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Venda de dólar pelo BC pode durar o tempo que for necessário, diz diretor

Mensagem vem num dia de forte volatilidade nos mercados por conta da queda acentuada nos preços do petróleo

Banco Central: instituição fará leilão e US$ 3 bilhões nesta segunda (Ueslei Marcelino/Reuters)

Banco Central: instituição fará leilão e US$ 3 bilhões nesta segunda (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Reuters

Publicado em 9 de março de 2020 às 09h53.

Última atualização em 9 de março de 2020 às 10h07.

São Paulo — As intervenções cambiais do Banco Central podem durar o tempo que for necessário, indicou o diretor de política monetária da autarquia, Bruno Serra, complementando que a conjuntura permite que o BC lance mão de todos os seus instrumentos, no volume que considerar adequado, para promover o regular funcionamento do mercado de câmbio.

Serra está na manhã desta segunda em evento da Bloomberg, em São Paulo, mas seus apontamentos foram publicados antes pela assessoria de imprensa.

A mensagem vem num dia de forte volatilidade nos mercados globais por conta da queda acentuada nos preços do petróleo após a Arábia Saudita ter lançado uma guerra de preços com a Rússia. Ainda nesta manhã, o BC aumentou a oferta de dólares à vista em leilão que realizará nesta manhã a até 3 bilhões de dólares, cancelando o anúncio de venda de até 1 bilhão feito na sexta-feira.

"As intervenções têm sido pontuais, respondendo a eventos e disfuncionalidades específicas, mas podem durar o tempo que for necessário para o retorno do regular funcionamento do mercado de câmbio", trouxe o documento de Serra.

O diretor reconheceu que, desde o início das preocupações com a propagação do coronavírus, o real mostrou tendência de depreciação acelerada, semelhante a períodos de crise aguda. Esse movimento desde o começo deste ano "não é explicado nem pela redução no diferencial de juros nem pelo risco país", afirmou ele.

Serra também avaliou que a posição cambial do BC, de 330 bilhões de dólares, está em seu maior nível histórico em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), de cerca de 20%, e que constitui um "seguro robusto" contra choques externos.

O diretor fez algumas considerações sobre o atual cenário brasileiro, ao destacar que as transações correntes seguem financiadas pelo fluxo de investimento direto em participação no capital, frisando também que o passivo externo líquido é predominantemente em moeda local.

Em outra frente, ressaltou que as empresas não financeiras têm reduzido passivo externo e sua exposição cambial e que os investidores estrangeiros vêm diminuindo suas posições em dívida local.

"Esta é uma conjuntura que permite ao BCB dispor de todos os seus instrumentos, no volume que entender apropriado, para promover o regular funcionamento do mercado de câmbio", disse.

Serra pontuou ainda que o BC não tem preconceito ou preferência por uso de nenhum dos instrumentos à sua disposição. Ele lembrou que, no ano passado, divulgou as motivações que o levaram a trocar a oferta de swaps cambiais por dólar à vista, oferecendo a liquidez demandada pelo mercado, mas sem alterar a posição cambial líquida.

"A redução do nível e da volatilidade do cupom cambial no período recente, especialmente para os vértices entre um e dois anos, aponta para o sucesso da atuação do BCB", acrescentou.

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