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Por que o Santander é o "patinho feio" dos bancos na bolsa

As ações da unidade espanhola no Brasil operam com desconto na bolsa, e ninguém acha errado


	Desempenho dos papéis na bolsa está muito abaixo do Itaú, Bradesco e Banco do Brasil
 (Gustavo Kahil/EXAME.com)

Desempenho dos papéis na bolsa está muito abaixo do Itaú, Bradesco e Banco do Brasil (Gustavo Kahil/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2013 às 18h49.

São Paulo – Para quem não opera vendido, que aposta na queda em bolsa, existe sempre a expectativa que uma ação em baixa está na pior mude de direção. Esse é o sentimento de quem possui os papéis do Santander (SANB11) na carteira. O banco tem sido o “patinho feio” entre as maiores instituições financeiras listadas na bolsa.

Em 12 meses, as units da unidade brasileira do maior banco europeu têm queda de 2,3%, enquanto o Itaú Unibanco (ITUB4) sobe 17,8%, Banco do Brasil (BBAS3) ganha 21% e o Bradesco (BBDC4) lidera com valorização de 23%. O último revés veio na quinta-feira após a apresentação do resultado do primeiro trimestre de 2013, que veio abaixo do esperado.

Considerando o múltiplo do preço sobre o lucro esperado (pelo Bank of America) para 2013, o Santander negocia com um desconto de 12% sobre o Bradesco e o Itaú. A diferença é vista como “apropriada”, apontam os analistas do banco americano em um relatório.

 

“A mudança de mix, assim como nos demais bancos, segue pressionando as margens do Santander, ainda que em níveis mais brandos, mas contrariando as expectativas por uma maior resiliência. O banco segue com uma rentabilidade bastante aquém dos seus pares, e sendo pressionado pela trajetória ascendente no nível de inadimplência em ambos os prazos, na contramão do setor”, avalia Ricardo Correa, analista da Ativa Corretora.

Resultados

O lucro líquido caiu 29,6% no primeiro trimestre de 2013 na comparação com o mesmo período de 2012. O Santander teve um baixo crescimento do crédito (6% na passagem anual, para 211,7 milhões de reais) que, aliado com a redução nos spreads, resultou em um menor lucro com a intermediação financeira – que é a principal atividade de uma instituição financeira.

O Bradesco, que publicou o balanço na segunda-feira, mostrou um crescimento da carteira de crédito quase duas vezes maior que o do concorrente (11,6%, para 391,682 bilhões de reais). Mesmo assim, o Santander espera a retomada do crescimento das operações de crédito e manteve o guidance de crescimento de 15% este ano.


Além disso, enquanto a inadimplência de empréstimos vencidos há mais de 90 dias no Bradesco caiu de 4,1% para 4%, no Santander ela aumentou de 4,8% para 5,8%. 

“A alta neste segmento específico traz mais incertezas sobre a qualidade da carteira de crédito de pequenas e médias empresas, pois foi a principal aposta do banco em 2012 e até o terceiro trimestre, estava se mostrando acertada. Em 2013, o banco voltou a investir no segmento de pessoa física com a criação da Conta Combinada e do Santander Select”, aponta Nataniel Cezimbra, analista do BB Investimentos.

Mas nem tudo são flores murchas no balanço, os números da GetNet foram bem recebidos pelo mercado e o crescimento das despesas parece controlado.

Ponto de virada

Para os analistas Jorg Friedemann, Marcus Fadul e Jose Barria, do Bank of America Merrill Lynch, o resultado indica que o ponto de virada para o Santander ainda não está próximo e os indicadores só devem começar a aparecer a partir do segundo semestre. Ainda assim, o mercado parece ter dado um voto de confiança para o banco sob a nova gestão.

Na quarta-feira, o Santander anunciou a renúncia do espanhol Marcial Portela da presidência do banco. O Santander nomeou, como o novo executivo-chefe do banco no Brasil, Jesús Zabalza, que ocupava o cargo de diretor-geral da divisão do grupo para a América. O executivo desempenhou cargos executivos em diferentes entidades bancárias espanholas (BBV, Argentaria, La Caixa) e, desde 2002, está na função que ocupava antes de ser nomeado presidente.

Apesar da alta rotatividade no posto de CEO do banco ser visto como um ponto negativo, antes de Portela, Fabio Barbosa também ficou apenas três anos no comando do banco, a mudança pode indicar um novo rumo.

“Pode ser um novo começo para o Santander”, ressalta o Bank of America Merrill Lynch. Por enquanto, os analistas ainda não recomendam a compra das ações do banco espanhol. Veja abaixo um levantamento realizado pela equipe de EXAME.com.

Analista Recomendação Preço-Alvo
Ágora Manter R$ 18
Planner Manutenção R$ 18,50
BES Neutral R$ 16
BTG Pactual Neutral R$ 15
BofA Merrill Lynch Underperform R$ 15,50
Citi Neutro R$ 14
Deutsche Bank Hold US$ 9 (ADR)
GBM Underperform R$ 16,3
J.Safra Underperform R$ 16,15
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