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Vale vai separar metais básicos, vender fatia até meados de 2023

Mineradora vai separar os ativos de metais básicos de suas operações de minério de ferro e revelar um parceiro estratégico no primeiro semestre do próximo ano

Vale: companhia é negociada a 6,5 vezes o lucro estimado, cerca de metade da média dos grandes pares de metais básicos (Germano Lüders/Exame)
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Bloomberg

Publicado em 7 de dezembro de 2022 às 11h43.

Após vários anos de deliberações, a Vale finalmente traça um caminho para liberar valor de seus negócios de níquel e cobre, com o aumento da demanda pelos metais para baterias.

A mineradora vai separar os ativos de metais básicos de suas operações de minério de ferro e revelar um parceiro estratégico no primeiro semestre do próximo ano, disseram em entrevista o presidente da empresa, Eduardo Bartolomeo, e o diretor financeiro, Gustavo Pimenta.

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As minas de cobre e níquel serão colocadas em uma nova estrutura jurídica, com governança independente e um conselho que incluirá especialistas em mineração subterrânea profunda e veículos elétricos. Uma oferta pública inicial está fora de questão por enquanto.

Separar os dois lados do negócio é fundamental para acessar o capital “competitivo” necessário para cerca de US$ 20 bilhões em investimentos em metais básicos, disse Bartolomeo na entrevista em Nova York. Isso, mais a venda de até 10% da nova entidade para um parceiro, vai liberar valor de um negócio que a Vale estima em até US$ 40 bilhões.

“Por que um parceiro? Porque o parceiro torna o ‘ring-fencing’ real. Ele ancora. Isso nos permite trazer pessoas de alto nível para a mesa”, disse Bartolomeo.

A Vale é negociada a 6,5 vezes o lucro estimado, cerca de metade da média dos grandes pares de metais básicos, mostram dados compilados pela Bloomberg. A diferença de múltiplo é parcialmente explicada pelo fato de que a Vale ainda obtém a maior parte de sua receita de minas de minério de ferro no Brasil, que foram atingidas por dois desastres de barragens de rejeitos nos últimos anos.

Um potencial IPO é algo a ser ponderado no futuro, dependendo das condições do mercado e de quão bem a Vale execute os planos atuais, disse Bartolomeo.

Durante anos, a Vale cogitou separar seus negócios de minério de ferro brasileiro dos ativos de níquel e cobre, muitos dos quais foram adquiridos por meio da compra de US$ 17 bilhões da canadense Inco em 2006. Essas deliberações ganharam força à medida que a demanda por metais usados na fiação e baterias de veículos elétricos acelerou.

“Não há negócios nesta escala combinando cobre e níquel no mundo hoje”, disse Pimenta.

Os ativos de níquel e cobre no Canadá, Brasil e Indonésia responderam por quase 15% da receita da Vale no ano passado. Depois de passar por uma série de contratempos operacionais nos últimos anos que levaram a cortes na estimativa, a Vale vem trabalhando para estabilizar sua produção de metais básicos.

A gigante da mineração brasileira pretende ser uma importante fornecedora para o mercado de veículos elétricos. Ela assinou um contrato de níquel para baterias da Tesla, e tem a Ford como parceira no desenvolvimento de níquel na Indonésia.

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