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Títulos da Petrobras parecem caros com queda de prêmio de risco

Alguns dos títulos denominados em dólar da petrolífera estatal brasileira estão sendo negociados com um yield menor do que títulos soberanos com vencimento similar

Petrobras: assim como outras empresas quase soberanas, geralmente pagam um prêmio sobre as taxas de títulos do governo para compensar os investidores pelos riscos relacionados à empresa (Sergio Moraes/Reuters)

Petrobras: assim como outras empresas quase soberanas, geralmente pagam um prêmio sobre as taxas de títulos do governo para compensar os investidores pelos riscos relacionados à empresa (Sergio Moraes/Reuters)

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Bloomberg

Publicado em 13 de julho de 2022 às 16h59.

Os títulos de dívida externa da Petrobras estão parecendo caros para alguns investidores, após operações de recompra e a ausência de novas ofertas comprimir os prêmios de risco oferecidos pelas notas.

Alguns dos títulos denominados em dólar da petrolífera estatal brasileira estão sendo negociados com um yield menor do que títulos soberanos com vencimento similar. O spread entre os yields dos bonds da empresa que vencem em 2051 e os soberanos com vencimento em 2050 caiu de mais de 0,8 ponto percentual em março para -0,18 nesta semana. A diferença nos títulos de 2041 é ainda maior, em -0,5 ponto percentual.

A Petrobras, assim como outras empresas quase soberanas, geralmente pagam um prêmio sobre as taxas de títulos do governo para compensar os investidores pelos riscos relacionados à empresa. Contudo, esse prêmio secou nos últimos meses, pois as operações de recompra feitas pela petrolífera e a ausência de novas emissões contribuiram para que os preços dos seus títulos não caíssem tanto em meio ao selloff no mercado de crédito de países emergentes. A Petrobras não emite novos títulos de dívida externa há mais de um ano, o maior hiato desde 2015.

“Petrobras acho que está caro porque a empresa está cheia de caixa e recomprando papéis, que para o risco de crédito é otimo”, disse Eduardo Alhadeff, sócio e CIO da área de crédito da Ibiuna Investimentos. “Isso acaba distorcendo os preços.”

Alhadeff disse que “estar vendido em Petrobras e comprado em Brasil é um seguro barato, pensando nas incertezas politicas advindas da eleição”.

É uma situação bem diferente do que ocorre no México, onde o spread dos títulos da Pemex sobre a dívida soberana do país aumentou para um nível recorde com as dificuldades da empresa em levantar mais capital.

Na quarta-feira, a Petrobras anunciou o resultado de uma oferta pública de recompra de US$ 1,5 bilhão que havia aberto há uma semana. É a segunda vez neste ano que a empresa recompra títulos em dólar sem emitir mais dívida - em abril, ofereceu recomprar cerca de US$ 2 bilhões em títulos com pagamento em dinheiro.

Enquanto isso, a gigante do petróleo fechou uma linha de crédito vinculada à sustentabilidade de US$ 1,25 bilhão com o Bank of China, MUFG e Bank of Nova Scotia, sua primeira experiência com financiamento verde.

O CFO da Petrobras, Rodrigo Araujo, disse que a empresa não tem planos de emitir títulos em dólar no curto prazo, porque os mercados de capitais estão muito voláteis. As emissões globais de títulos corporativos caiu mais de 31% este ano em meio a oscilações bruscas no mercado de títulos do Tesouro americano, enquanto o volume de vendas de dívida corporativa de alto risco está ainda mais fraco, com queda de 70% em relação ao mesmo período do ano passado.

“A gente chegou a se organizar pra ir a mercado no fim do ano passado, mas estourou a Omicron”, disse Araujo em entrevista. “O momento pra emissão está bastante volátil. O mercado não está bom e ninguém tem feito grandes emissões. A recompra por outro lado está bastante atrativa.”

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