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S&P rebaixa ratings da Petrobras e da Eletrobras

Agência rebaixou o rating corporativo em escala global da Petrobras para BBB-, de BBB, em linha com a redução da nota soberana do Brasil


	Linhas de transmissão de energia da Eletrobras:  agência de classificação de risco também cortou o rating corporativo em moeda estrangeira da Eletrobras para BBB-, de BBB
 (Adriano Machado/Bloomberg)

Linhas de transmissão de energia da Eletrobras:  agência de classificação de risco também cortou o rating corporativo em moeda estrangeira da Eletrobras para BBB-, de BBB (Adriano Machado/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 24 de março de 2014 às 23h36.

Brasília - Duas das maiores empresas brasileiras, as estatais Petrobras Eletrobras, começaram a semana de forma dramática. Na esteira do rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência Standard & Poor's (S&P), as duas companhias tiveram suas avaliações de crédito reduzidas a BBB-, a menor nota possível dentre o grupo de empresas consideradas como "grau de investimento".

O selo de "grau de investimento" garante à empresas e países acesso a dinheiro de grandes investidores institucionais do exterior, como fundos de pensão e fundos soberanos. Caso Petrobras e Eletrobras sejam novamente rebaixadas, os gestores desses fundos estarão proibidos, por estatuto, de aplicar seu dinheiro nas companhias.

O rebaixamento da Petrobras ocorre em um momento em que a empresa está no olho do furacão político, depois que a presidente Dilma Rousseff enviou nota ao 'Estado', na semana passada, afirmando ter autorizado a compra da refinaria de Pasadena (EUA), em 2006, a partir de um documento "falho", que "omitiu" cláusulas contratuais importantes.

O documento fora produzido pelo então diretor da área internacional da estatal, Nestor Cerveró, e chancelado pelo diretor de refinaria, Paulo Roberto da Costa. No dia seguinte à publicação da reportagem, a Polícia Federal (PF) prendeu Costa, no âmbito da Operação Lava-Jato. Cerveró foi demitido da estatal no fim da semana passada. Dilma presidiu o conselho de administração da Petrobras enquanto era ministra-chefe da Casa Civil de Lula, entre 2005 e 2010.

Além disso, a estatal de petróleo e gás vem sofrendo um lento processo de desgaste econômico e financeiro, iniciado no fim de 2011. O consumo de combustíveis aumentou fortemente no País, ao mesmo tempo em que o governo manteve o preço da gasolina praticamente congelado, exigindo da Petrobras mais gastos com a importação de combustíveis, e reduzindo suas receitas.

Limites

A companhia também sofreu com uma inédita queda na produção em 2013, por conta da redução da produtividade de campos mais antigos, e por paradas técnicas em refinarias. A inflação pressionada praticamente impossibilita um novo reajuste da gasolina neste ano, o que suavizaria os problemas de caixa da empresa.A intervenção direta do governo também tem sido apontada pelo mercado como a principal razão de fracasso econômico da Eletrobras.

A empresa sofreu um baque imediatamente após a edição do pacote, em setembro de 2012, que resultou na redução da conta de luz. Dilma antecipou a renovação das concessões de geração e transmissão que venceriam entre 2015 e 2017, e o governo forçou a adesão da Eletrobras ao jogo, à revelia dos acionistas minoritários. A estatal viu seu valor de mercado cair drasticamente, e desde então tem reduzido seus investimentos, e "sobrevivido" às custas das indenizações pagas pelo governo.

A Eletrobras deseja vender as seis distribuidoras de energia que detêm, como antecipou o 'Estado' em fevereiro, como forma de fazer caixa.

Matéria atualizada às 23h34min, para adicionar mais informações.

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