O secretário do Tesouro, Arno Augustin: ele disse que a tendência é de que os repasses que pesaram nas contas de setembro diminuam nos próximos meses (Wilson Dias/ABr)
Da Redação
Publicado em 31 de outubro de 2013 às 10h49.
Brasília - O mercado financeiro foi surpreendido pelo tamanho do déficit primário das contas do governo central em setembro. Já se esperava um resultado ruim, mas o déficit ficou além do estimado. Muitos analistas estão neste momento investigando mais detalhadamente as razões do resultado.
"O resultado foi desastroso, ficamos surpresos. Ainda estamos investigando as causas", disse Felipe Salto, da Consultoria Tendências.
O economista-chefe da corretora Tullett Prebon, Fernando Montero, também avaliou como muito ruim o resultado, mostrando a deterioração das contas públicas.
Para ele, o governo resolveu divulgar os dados fiscais ruins do Tesouro e Banco Central no mesmo dia para reduzir o impacto negativo na imprensa. Ele destaca que a meta quadrimestral (até agosto) ficou descumprida.
O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse que o déficit de R$ 10,473 bilhões pode ser explicado por "algumas especificidades". Ele informou que, no mês passado, foi repassado R$ 1,5 bilhão para os municípios, movimento que não ocorrerá nos próximos meses.
Citou também as transferências de R$ 2,050 bilhões para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Augustin disse que a tendência é de que estes repasses diminuam nos próximos meses.
O secretário ainda falou que contribuiu para o resultado negativo de setembro a concentração do pagamento de abonos salariais este ano em um número menor de meses que no ano passado.
"De janeiro a setembro foram pagos R$ 11,258 bilhões, R$ 2,272 bilhões a mais que em 2012, quando foram pagos R$ 8,985 bilhões", justificou. Segundo ele, o pagamento do abono ocorreu em cinco meses no ano passado e foi reduzido para quatro meses este ano.
Augustin lembrou ainda que existe um fenômeno recorrente para meses de setembro, que é o pagamento pela Previdência de parte do 13º salário, elevando o déficit na Previdência neste mês. "Em dezembro terá um movimento contrário", destacou. Augustin lembrou que os meses de setembro são tradicionalmente ruins. "Tradicionalmente, além de não ser positivo, houve especificidades este ano", justificou.