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Via Varejo: queda nas ações não reflete a operação da companhia, diz analista

Analista da EXAME Invest Pro Luis Mollo afirma que o resultado do quarto trimestre foi robusto e comenta a possibilidade de recomendação do ativo

Casas Bahia: Fachada de loja que pertence ao grupo Via Varejo (Divulgação/Divulgação)

Casas Bahia: Fachada de loja que pertence ao grupo Via Varejo (Divulgação/Divulgação)

A Via Varejo (VVAR3) reportou seus resultados referentes ao quarto trimestre na última terça-feira, 2. Apesar de ter apresentado um resultado classificado como "robusto" pelo analista da EXAME Invest Pro Luis Mollo, a companhia ainda sofre com a queda de suas ações na bolsa de valores de São Paulo, B3.

Desde o fim de outubro, a desvalorização supera os 40%. Mas essa queda, segundo o especialista, não está muito relacionada ao resultado operacional da empresa, e, sim, ao cenário atual do país.

"As ações atualmente são impactadas principalmente pelo cenário interno: a vacina ainda devagar e a extensão do auxílio emergencial, que não tem nada ainda muito concreto. Além disso, João Doria, aqui em São Paulo, colocou o estado em fase vermelha a partir deste sábado. Tudo isso impacta o movimento de curto prazo", afirma Mollo.

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O especialista salientou que o lucro do quarto trimestre de 2020 da Via Varejo foi bem melhor do que o do mesmo período do ano anterior. "Em 2019 houve alguns ajustes contábeis. Ajustando esses números, não foi um prejuízo no quarto trimestre de 2019, teve um lucro pequeno ali. Mas o lucro de 2020, de fato, foi bem melhor", pontua.

Em 2019, a Via Varejo estava passando por um processo de mudança interna, já que a companhia havia anunciado, em junho daquele ano, que Michael Klein voltava à linha de frente da empresa depois de dez anos. Até a chegada da família Klein novamente ao comando da Via Varejo, a empresa enfrentava dificuldades sob a gerência do grupo francês Casino, com resultados negativos e performances muito abaixo de suas concorrentes no e-commerce.

"Agora, a gente enxerga que esse processo de turnaround já passou. Houve uma troca de controle ali na metade de 2019. A empresa tinha muita coisa para arrumar dentro de casa e hoje ela já tem isso controlado", afirma Mollo.

Desde a volta da família Klein, a Via Varejo tem focado mais nas áreas que são fortes pontos de atuação de suas concorrentes, como o setor digital, o de logística e também o de marketing.

Com a recente queda nos papéis, a Via Varejo se torna um ativo interessante?

Muitos investidores têm ficado em dúvida sobre o investimento nas ações da Via Varejo. O ativo, que ano passado chamou a atenção pela forte valorização, tem oscilado bastante e variado negativamente com certa constância no mercado.

Mesmo assim, segundo Mollo, a empresa pode ser uma opção interessante para o investidor caso venha a cair ainda mais. "Não temos um preço-alvo aqui porque não cobrimos diretamente Via Varejo, mas é sim uma empresa interessante, que tem aí uma evolução a ser posta na mesa", diz o analista da EXAME Invest Pro.

"A Via Varejo está tentando introduzir o operacional dela mais em produtos de alta frequência (de compra), que são produtos do dia-a-dia: papel higiênico, pasta de dente, parte alimentícia, esse tipo de produto que se compra em grande quantidade", diz Mollo.

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O plano da varejista é realizar campanhas para facilitar a entrada de novos sellers no segmento 3P dela, que funciona como uma vitrine para lojistas. Em suma, o segmento 3P diz respeito à venda de produtos por terceiros na plataforma (marketplace) da empresa.

O analista da EXAME Invest Pro destacou também que, para as ações começarem a subir de acordo com o desempenho operacional da empresa, o cenário interno deve ser deixado de lado.

"A gente precisa deixar esse cenário Brasil para trás, precisam passar as reformas, a vacina, começar a encaminhar tudo isso, para realmente o mercado virar para o operacional de cada empresa e falar 'aquela empresa ali está rodando, vamos comprá-la'", diz Mollo.

A Via Varejo possui grandes concorrentes no mercado. Entre elas estão: a B2W (BTOW3), a Lojas Americanas (LAME4) e o Magazine Luiza (MGLU3). O analista da EXAME explica que essas três empresas possuem algumas disparidades em relação à dona da Casas Bahia e do Ponto Frio.

"O e-commerce dela (Via Varejo) é diferente de B2W e Lojas Americanas. Provavelmente, vamos ver evoluções diferentes nos resultados de B2W e Americanas. O core business dessas duas é mais ligado à alta frequência, área em que a Via Varejo pretende entrar e em que o Magazine Luiza, colocando nesse contexto, também está entrando", pontua Mollo.

Vale destacar que o Magazine Luiza concluiu, nesta quarta-feira, 3, a aquisição de um marketplace de supermercados chamado VipCommerce, para entrar no segmento de alta frequência. O valor do negócio não foi divulgado.

"A Via Varejo também está buscando adentrar mais nesse mercado. Ela quer oferecer linhas de crédito para o 3P dela com marketplace e com o aplicativo dela de serviços financeiros chamado banQi. E também pretende usufruir do serviço da logística dela, passando a realizar entregas para o marketplace", afirma.

Segundo Mollo, dessa forma a empresa conseguiria reduzir custos, pois sua logística é eficiente e isso poderia trazer melhorias ao desempenho operacional.

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