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'Vamos poder multiplicar de tamanho', diz CEO da Necton sobre venda ao BTG

Marcos Maluf diz que corretora terá operação independente do banco e manterá estratégia com foco em experiência do cliente

Marcos Maluf, presidente, e Rafael Giovani, diretor comercial da Necton: venda para o BTG para impulsionar o crescimento (Germano Lüders/Exame)

Marcos Maluf, presidente, e Rafael Giovani, diretor comercial da Necton: venda para o BTG para impulsionar o crescimento (Germano Lüders/Exame)

MS

Marcelo Sakate

Publicado em 31 de outubro de 2020 às 07h00.

A venda da Necton Investimentos para o BTG Pactual, anunciada na última segunda-feira, 26, dará condições à corretora de acelerar o crescimento nos próximos anos. É o que afirma o presidente da Necton, Marcos Maluf. "Vimos a oportunidade de ter um parceiro com a experiência e a solidez que o BTG tem e que entendeu e enxergou o valor do nosso modelo de negócios", afirma o executivo.

Segundo Maluf, a gestão da corretora continuará independente do banco de investimentos mesmo depois que o negócio, que foi antecipado pela EXAME no domingo à noite, receber a aprovação pelo Banco Central. O valor da operação foi de 348 milhões de reais.

Atualmente com mais de 50 mil clientes e cerca de 16 bilhões de reais em ativos sob custódia, a Necton terá condições de multiplicar esses números em "quatro, cinco vezes" nos próximos anos, disse Maluf. É uma expansão prevista à base de crescimento orgânico mas que não descarta a incorporação de novas carteiras de outras corretoras, a exemplo do que foi feito com a Coinvalores e a Lerosa nos últimos meses.

"A tendência do financial deepening -- expressão utilizada para representar a migração do investidor da renda fixa para produtos mais sofisticados -- mal começou no país e será algo de longo prazo", afirmou Maluf à EXAME (da mesma holding que controla o BTG Pactual).

É um fenômeno que acontece no ambiente de forte redução das taxas de juros, que tiram a atratividade de ativos de renda fixa, além do aumento do acesso a informações e a plataformas digitais abertas de investimento.

Ao se referir ao modelo de negócios, o presidente da Necton explica que há três pilares como base: o atendimento, o conteúdo e a curadoria de informações e produtos oferecidos, com o cliente no centro das decisões. Tal estratégia se reflete, segundo ele, em uma avaliação positiva dos clientes, com NPS (Net Promoter Score, um indicador de avaliação do consumidor) acima dos 70 pontos, um nível elevado para o setor financeiro.

O executivo também destacou a diversidade como outro fator-chave na cultura da Necton que foi reconhecida pelo BTG, destacando que mulheres representam quase a metade do quadro de cerca de 300 funcionários.

Para o tradicional banco de investimentos, por sua vez, o negócio vai representar um importante ganho de escala em um negócio que exige elevados investimentos em tecnologia e marketing, segundo afirmou o head do BTG Digital, Marcelo Flora, à EXAME.

O BTG Pactual, que superou recentemente a marca de 500 bilhões de reais em ativos sob gestão, tem reforçado nos últimos anos a aposta no BTG Digital, o seu braço voltado para o investidor de varejo por meio de plataforma digital.

A compra da Necton pelo BTG não foi exceção. Em um mercado cada vez mais disputado, o Nubank acertou a compra da Easynvest, então a maior corretora independente do país, em setembro; pouco depois, o Santander adquiriu a Toro Investimentos. Em junho, a modalmais havia acertado com o banco Credit Suisse para venda de até 35% do seu capital; no mês seguinte, foi a vez de a fintech Neon Pagamentos adquirir a corretora Magliano Invest. Em comum, o objetivo de ampliar a oferta integrada de serviços para fisgar o investidor.

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