbio .
A rápidapropagaçãoda doença e o número crescente de mortes abalaram outros segmentos do mundo financeiro nos últimos dias, causando oscilações de preços esperadas em ações e títulos para os níveis mais altos em meses e também com forte impacto nas matérias-primas.
No entanto, um indicador global da volatilidade implícita das taxas de câmbio mostra alta moderada. Permanece a alguns pontos-base da mínima histórica em janeiro e bem abaixo da média de 252 sessões.
“A desconexão entre os mercados globais e o preço da volatilidade do câmbio continua, com o último demonstrando pouca reação ao risco de o coronavírus se transformar em uma epidemia mundial”, escreveram estrategistas do JPMorgan Chase, como Lorenzo Ravagli, na sexta-feira.
Esses fatores destacam as mudanças estruturais que impulsionaram uma tendência de vários anos para a tranquilidade do mercado de câmbio. As políticas monetárias globais, sem dúvida um dos principais fatores que determinam a taxa câmbio, têm sido relativamente coordenadas, pois os bancos centrais procuram evitar uma desaceleração global. Enquanto isso, os EUAintensificarammedidas contra países que, segundo o governo norte-americano, manipulam as taxas de câmbio.
Ainda assim, a calma pode ser interrompida por eventos de risco esta semana, do resultado das primárias de Iowa que indicam os líderes do Partido Democrata na corrida presidencial de 2020 à divulgação de dados de emprego nos EUA na sexta-feira, sem mencionar o número de mortes causadas pelo coronavírus.
“A volatilidade ultrabaixa aumentou um pouco no primeiro mês do ano graças ao coronavírus“, escreveu na terça-feira Steve Barrow, chefe de estratégia do G-10 no Standard Bank.
O impacto total do vírus no mercado de câmbio não ficará claro até o pico da doença, disse, após o qual poderá haver uma recuperação das moedas ligadas a commodities.